Capítulo 11

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— Então, aceita sair comigo?

Perguntei e podia jurar que aquele não dá primeira vez já estava me assombrando. Mas eu sabia que dessa vez era diferente, eu estava entregue para ela, não tinha mais aquela pose de capitã, era apenas eu, Kim Jisoo.

— Um encontro? — Assenti sentindo a fraqueza percorrer por minhas pernas. Ela parecia me olhar tentando achar alguma reação.— Tá bom.

— Tá bom? — Perguntei. Okay, eu não estava tão segura daquelas palavras. — Não vai me agredir com suas palavras?

— Não. — Falou simplista continuando a rabiscar em seu caderno.

Me aproximei por trás de seu corpo apenas para olhar melhor o que ela tanto desenhava. Fiquei por alguns segundos olhando aqueles traços que de um dia para o outro eu estava começando a me interessar.

— Perfeitos... — Eu tinha me dado a liberdade de folhear seu caderno vendo seus traços. — Como você. — Minha voz saiu quase falha, seu rosto estava virado para o meu, quase grudando nossos lábios e nossos olhos estavam conectados. — Às sete? — Ela assentiu me fazendo quase perder o controle, estava prestes a colar nossos lábios, sentir o seu corpo tão próximo ao meu estava me deixando fraca, assim como Superman em relação a kryptonita.

Park Chaeyoung era a minha fraqueza.

Ela tinha esse efeito em meu corpo, seu olhar nada sútil me fazia sentir coisas que eu jamais senti em toda minha vida. Mesmo antes de senti-la, eu já me sentia desnorteada, seu toque era como uma armadilha, eu me sentia uma presa em suas mãos. De repente, eu me via em um caminho sem volta.

Ela assentiu lentamente, me afastei da garota e sorri por finalmente ter conseguido um encontro. Saí da sala e quando tive certeza que a Park não estava vendo, sai saltitando pelo corredor de felicidade, posso jurar que o dia tinha até ficado bonito, céu azul com algumas nuvens brancas em formas de corações e coxa de frango? O que?

— Jisoo! — Parei de olhar para o céu e olhei para frente, meu sorriso morreu completamente quando vi Amber e Jeongyeon paradas me olhando com um semblante nada feliz.

— O que? — Perguntei engolindo em seco.

— Precisamos conversar, e não estou querendo dizer que é somente eu e Amber, estou falando do time inteiro. — Sua voz um fria, até demais.

Assenti e senti calafrios percorrer por toda a minha espinha, sabia que eu andava afastada demais das meninas, tentei imaginar todos os tipos de assuntos possíveis que elas poderiam ter comigo, e fiquei receosa com o que iria vir. Seguimos até o vestiário em silêncio, aquilo só estava me deixando ainda mais aflita.

— Podem me dizer o que está rolando? — Perguntei ficando levemente frustrada por não saber de nada.

As duas garotas entraram no vestiário e as outras meninas já estavam lá, em pé e me olhando com semblante nada feliz.

— Bom... — Jeongyeon começou a falar. — Tomei a liberdade de procurar o que estava acontecendo com a nossa capitã. Já que de um dia para o outro, ela simplesmente começou a se afastar e como temos muito respeito por ela... você é a nossa capitã por merecimento, você se esforçou muito para se tornar...

— Jeongyeon vá direto ao ponto. — Soyeon falou ao seu lado.

— Jihyo nos contou que te viu na aula de recuperação... De princípio a gente não acreditou, porque saberíamos que se nossa capitã e amiga acima de tudo estava com problemas, nos contaria...

— Então ouvi boatos que nossa capitã estava de banco. — Amber continuo a falar. — O que nos pegou de surpresa, já que nem você e nem o treinador nos contou... mas você começou a faltar nos treinos e nos deixava de lado, não sabíamos mais o que fazer e nem mesmo o que pensar. Você nos disse que estava ajudando seu pai na lanchonete...

— E estou. — Me apressei a falar mesmo sabendo que era uma grande mentira.

— Não, você não está! — Soyeon se apressou em desmentir. — Fomos lá, na intenção de te ajudar, mas não encontramos lá e seu pai nos disse que jamais a deixaria trabalhar ali por causa dos seus estudos e dos treinos.

— Por que está mentindo pra gente, Jisoo? Não confia mais na gente? — Amber falou.

— Não... Quero dizer. — Respirei fundo tentando falar, mesmo sentindo minha garganta se fechar e arder. — Vocês são minhas melhores amigas, minha família. Eu só estava com vergonha, eu não queria transparecer uma fracassada para vocês... vocês são tudo o que tenho. Sei que foi um erro esconder meus problemas de vocês, mas juro que estou me esforçando.

— Escutei o treinador falando com um dos professores que se você não tirar nota alta nas provas, você terá que sair do time. — Son Chaeyoung falou me olhando com os seus olhos começando a ficar lacrimejados. Os meus já estavam.

— Sinto muito por saberem por outras pessoas ao invés de mim... Sei que errei e peço desculpas, eu deveria ter falado com vocês, me sinto envergonhada por isso. — Desviei meu olhar das meninas para o meu armário onde estava o meu uniforme e meu taco de lacrosse ao lado.

— Não importa o que você fez, conversamos muito e chegamos a uma conclusão. — Olhei para elas e elas ainda mantinham seus olhos em mim. — Iremos te ajudar a estudar para as provas. Temos dois dias para que você estude, saia do banco e nos ajude na vitória de sexta.

Não consegui falar, apenas sorrir em meio de lágrimas que não pude segurar e logo senti o abraço das meninas me dizendo que estava tudo bem, e que iriamos conseguir, contanto que estivéssemos juntas.

Mas o que não estava nos meus planos, era ter que desmarcar o meu primeiro encontro com a Park, depois de tudo, as garotas estavam no meu quarto esperando que eu começasse a estudar e para ajudar ainda mais, meu celular tinha acabado a bateria.

— Jennie, por favor... me ajuda, eu não posso sair daqui as meninas realmente não vão me deixar sair. — Eu suplicava para minha melhor amiga.

— Jisoo, estou atrasada, hoje é o jantar com os pais da Lisa. — Jennie tinha passado em casa para pegar o presente que ela tinha escondido de Lalisa noutro dia. — Faz o seguinte... eu irei ligar para ela assim que eu chegar no restaurante.

Assenti um pouco aliviada e voltei para o quarto e estudar. Estava estudando mais de duas horas, as garotas realmente estavam levando a sério em me ajudar.

Estávamos na cozinha jantando, quando a campainha tocou e fui atender a porta, meu sorriso morreu assim que vi a garota a minha frente.

Dei um passo para trás assim que ela bateu em meu tórax com a sua mão e quando olhei para baixo, tinha uma rosa toda molhada, mesmo ensopada por causa da chuva, seus olhos estavam vermelhos e vi suas lágrimas escorrerem pelo canto de seus olhos, e foi isso que vi pela última vez antes dela subir em sua bicicleta e me deixar ali no meio da rua gritando por desculpas debaixo da chuva.

Eu tinha estragado tudo... 

Uma Idiota Completamente ApaixonadaWhere stories live. Discover now