Minha Vida Vira uma Loucura

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Nossa como eu queria não estar aqui. Nessa escola só tem gente idiota o suficiente pra achar que eu sou um tipo de garota antissocial e que gosta de bater nas pessoas - okay... Só a parte de antissocial tem um pouco de verdade. Não sou uma aluna exemplar e tenho sérios problemas para me concentrar, o que faz grande parte desses professores pegarem no meu pé por qualquer motivo minimamente estupido. Meu melhor amigo, James, meu "confessionário particular" era o único de muitos que ainda andavam comigo por algum motivo meramente estranho. As pessoas geralmente tinham medo ou receio de estarem próximos a mim.

Era aula de espanhol e como sempre o professor fez questão de me obrigar a traduzir o texto.

- Vamos Nathalie, o que está escrito?

Olhei para o quadro e como de costume, as letras pareciam mudar de posição como uma sopa de letrinhas. Eu não conseguia de jeito nenhum ler alguma coisa sem que isso ocorresse.

- Desculpe professor, mas eu não sei.

- Que bom. Mais uma anotação esse ano. Continue assim e você vai longe.

Bufei revirando os olhos. Cerrei os punhos nas coxas, não querendo expressar meu extremo ódio em sua frente.

- Calma Nath. - sussurrou James atrás de mim. - Ele é um idiota, mas não precisa enfiar a caneta no pescoço dele.

Como sempre, me trazendo de volta a realidade. Aguentei mais alguns horários de aulas chatas quando finalmente o sinal tocou. James tagarelava enquanto eu tentava ligar para que minha mãe viesse me buscar, mas toda hora caia na caixa postal.

- Nath, você ouviu o que eu falei?

- Desculpe James. É só... Deixe pra lá. - mudei de assunto. - Vamos ver aquele filme novo hoje?

- Ah sim. Ainda me pergunto o motivo de você não gostar de filmes românticos.

- Na certa porque eu odeio romantismo exagerado? - retruquei com sarcasmo carregado em minha voz.

- Está bem, desculpa ai. Te vejo no cinema então?

- Sim. - James me abraçou, mesmo sabendo que eu não curtia muito. Virou-se na direção oposta me deixando ali, parada na calçada com o celular em mãos.

Tive que voltar pra casa a pé, coisa que eu odiava profundamente, mas ou era isso ou esperar pela minha mãe. Não era uma longa caminhada, somente algumas poucas quadras. Um bom exercício quando o dia não está chuvoso como agora. É incrível como essas coisas só acontecem quando esqueço o moletom em casa.

Depois de muito correr nessa chuva finalmente cheguei em casa. Destranquei o portão, entrando rapidamente, porém o estrago já estava feito de qualquer forma. Meu cabelo estava extremamente molhado e grudava em meu rosto, a mesma coisa acontecia com as roupas. Era de se esperar a grande bagunça na sala de estar, isso era parte da minha rotina. Minha mãe sendo artista sempre usava e abusava da grande "arrumação", portanto já havia desistido de me mandar bancar a faxineira a tempos. 

Andei até meu quarto, largando a bolsa ao lado da cama. Tirei a roupa da escola que agora estava ensopada e deixei próxima a porta. Precisava de um banho quente para voltar à ativa e decidir fazer qualquer outra coisa antes de ir ao cinema com James. 

Depois de algumas horas fazendo tarefas escolares ou desenhando alguma coisa banal ou terrivelmente estranha em meu caderno percebi que já estava na hora de sair. Deixei um bilhete na mesa para que minha mãe soubesse onde eu fui e não surtasse se não me encontrasse. Coloquei uma camiseta quadriculada verde e parti em minha magnifica jornada para encontrar meu melhor amigo.

Quando cheguei até o ponto de encontro no shopping, James já tinha os ingressos da seção em mãos. Entramos na sala escura, sentando na última fileira enquanto o filme começava a ser reproduzido.

- Nossa que mentira. Ninguém pula de uma moto em movimento e fica sem nenhum arranhão. - James começou a rir quase histericamente

- Pra você ver como esses filmes são mentirosos... - respondi. - Vou ao banheiro.

- Tá. Volta rápido, hein.

Revirei os olhos, caminhando até a porta de saída e segui para o banheiro feminino depois. Estava praticamente vazio. Molhei o rosto e me olhei no espelho fixamente, encarando aquelas olheiras roxas bastante visíveis em contraste a minha pele pálida. Eu sei, maquiagem existe, porém eu não costumava usa-la.

Já estava saindo quando outra garota entrou em um rompante me empurrando para a parede.

- Caramba, qual é a sua? - trovejei.

- Não pode se esconder para sempre semideusa. - a garota começou a se transformar na minha frente. - Seu cheiro é tão bom... - coçou o nariz em meu pescoço - Que vontade de beber seu sangue aqui e agora.

Ela parecia a mistura de Frankenstein com Tocha-Humana mais bizarra que eu já tinha visto, além de uma provável fã de vampiros. Jogou-me em direção aos espelhos que se estraçalharam em minhas costas. Tentei revidar, mas a garota era mais rápida e continuou me batendo por um longo tempo, até que uma lâmina entrou em seu pescoço. Ela gritou, virando pó em seguida, me deixando com James que segurava uma faca na mão, boquiaberto.

- Vamos embora daqui! - ele agarrou meu braço enquanto me puxava para a saída.

- Espera, que droga ela era? Pra onde vamos?

- Pra sua casa. Você precisa pegar suas coisas.

- Pra que, James?

- Você não está segura. Ligue pra sua mãe e diga que estamos indo para Nova Iorque, Long Island.

Nova Iorque?

- Você tá ficando maluco?

- Quem dera. Mas como não estou use essas pernas e vamos logo.

Diário de Uma Filha de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora