4 - A canção da Flor Roxa

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O gigantesco castelo de Cronus era protegido por uma espessa muralha em círculo, onde sua frente era banhada por um rio, fundo, porém não extenso. E para o acesso adentro da muralha, era necessário o uso da ponte levadiça.

Voltando ao castelo, o rei foi instruído a comparecer no jardim, a mando da rainha, que o aguardava.

O jardim real era grande o bastante para se imaginar num bosque dentro da muralha. Com inúmeras plantas exóticas e um formato sutil de labirinto, era o lugar mais agradável para se estar fora do castelo.

Martir caminhava juntamente com um dos guardas pessoais, Garti. Este que era o mais importante entre os outros guardas, apesar de ser jovem demais para servir aos caprichos pessoais da família Cronus.

- Noemya está só? - perguntou franzido, enquanto andava.

- Agora a pouco ela conversava com a senhora Mavanel, a camponesa.

Aquelas palavras deixou o rei alvoroçado. Após os passos apressados, enfim ele vê à distância, as duas mulheres sorrindo.

Parou em um canto da parede de pedra, do enorme castelo, com a intenção de não ser visto.

- Senhor? - Garti ao seu lado sem entender a situação.

- Vou esperar a conversa terminar. - dizia inquieto enquanto olhava o guarda. - Não estou afim de iniciar uma possível amizade com os pais de Lyga.

- Isso terá que acontecer, mais cedo ou mais tarde. - Garti mantia um sorriso enquanto debochava gentilmente do rei. - Ela será sua nora para o resto da vida. Se hesitar, os pais dela irão até morar no castelo.

- Se depender de mim, isso nunca irá acontecer!

Ainda sorrindo, o jovem avista a humilde camponesa reverenciando a rainha e se distanciando.

- Senhor, a rainha está só agora.

Após uma espiada, Martir enfim caminha, agora sozinho ao encontro da esposa. Noemya Cronus, que usara sua coroa icônica acima de um penteado complexo, tateava o fino caule de uma flor roxa. Observava fascinada a beleza da flor.

- Aí estás tu, Deusa de Cronus! - exclamava com orgulho, aproximando de braços abertos.

- As criadas não me contaram sobre esta flor. - dizia enquanto era abraçada por trás pelo rei com a grossa roupagem que deixou o momento mais pesado e abafado. - Estou curiosa.

- Vi que estava conversando com a mãe de Lyga. - ignorando a fala dela.

No momento, o abraço foi desfeito. E a rainha se vira mantendo um sorriso agradável:

- A senhora Mavanel. É uma boa pessoa. - Noemya falava enquanto o rei admirava seu rosto. - Ela está realmente feliz com o casamento. Disse que está orgulhosa por nós apoiarmos o amor de Luke.

Ambos sorriram, de forma sínica. A verdade era que tanto o rei, quanto a rainha repudiam o amor dos dois. O filho primogênito conseguiu apenas uma benção simbólica para se casar, depois de tanto protesto e imploração.

- Mas me conte, como foi a visita ao vidente? - mantendo a voz suave e despreocupada.

- Ele disse o básico. - o coroado fica de lado, desta vez observando parte do jardim. - Literalmente prevendo o que acontecerá no casamento.

- Hum.

- Mas também disse coisas esquisitas. Como 'estamos a caminho no encontro dos deuses' e 'vejo fogo em seus olhos'.

- Isto é um tanto intrigante - a rainha se pos pensativa analisando as palavras.

- Sim... Mas depois ele mudou a expressão dizendo bobagens sobre a felicidade do Luke.

A Ordem de CronusWhere stories live. Discover now