Ramos suspirou.

— É besteira eu falar que ainda tinha esperanças de que ela viria? — não precisou citar nomes para que a mulher soubesse de quem falava. — Não por mim, mas talvez pelo clube.

A dançarina ajeitou a postura, percebendo que Sergio entraria em um assunto que ela não estava disposta a discutir.

— Acho que ela respeita os sentimentos o suficiente para não vir, não acho que teria algum benefício vocês se verem. Talvez só sofrimento.

Ele franziu o cenho, ponderando as palavras de Lara.

Mais de vinte dias desde que fora até Turim, e depois disso não tiveram mais notícias um do outro. Era torturante, para ambos.

Entretanto, Sergio não iria atrás de novo. Não mais.

— Eu sei que ela te conta as coisas, e me irrita profundamente saber que você me vê louco para saber dela, mas não fala nada. — bufou irritado.

A expressão no rosto da espanhola mudou imediatamente.

— Assim como eu não saio falando sobre você para ela. Vocês não estão juntos e eu não vou me meter nessa história. — deu de ombros. — Você está tudo menos concentrado, capi. — mudou de assunto para evitar discussões.

— E você acha que Isco está muito concentrado com você aqui? — o zagueiro arqueou as sobrancelhas.

A boca da dançarina secou.

— Sim, junto com a namorada dele que está grávida. — frisou.

Os dois se encararam em silêncio.

Estavam completamente ferrados.

A sensação de algo grandioso escapando por seus dedos era como uma tortura. Silenciosa. Dolorosa. Sufocante.

Aquele sentimento intenso e lindo que cresce e é arrancado bruscamente quando você menos espera.

Quando ele menos esperou.

Tão apaixonado pelo céu, que até em dias chuvosos conseguia enxergar o quão belo ele é.

E em uma tempestade tudo é levado.

Apesar de Sergio saber que, um salgueiro que se curva e aceita a tempestade frequentemente escapa melhor que o carvalho que resiste a ela.

Ele só precisava pensar em outra coisa que não fosse a mulher que estava quilômetros de distância, a mulher que ele queria ali.

Deus, como queria Arabella com ele.

Se sentia frustrado ao pensar que sim, poderiam estar juntos. A italiana poderia estar no refeitório conversando com os outros jogadores, com aquele sorriso e olhar que tiravam todo o ar dos pulmões de Sergio.

Poderia estar ali animando todos, como ela sempre fazia.

Arabella era o maior misto de estações com que Ramos já se deparou.

Ela, que gostava de observar as pessoas dessa forma, parecia não se encaixar em nenhuma. Era todas.

Inundou a vida dele com tantas cores quanto um jardim, extasiando-o de sentimentos que não sentia há tempos. A paixão intensa como um belo dia de Primavera.

Era seu lar como uma noite de inverno com filmes e chocolate quente, desfrutando da majestosa companhia de alguém que se ama.

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