Capítulo 4

Depuis le début
                                    

Eu comecei a chorar e coloquei minhas mãos sobre os meus ouvidos, porém não adiantava muita coisa. Mais vozes apareceram ao fundo e todos começaram a falar juntos. Aquilo estava me deixando louca.

Abri os meus olhos, levantei do chão e saí correndo. Passei pelo meio daquela procissão sem olhar para o lado ou para trás. Escutei alguns chamados atrás de mim, mas ignorei. Por que aquilo não podia acabar logo? Por que eu não conseguia acordar? Por que eu tinha que sonhar com esse tipo de coisa?

Passei tão rápido pela pequena brecha do portão que não vi que tinha um pedaço de ferro solto com a ponta afiada e enferrujada nele, o que me rendeu um corte no braço na altura do ombro. Ignorei o corte e continuei a correr pela rua onde ficava o cemitério. Eu não fazia a mínima ideia de onde eu estava, não era o mesmo cemitério em que enterramos a Madison. 

A rua era escura, a iluminação pública dali não era das melhores. Alguns postes, até, ou piscavam ou estavam apagados. O céu estava totalmente nublado, o que impedia que a luz da lua me ajudasse na minha missão de voltar para casa. Para completar, a noite estava fria e eu tinha saído de pijamas, então estava morrendo de frio. 

Minha visão estava embaçada pelas lágrimas, mas mesmo assim continuei correndo, qualquer lugar seria melhor do que aquele cemitério. Eu não fazia ideia do horário, será que estava perto de amanhecer? Sinceramente, não acho mais que eu esteja sonhando, mas sim delirando novamente. Céus, quando isso vai parar? Será que nunca serei normal?

Eu só parei de correr quando dei de cara no peito de alguém. A pessoa me segurou forte pelos braços para que eu não caísse no chão.

– Ei, você está bem? – perguntou o garoto.

Eu não conseguia enxergar o rosto dele com clareza por conta das lágrimas e dos meus olhos irritados por conta do ar seco. Passei minhas duas mãos nos meus olhos como forma de tentar melhorar a minha visão e só aí eu consegui olhar para ele direito. Ele era mais alto do que eu, tinha os cabelos loiros totalmente despenteados e um sorriso bobo no rosto. 

– Responda, está tudo bem? – ele me perguntou de novo e eu fiz sinal negativo com a cabeça.

– Eu estou perdida, eu não sei que lugar é esse. Eu quero ir para minha casa.

Não sabia nem porque eu estava falando com ele, mas eu estava com muito medo para ficar sozinha.

– Me diga qual o nome da sua rua que eu te acompanho até lá. 

Eu talvez estivesse fazendo errado, dando informações de onde ficava a minha casa e principalmente andando com alguém desconhecido no meio da madrugada, porém, naquele momento, ele era a minha única esperança de chegar logo em casa. Além disso, tendo em vista os últimos acontecimentos, eu não queria ficar sozinha. 

Passei a ele o meu endereço e ele assentiu como se soubesse onde era. 

– É para o outro lado. – disse ele enquanto apontava para o caminho que estava atrás de mim.

Nós tivemos que voltar pela mesma rua que eu havia passado antes. Quando fomos chegando próximo ao cemitério, eu agarrei em seu braço e fechei os olhos com força. 

Escutei-o rir baixo e dizer. – Pode abrir, já passamos do cemitério. 

– Obrigada. – falei e soltei seu braço. 

O resto do caminho foi em silêncio. Ele não tinha sorrido mais nenhuma vez, pelo contrário, estava pensativo e sério. 

– É aqui! – afirmei parando em frente a minha casa. – Muito obrigada, de verdade. Essa cidade é pequena, e eu nunca te vi aqui. Você se mudou há pouco tempo? 

O que eu estava fazendo? Puxando assunto com um garoto que eu não conheço, no meio da rua, ainda de madrugada. Antes que eu pudesse repensar mais sobre minhas atitudes perigosas, uma forma humanoide negra virou a esquina. Elas me assustavam muito, sempre eram mau sinal. Eu queria correr para dentro de casa e puxá-lo junto comigo, mas ele não se moveu.

– Xiu, não faz nada, fecha os olhos e conta até dez apenas em pensamento. – ele disse para mim ainda sem se mover. Prontamente, fiz o que ele pediu, até porque eu não queria mesmo ver aquela coisa passar. 

Contei até dez em pensamento até que ouvi a voz do garoto novamente. – Tudo bem, pode abrir os olhos.

Abri os meus olhos e o encarei confusa.

– Como voc... – ele me interrompeu antes mesmo que eu terminasse a frase.

– Margot, eles só queriam sua ajuda, é sua missão ajudá-los. Eu estou aqui para te ajudar e te proteger. – ele falava baixo e calmo.

Ele era um deles, era só mais um. Mais uma vez, as minhas alucinações me enganaram.

Entrei correndo no terreno da minha casa sem olhar para trás. Corri até o quintal dos fundos, entrei e tranquei a porta logo em seguida. Voltei para o quarto e me joguei em minha cama, cobrindo toda a minha cabeça. 

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