Lei I

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Por Antonella;

- Olha quem chegou. - ouvi a loira comentar com seu esposo - A melhor atiradora da equipe.

- Nossa. Hoje foi um dia cheio.

Todo mundo tem aquela paixão por determinada "coisa", seja ela comida, roupa ou sapato. Comigo não é muito diferente, ou talvez seja, já que ter uma grande queda por armas de fogo não é tão comum, ao menos não para mulheres.

- Preparando-se para participar daquele campeonato mundial?

Assim como a simpatia pelos mais diversos tipos de "coisas" há, também, o desejo de conquistar algo, ser alguém na vida.

Na minha adolescência eu sonhava em ser chamada de "Doutora Rizzi", mas ver muito sangue nunca foi meu forte, então eu esqueci um pouco a medicina, até eu parar pra assistir uma reportagem sobre a mente humana, havia vários especialistas explicando seus pontos de vista sobre o assunto e eu gostei tanto daquilo que pensei: Eu quero psicóloga, quero ajudar as pessoas de alguma forma.

Felizmente eu consegui, mas esse ainda não é o x da questão.

Logo após decidir que profissão seguir, descobri que eu tinha um grande apreço por armas, ou seja, investi nesse interesse também. E por seguir naquilo que eu almejava cheguei à onde estou.

Uma psicóloga e psicanalista, que tem como passatempo a prática de Tiro Esportivo e almeja participar de, no mínimo, um campeonato mundial.

- Sim. - afirmei, enquanto sentava e tirava as pistolas da minha mochila - Hoje o instrutor foi bem rigoroso com o treino em equipe.

- Mas sabemos que é disso que você - apontou para mim -, gosta.

- Vocês me conhecem bem.

Minha vida não podia ser melhor, atender pacientes ajudando-os a enfrentar seus traumas ou problemas e, de quebra, finalizar a semana com outra atividade que se ama.

Tenho uma vida tranquila.

- Antonella, hoje o porteiro disse que ele apareceu por aqui e perguntou por você, mas o senhor Rossi não disse nada. - me enterro no sofá e coloco minha mão sobre a testa - Amiga, eu realmente quero saber o que você vai fazer em relação ao Mateo, porque isso já está ficando fora dos limites.

Talvez nem tudo em minha vida seja tão tranquilo.

- Não sei o que fazer. - digo, massageando minha testa - Você sabe melhor do que qualquer pessoa que eu praticamente mudei toda minha rotina por causa dele. Meus treinos, minhas sessões. Eu o bloqueei em tudo, e, mesmo assim, ele continua insistindo.

Meu antigo companheiro, Mateo, não aceitou muito o fim do nosso relacionamento e desde então vem me perseguindo, nada fora do normal, mas é sempre bom precaver-se.

- Você deveria denuncia-lo à polícia.

- Gio, ele não me machucou ou me ameaçou.

- Ainda.

Eu realmente não sei mais o que fazer em relação a isso. Ele era sim um grande perseguidor, até demais na verdade, mas não passou disso, por isso nunca envolvi terceiros. Acredito que a polícia só se interessa por casos onde ocorrem agressões, Mateo pode ser de tudo, mas ele nunca levantou a mão para me agredir ou fazer ameaças.

- Então, mudando de assunto. - ela disse, ao ver a preocupação estampada em meu rosto - Lorenzo conseguiu um buffet super importante, vai ser trabalho dobrado no próximo fim de semana. Ajudas?

- Sim, ajudo. Sua loira interesseira. - sorri, relaxando um pouco mais.

***

É segunda feira e chego à clínica, sistematicamente, às oito da manhã. Passo pela recepção encontrando minha secretária e, também, companheira de treinos.

Divã (Concluída)Where stories live. Discover now