— Sabe o que dizem sobre os vasos ruins, então fica tranquilo.

Meia hora de caminhada e finalmente estávamos dentro do vulcão.

Era muito maior do que eu imaginava.

O barulho das armas também havia se tornado quase ensurdecedor.

— Onde está o anão? — um minotauro se aproxima.

— Não o encontramos senhor. — respondo.

Ele se aproxima me encarando. Torci para que o disfarce estivesse impecável. Um fio de cabelo do guarda e Raphael e eu mudamos nossa aparência, mas eu não tinha certeza se estava idêntico.

Ele me encarou pelo que pareceu uma eternidade e finalmente disse.

— E os outros guardas?

— Estão a procura senhor. — dessa vez Raphael responde.

— Vocês deveriam ajuda-los. — ele responde bufando na minha cara.

— Dois é o suficiente. Não temos tempo para perder com um anão idiota. Temos coisas mais importantes a fazer. — respondo dura e decidida.

Achei que fosse levar uma patada. Minha mão desceu até o cabo da espada, pronta para revidar se fosse necessário.

Mas ele apenas disse.

— Vá então.

E eu fui, sem perder tempo.

Quando estávamos longe dos olhares eu retirei a cobra de dentro do bolso.

Eu havia petrificado ela e enrolado.

Com uma palavra, ela cria vida de novo. Se desenrolando preguiçosamente.

— Nos leve até a Kira. — ordeno quando solto ela ao chão. — E seja rápida.

E ela foi. A pequena cobra era tão rápida que as vezes tínhamos que correr para acompanha-la.

O lugar era enorme. Parecia um labirinto.

Me perguntei como ele construiu tudo aquilo? Era realmente admirável de certa forma.

Quando encontramos guardas nos corredores nós acenamos em comprimento e continuamos andando.

E quando algum deles queria que parássemos para conversar apenas dizíamos que tínhamos ordens do rei a cumprir e ele nos deixava em paz imediatamente.

A cobra seguiu por um corredor que deu acesso ao centro do vulcão.

Custou toda minha energia não cair de joelhos com o que eu vi.

Qualquer ataque que tenha acontecido, qualquer morte foi apenas uma pequena demonstração do poder do nosso inimigo.

Aqueles seres, milhares deles trabalhando para ele. Construindo armas e outras coisas.

Aquilo era uma preparação. Eles estavam se preparando para guerra, trabalhando juntos e organizados.

A cena me fez lembrar de como o Submundo estava. Uma bagunça, um caos completo. Passávamos mais tempo brigando e planejando do que nos preparando.

— Continua Tam — Raphael sussurra passando por mim.

Eu nem tinha notado que estava parada. Alguns seres me encaravam.

Comecei a caminhar imediatamente.

Mais tarde, eu tinha que me preocupar com aquilo mais tarde.

Precisava encontrar minha irmã e a coroa agora.

Cruzei os corredores sem mais distrações.

E só paramos quando a cobra nos levou até um beco sem saída. Dois guardas estavam posicionados no canto do beco. Parecia apenas uma parede de terra. Mas não era, uma parede de terra não precisaria de dois guardas para protege-la.

Os guardas nos encaram em alerta.

— Troca de turno. — Raphael avisa.

— A troca é só daqui três horas. — um dos guardas diz olhando o relógio.

Noto quando a mão do Raphael se fecha no punho da espada, mas antes que aquilo se tornasse um banho de sangue eu digo.

— Vamos trocar mais cedo hoje. Parece que um dos anões fugiu e todos os guardas estão sendo trocados. Ordens do rei. — acrescento no final, eu tinha ouvido um dos guardas dizer aquilo quando chegamos e percebi que dizer "ordens do rei" faria qualquer um te obedecer sem questionar.

— Mas que droga! — um dos guardas diz enquanto começa caminhar — Esses anões são um saco.

— Nem me fale. — Raphael concorda.

E quando os guardas somem de vista, eu começo a trabalhar.

Tinha que haver uma passagem secreta ali. 

Herdeira do Submundo 2 - Coroa InfernalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora