A Caminho Da Morte

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1839

Gleisi escrevia na última página de seu grimorio algo que seria muito importante no futuro.

"Ela roubou 13 feitiços de Nano para usar contra nós. Se não morrermos pelas mãos dos soldados, seremos mortos por ela. A única forma de impedir é com o sangue de um psíquico mais poderoso, um psíquico de nossa linhagem."

Gleisi sabia do risco que corria, pois esperava o filho de um demônio, poderia ser sua salvação, pois seria mais poderoso que ela, mas não teria coragem de o matar para salvar sua própria vida, o que deixaria seu filho no risco de ser usado por aquela bruxa renegada.

Um soldado invadiu sua casa. Ela nem tentou reagir, pois sabia quem era, aquele que foi seu marido.

— Ela te contou onde me encontrar, não foi? – Gleisi perguntou ainda de costas para o soldado.

— Eu não preciso da ajuda de uma bruxa renegada para te encontrar, Gleisi. Estamos ligados. — Respondeu o soldado.

— E mesmo assim vai me levar para a morte. – Ela se virou para ele.

— A escolha é sua, você pode ir embora comigo e esquecer essa luta boba para o fim da caça aos bruxos. Vamos criar nosso filho longe. Com a morte do grande mago você está livre.

— Eu não vou desistir da luta do grande mago. Menos ainda para viver com você.

— Então nesse caso a fogueira te espera! – O Soldado a pegou pelo braço. Gleisi não resistiu, sabia que isso iria acontecer.

Foi levada para a fogueira imediatamente. Ouvia os gritos do povo por sua morte ecoando. Foi amarrada ao poste para não fugir, e o fogo começou.

...

Gleisi acordou assustada verificando onde estava, a época, e notou que era a casa de Fernando Haddad. Não lembrava porque ficou para dormir ali. Sentiu-se um pouco enjoada. Essas voltas ao passado não lhe faziam bem.

Pegou em sua bolsa o grimorio que pegou no senado. Se lembrava de ter escrito ele. E com o livro em mãos, ela foi até a cozinha de Fernando, tentou fazer um chá para ver se sentia-se melhor e começou a procurar algo importante no livro, algo que poderia a salvar da morte que a cada dia estava mais próxima, algo que não precisasse de um herdeiro psíquico poderoso.

Pegou seu celular e ligou para Molon. Teve receio dele não atender, pois eram apenas 4:36h da manhã.

"— O que aconteceu, Gleisi? Por que está me ligando a essa hora?" – Molon perguntou com voz de cansado.

"— Preciso de um favor. Sobre Márcio França." – Ela disse.

"— O que tem ele?" – Molon pareceu mais desperto.

"— Melhor falarmos pessoalmente."

"— Tá de brincadeira? Você me acorda a essa hora para pedir para conversar pessoalmente?"

"— É muito importante. Não estaria ligando a essa hora se não fosse."

"— Está bem. Podemos almoçar juntos, aí você me fala o que te aflige. Agora posso dormir?"

"— Claro. Me desculpe te acordar."

A ligação se encerrou e ela voltou a ler seu livro.

Umas duas horas depois, Fernando apareceu na cozinha a estranhando ali.

— Achei que fosse estar dormindo ainda. Ontem você não se sentia bem, já se sente melhor? – Ele perguntou a ela. – Ficamos preocupados pelo seu desmaio.

O Misterioso Livro do SenadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora