Uma Chama se Acende

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Já era madrugada e eu ainda não havia dormido, deitei virada para o criado mudo que ficava ao lado da minha cama e reparei que encima havia uma vela. Decidi acendê-la para que eu não ficasse totalmente no escuro. Fiquei encarando a chama na esperança de pegar no sono, mas o inesperado aconteceu, a chama da vela formou o desenho de uma rosa flamejante, fiquei tão admirada que mal escutei baterem na porta.

— Te assustei?- disse Allerdyce abrindo minha porta.- Só queria me desculpar pelo acidente de hoje.

— Ta tudo bem, entra aqui.- disse sentando na cama e dando espaço para que ele se sentasse.- Então você manipula o fogo?

— Sim, quase queimei minha casa quando descobri haha.- respondeu John tentando parecer engraçado.

— Eu matei um homem inocente.- disse tentando não notar a expressão de surpresa de Allerdyce.- Eu não sabia o que estava fazendo, e quando penso nisso eu só quero sumir e explodir.- minha respiração acelerava e minhas mãos começaram a tremer.

— Calma, vai ficar tudo bem- disse John segurando minhas mãos e olhando nos meus olhos marejados.

Naquele momento eu me senti vulnerável. John ia se aproximando cada vez mais de mim e eu não queria que ele parace. Era isso, eu ia ter o meu primeiro beijo e mesmo que não fosse com a pessoa que eu realmente queria, eu só pensava que a qualquer segundo meus lábios seriam tocados e que poderia ser bom ou ruim. Mas nós fomos interrompidos.

— Allerdyce, por que você não esta no seu quarto?- disse Scott parecendo enciumado. John me deu um beijo na bochecha e saiu imediatamente.

Scott me olhou e fechou minha porta. Por que essas coisas só acontecem comigo? Pelo menos eu tinha chamado a atenção do Scott. Por trás da porta eu pude ouvir John e Scott discutindo, e parecia ser sobre mim.

— Por que está fazendo isso cara? Eu gosto dela, por acaso já gostou de alguém a ponto de seu coração pular de alegria quando a vê?- pude ouvir John dizer.

— A questão não é essa Allerdyce. É óbvio que já gostei de alguém assim, mas não é a mesma coisa a muito tempo.- disse Scott em um tom triste mas ao mesmo tempo bravo.

— Você gosta dela, não gosta?- meu coração parou com a pergunta de John.

— Vai pro seu quarto Allerdyce, já passou da hora de criança estar na cama.-retrucou Scott sendo sarcástico, mas sem responder o que eu tanto queria saber.

Naquela noite eu não dormi, e depois das aulas eu fui procurar Marie. Precisava urgente de alguém para conversar então fui ao meu quarto me trocar e para minha surpresa Marie já estava lá.

— Que susto, por que esta aqui?- disse para Marie tentando não parecer grossa

— Sabia que este quarto é o melhor para ouvir fofocas dos corredores? Vim para ouvir os outros conversarem.- disse a garota que estava sentada na minha cama.

—Do que você ta falando?- perguntei sem entender muito bem.

— Seu quarto fica bem no centro do corredor então da pra ouvir tudo por causa do eco.- ela cruzou as pernas e deu sinal para que eu sentasse ao seu lado.

—Bom, até agora eu não ouvi nada.Mas eu preciso conversar com alguém e você é legal, então, pode me ajudar?- disse e Marie assentiu.- Eu gosto de alguém mas não sei se sou correspondida.

— Se você me disser quem, vai ficar mais fácil de eu te ajudar, ainda mais se for o John.

— Não é o John, é o Scott, mas você não pode contar pra ninguém.

—Scott Summers? O Ciclope? Sem chance, ele namora a Jean desde que eles eram alunos.

— Ah, disso eu não sabia, mas mesmo assim ontem de madrugada o John perguntou se ele gostava de mim e ele não respondeu, isso não significa nada?

— Pode significar mas ele está fora do seu alcance, o John por exemplo, por que não da uma chance a ele?

— Posso até tentar, te vejo no jantar?

—Claro.- Marie se levantou e saiu.

Me joguei para trás na cama e senti um pedaço de papel no meu travesseiro, estava escrito: "Me encontre nas escadas às 20:00, é importante". Ainda eram 16:00 então eu nem me preocupei com o horário, só escolhi uma roupa e me preparei para o melhor já que podia ser o John, sendo muito fofo, ou o Scott, indo dizer que vai desistir da Jean pra ficar comigo.
                                       ***

20:00 em ponto, desci as escadas e esperei, mas ninguém apareceu. A brisa fria da noite entrava pela janela e ia até o final do corrimão onde eu avistei outro pedaço de papel, nele estava escrito "458-25-243 dghtr". Eu não entendi nada, então fui até o quarto de Marie e Bob também estava lá.

— Interessante, os números não fazem muito sentido mas as letras soam familiares.- disse Bob analisando o papel

— Dghtr, daughter, significa filha em inglês. Você disse que a sua mãe te mandou até aqui, você conhece seu pai?- disse Marie animada em ajudar.

— Na verdade eu não tenho mãe, nem pai, eu vim de um orfanato, menti porque pegaria mal na primeira impressão. Quem me mandou isso conhece meus pais, e eu posso encontrá-los.- disse levantando rapidamente da poltrona rosa que eu estava sentada.

— Temos que contar ao professor Xavier ele vai saber o que fazer- disse Bob.

Nós abrimos a porta bruscamente e saímos correndo pelo corredor em direção a sala do professor Xavier, mas Logan apareceu.

—O que fazem fora de seus quartos? O professor saiu mas a qualquer momento pode voltar e encontrar vocês iguais três idiotas correndo por ai.- disse Logan parecendo feliz mas fingindo o humor neutro de sempre.

—Deixaram isso para Ash, queríamos falar com o professor, ver se ele ajudaria. Achamos q dghtr significa daughter.- disse Marie mostrando o papel a Logan.

Ele olhou para o papel e ao mesmo tempo arregalou os olhos. Nós perguntamos o que tinha acontecido mas ele só agarrou uma espécie de colar que tinha em seu pescoço e sem dizer mais nada, subiu as escadas em direção ao seu quarto. Eu não entendi muito bem, ele parecia saber de alguma coisa. Sem questionar, nós voltamos cada um aos nossos quartos em silêncio e fomos dormir. Logan conhecia meus pais e sabia do número, eu só não sabia como.

Um Casal Mais que Impossível Where stories live. Discover now