L Uomo II

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Por Lucca;

Ainda estou um pouco cético ao encarar o despertador. É quase meio-dia. Não costumo dormir até tão tarde, geralmente tenho insônia e tem sempre alguém ligando para alguma coisa. Na noite passada os remédios que o outro passou não surtiram tanto efeito assim como esperado, tomei antes das dez e vim dormir era quase quatro da manhã, insônia maldita e remédios de bosta.

Olho para as caixas de medicamentos sobre o criado-mudo, não quero ficar viciado nessas merdas. A televisão está ligada em um canal qualquer, adormeci vendo aqueles programas culinários. Espreguiço-me e vou ao banheiro fazer minha higiene matinal.

Chegar aos cinquenta anos em ambiente de máfia é quase um milagre, qual não sei se irei alcançar. Observo meu reflexo no espelho enquanto coço meu pescoço. Meu rosto está com uma boa aparência, sem olheiras apenas a barba para fazer.

Termino de passar loção pós-barba, andei absorto em meus pensamentos e acabei me cortando com a lâmina. Merda.

Devo culpar a mercenária da minha psicóloga por esse corte, aliás, devo culpá-la por muitos motivos. Na semana passada sai para observá-la em seu treino, ela leva muito jeito naquilo, melhor que alguns companheiros de máfia. Acho que isso, esse detalhe dela me chama a atenção, tudo bem que ela é mais chata que soco no ovo, mas essa habilidade com armas é um ponto atrativo.

O perfil dela é diferente da maioria das mulheres que eu conheço. Fúteis, egocêntricas, nem terminaram os estudos e, claro, interesseiras. Acho que por isso que deixei mais de me relacionar com mulheres e principalmente as que a minha mãe indica. Prefiro uma puta discreta para uma foda rápida. E esses dias nem ando pensando nisso, a falta de sono destrói um homem.

Vou até a cozinha e abro a geladeira para pegar um energético. Não quero dormir mais hoje, já que perdi boa parte do meu dia.

Decido por sair de casa. O clima está ameno hoje com uma boa temperatura, nessa época de outono aqui costuma a chover quase todos os dias. Moro em um condomínio um pouco afastado do centro da cidade, aqui a vizinhança é tranquila, quase não ouço reclamações ou queixas e o melhor, eu não tenho que cumprimentar vizinhos pela manhã.

Sou antissocial, e segundo minha mãe eu tenho um comportamento de um homem ranzinza de sessenta anos.

— Senhor Martinelli, senhor Martinelli. — um homem aparece. — Senhor. — ele beija a minha mão. Odeio isso. — Vim aqui, pois preciso de sua compaixão. Vim como um pai desesperado. — ele não larga minha mão e eu o solto.

— Se for esse tipo de favor que estou pensando, eu não sou o padrinho e sim o meu irmão, qualquer coisa fale com ele.

Per favore, io estimo sua família. Ajude-me. — ele aparenta ter um cinquenta anos, é baixo e gordo. — Ajude-se. — ele começa a chorar.

— Pare com isso, pare com essa cena.

— Minha bambina de dezessete anos foi iludida por um monstro sem coração. Ela engravidou, ele não aceitou e a espancou. — ele volta a chorar compulsivamente. — Mia bambina está no hospital e o maldoso, o desgraçado está solto e rindo de nossa desgraça.

Checo as horas no relógio. Tenho que passar no alfaiate pegar alguns ternos que mandei costurar e seguir minha cara psicóloga, sim, um problema que eu mesmo arrumei para mim. Esfrego a parte direita do meu cenho, pensando sobre o assunto.

— O endereço?

O homem me entregou um endereço, coloquei no GPS do carro e é em gueto ao sul de Napoli. Aqui as moradias são bem modestas, e essa aérea é comandada pelos Camorristis, traficantes de drogas. Geralmente, eles vêm até nós negociar alguns trabalhos, porém, procuramos não nos envolver.

Divã (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora