Entre Universos Distintos

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1838

Estavam reunidos o Grande Mago, Nano e Gleisi.

— Por que justo eu tenho que me casar com Sérgio? – Gleisi protestou.

— Porque só assim irá acabar a perseguição sobre nós, minha filha. – Justificou o Grande Mago. – Somos liderança para os feiticeiros, então temos que fazer sacrifícios.

— Eu não concordo com esse casamento, pai. – Nano se pronunciou. – Esse Sérgio não parece de confiança. E se mesmo depois de casado com minha irmã, ele não cumprir o que prometeu, de acabar com a perseguição sobre nós.

— Ele assim como nós é diferente, me disse ser de uma classe de demônios, e propôs um acordo, já que é braço direito do rei.

— E se não sair como esperamos? – Nano questionou.

— Tiramos Gleisi dos braços dele.

— Eu realmente não tenho escolha? – Gleisi perguntou.

— Mas é claro que tem. – Disse o Grande Mago. – Afinal, você quem irá se casar.

— Se eu não me casar com ele, ainda seremos perseguidos. Então aceito o acordo.

— Tem certeza, maninha? – Nano quis se certificar.

— É preciso, Nano.

Cerca de um mês depois, aconteceu o casamento que eles acreditavam que traria um futuro melhor. Estavam errados. Seis meses após o casamento, a perseguição aos feiticeiros se tornaram mais fortes, Sérgio tinha pego todos os segredos dos bruxos e usou para a perseguição.

⭐🌟⭐

2019

— Ela ainda não acordou? – Jandira perguntou ao entrar no quarto de hospital em que estava Gleisi.

— Não. Isso me preocupa, já se fazem três dias e nada. – Lula respondeu.

— Estranho, porque os exames dela mostram tudo normal não há alterações, nem motivo para ela estar assim. – Jandira disse.

A porta do quarto se abriu, era Lindbergh.

— Como ela está? – Perguntou. – Eu devia ter falado com ela antes dela vir para Brasília. O que aconteceu para ela ficar assim?

— Eu gostaria de saber. – Lula disse.

— Por que ela não reage? – Lindbergh perguntou se aproximando, e passando a mão na testa dela como forma de carinho.

— Não sei. – Jandira disse. – Já verifiquei todos os exames que ela fez, e nada de errado. Os tratamentos que estamos tentando não estão surtindo efeito.

— E se eu tentar ajudar? – Lindbergh repousou sua mão na cabeça de Gleisi e fechou os olhos se concentrando em a encontrar.

Lindbergh se viu num vilarejo em chamas, não havia ninguém por perto, nem mesmo corpos, somente o fogo consumindo tudo. Não sabia onde estava, mas sentia o calor do fogo começar a queimar sua pele, teria que ser rápido para sair dali de pressa.

Ouviu algo, como um choro, e uma voz que repetia quase como um mantra "por favor, pare de chorar, eu não tive culpa". Seguiu o som e encontrou uma mulher sentada no chão com roupas simples e chamuscadas, seus cabelos cinzas por conta do fogo ao seu redor e todo bagunçado. Sua pele cheia de bolhas e feridas de queimadura... Se aproximou devagar reconhecendo a mulher.

— Gleisi? – Chamou atenção dela.

— Lindbergh? – Ela disse baixo sem se mover de onde estava. – Faz ela parar de chorar. Ela não entende que não tive culpa. – Estava chorando.

— Quem? Não ouço ninguém chorando além de você.

— A bebê. Ela não para de chorar. Me culpa por nossa morte.

— Do que você está falando?

— Você tem que sair daqui, Lindbergh. Agora!

— Não sem você.

— Não posso. Estou presa aqui. – Mostrou uma corrente em seu tornozelo direito. – Você tem que se salvar.

— Do que?

— Preste bem atenção no que vou te dizer. – Sussurrou no ouvido dele.

Lindbergh se afastou a encarando surpreso.

— Como...?

— Você realmente não consegue escutar o choro. Ela está me deixando louca.

— Eu vou te salvar. – Deu um beijo na testa dela.

Lindbergh saiu da cabeça de Gleisi, ela parecia serena em seu profundo sono.

— Não tem solução, não é mesmo? – Lula perguntou.

— Por que ela está assim? – Lindbergh quis saber.

— Eu não sei. E estou preocupado porque ela está vulnerável aos nossos inimigos. – Lula disse.

— Do que vocês estão falando? – Jandira perguntou confusa.

Lula respirou fundo e se sentou no sofá que tinha no quarto.

— Alguns petistas tem poderes. São feiticeiros. – Lula começou explicando. – A séculos fomos perseguidos por isso. Meus filhos mais poderosos eram Gleisi e Lindbergh, tinha mais um, mas ele acabou por fugir com uma Deusa. Meus filhos foram todos mortos em 1800 por um decreto para acabar com os feiticeiros. Eu tentei evitar casando Gleisi com o braço direito do governo na época, mas fomos enganados, e tivemos nossos aliados mortos e feitiços roubados.

— Isso é loucura! – Jandira disse. – Ter homens grávidos já foi muito confuso, agora vocês querem dizer que estão vivos desde 1800?

— Na verdade nós reencarnamos. Tínhamos assuntos inacabados. – Lula disse.

— E você nunca nos falou sobre isso? – Lindbergh estava bravo.

— Queria proteger vocês. – Lula respondeu.

Lindbergh saiu do quarto bravo, andou um pouco para se acalmar e se lembrou do que Gleisi lhe disse quando estava em sua mente.

Chegou em sua casa, pegou o livro das maldições e se sentou no sofá. Seu celular tocou.

— Alô? – Atendeu.

— Como está Gleisi? – Foi direta a pergunta da voz do outro lado da linha.

— Marcela. Já voltou a Brasília?

— Sim. Meu filho tem uma vida em Brasília, não poderia ficar muito em São Paulo.

— Por que você sendo uma bruxa também, não está sendo atingida pelo dano no universo por sua maldição? Por que somente nós, da linhagem do Lula está sofrendo com isso?

Ela riu do outro lado.

— Acho que me pegou. Mas esta é uma conversa a se tratar pessoalmente.

O Misterioso Livro do SenadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora