Quem é você, Winchester?

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Ficar quase duas horas perambulando sem rumo na madrugada não estava nos meus planos, mas finalmente consegui voltar para a minha casa.

Passei pelo portão e em seguida girei a chave na porta da cozinha o mais silenciosamente possível, já trilhando mentalmente o caminho que faria escada acima até o meu quarto e a minha cama. Fechei a maçaneta e andei pela penumbra quando um ruído metálico despertou minha atenção logo abaixo da pia, fiquei imóvel por alguns segundos, ponderando entre correr vergonhosamente ou checar e constatar que — talvez — poderia ser apenas um ratinho inofensivo.

Contornei o balcão e de imediato uma silhueta agachada se tornou visível, mas antes que eu pudesse gritar, ela se virou bruscamente, fazendo cair todas as panelas no chão. Foram cinco segundos de gritaria até que ouvi movimentos descendo a escada.

— Estão tentando destruir a casa? — ralhou Briana, disparando até o acendedor de luz, o cabelo escuro e desgrenhado pendendo logo abaixo do queixo. Pisquei algumas vezes para adequar a visão e logo percebi a careta assustada de Jimmy a minha frente.

— Eu achei que fosse um assaltante ou algo do tipo! Como eu ia adivinhar que você estava aí agachado como uma lagartixa? — protestei para meu irmão.

— Eu desci para fazer um lanche e derramei leite no piso, estava limpando. — justificou sacudindo o pano molhado em uma das mãos.

— No escuro? Eu não conseguia enxergar um palmo a frente do meu nariz! — rebati estreitando os olhos.

— Não estava escuro para mim. — ele deu de ombros.

— Onde está o ladrão? — exclamou Gordon, chegando aturdido na cozinha enquanto agarrava firmemente um taco de beisebol, seu roupão vermelho vestido apenas com uma das mangas.

— Não era ninguém, só o seu filho assaltando a geladeira. — Briana suspirou após um sorriso sonolento.

— Com bombas? — meu pai fez uma careta inconformada, encarando o objeto em suas mãos.

— Certo, eu vou dormir. — gesticulei após o mal entendido. — Acho que depois dessa todos nós precisamos de algumas horas de sono.

— Boa noite, querida. — falou minha mãe assim que passei por ela, a mesma afagando os dedos no meu braço. — E você, James Williams, espero que meu piso esteja brilhando, se não... — ameaçou em seguida para meu irmão e, mesmo sem ver, eu sabia que ele estava franzindo a boca.

Subi os degraus ouvindo o garoto protestar algo e me sentindo incrivelmente exausta. Quando finalmente alcancei meu quarto, tratei logo de tirar os tênis, minha luva e me esparramar na cama, atirando minha bolsa para um lado e agarrando o travesseiro fofo por alguns instantes. O dia tinha sido desgastante e embora eu quisesse um banho quente mais que tudo agora, o cansaço não me deixaria levantar mais. Respirei fundo, sentindo o ar preencher e esvaziar os meus pulmões, gradativamente relaxando meu corpo e com isso não demorou muito para que eu pegasse no sono daquela forma.

Assim que ouvi o barulho frenético do despertador, dei um grunhido de protesto, parecia que eu tinha fechado os olhos há menos de cinco minutos, mas o aparelho digital gritava dizendo que já passava das onze e meia. Levantei da cama relutante e qual não foi minha surpresa — e desespero — quando uma mão agarrou minha canela, olhei para baixo e dedos peludos estavam fixados em minha perna. Dei um grito e com o susto caí de joelhos no tapete, sendo rolada para cima com um sequência de cócegas na barriga.

— Jimmy! Desgraçado! — berrei tentando me desvencilhar do mesmo que ria sem nenhum pudor da minha cara. Por fim meu irmão me soltou e eu engatinhei até a cama, arremessando meus travesseiros nele para descontar a raiva. — Qual. O. Seu. Problema? — indaguei com a respiração entrecortada.

Supernatural: FobiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora