Trilha até o Kansas

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Quando abri os olhos, senti a minha cabeça latejar de dor e meus braços em estado de dormência. Não demorei muito para perceber que eu estava amarrada com cordas em uma cadeira no mesmo quarto de antes.

Só podia ser brincadeira.

— Então você é uma caçadora. — ouvi a voz de Crowley ressoar nos meus tímpanos e grunhi diante do meu novo carcereiro, por baixo da porta era possível perceber que ainda estava escuro lá fora, mas eu não fazia ideia de quanto tempo tinha ficado desacordada.

— Eu não sou caçadora. — murmurei cansada daquela palavra e me perguntando mentalmente se Britany ou Gerard não haviam dado a minha falta. Seria ótimo se eles pudessem mandar alguém me procurar, eu poderia agradecer com uma cesta de café da manhã depois.

— E eu não sou o rei do inferno. Espera... — o mesmo sorriu sarcástico. — Eu sou sim. — terminou e eu abri a boca, totalmente descrente ao que estava ouvindo, mas por algum motivo eu não negava para mim mesma que estivesse diante do próprio demônio (e aquele fato era alarmante, pois eu deveria ter batido a cabeça com muita força para tal loucura). Mas precisava admitir que estava sentindo falta da aparência assustadora dos filmes de terror.

— Você não devia ter chifres ou algo do tipo? — franzi a testa por um momento, cansada o bastante para brincar com a minha própria sorte.

Crowley me encarou por dois segundos, quase surpreso.

— Isso é antiquado demais. — disse por fim com uma careta. — Mas vamos aos negócios, quem mandou você? — continuou com o interrogatório que não o levaria a lugar nenhum, e para mim, na pior das hipóteses, uma cova rasa.

— Eu já repeti umas dez vezes que eu sou apenas uma garota normal. — apertei as pálpebras, sem forças para ficar irritada de novo. Se minhas mãos estivessem livres eu provavelmente estaria esfregando as têmporas tamanha dor de cabeça.

Crowley deu uma risada alta.

— Uma garota normal com uma tatuagem antipossessão demoníaca que topou com Dean Winchester? Em que mundo uma coincidência dessas é provável?

— Winchester? Como a marca de armas? Com certeza topar com ele foi como uma bomba. — resmunguei e então percebi que o homem me analisava com certa confusão.

— Pode chamar de intuição de diabo, mas essa cena me parece um tanto familiar... — comentou o auto proclamado rei do inferno. — Você aqui amarrada igual uma linguiça na vitrine com seu senso de humor terrível.— gesticulou para mim e eu rolei os olhos.

— Bela comparação. — comentei entediada quando a porta foi escancarada de repente e Dean entrou por ela, a expressão obscura e os punhos cerrados manchados de sangue me fizeram tremer.

Britany e Gerard estariam bem?

— Ei! Nós estávamos tendo um papo legal aqui. — protestou Crowley quando o mesmo marchou na minha direção e começou a soltar as cordas que me prendiam, algo que me surpreendeu. — O que pensa que está fazendo?

— Tem um imbecil inconsciente lá embaixo e o Sam está vindo para cá, é melhor deixar essa aqui ir. — revelou calmamente e eu poderia agradecê-lo se, para começo de conversa, tudo aquilo não fosse culpa dele.

— O tal do Cole saiu das sombras?

— Acho que era esse o nome dele. — o outro deu de ombros.

— Mas se o Alce finalmente te alcançou com as pernas compridas, podemos ter uma reunião de velhos amigos, que tal? — brincou o moreno, se referindo ao tal Sam.

— Temos que ir.

— Ou você pode matá-lo. — ele gesticulou no ar e Dean o encarou seriamente. — Ok, péssima ideia. Você ainda não é o demônio mau que mata os irmãozinhos caçulas. Pode ir. — falou apontando para a porta de onde o loiro viera enquanto eu ainda estava perdida na palavra "demônio". Crowley dissera que Dean era um demônio? Muita coisa fez sentido naquele momento assim como uma meia dúzia de dúvidas surgiram.

Supernatural: FobiaWhere stories live. Discover now