Fiquei parada e quieta o observando. Ele abriu os olhos devagar, olhou para o lado onde sua mãe estava e logo em seguida olhou para o lado onde eu estava.

-Amor?- Ele disse com uma voz fraca. Imediatamente as lagrimas caíram em seu rosto.

  Eu não consegui fazer nada além de por as mãos no rosto e chorar.

-Me perdoa, eu devia ter te ouvido, olha o que eu fiz com você. Eu sou um monstro.- Disse ele fechando fortemente os olhos.

-Cala a boca, idiota. A culpa não foi sua. Acidentes acontecem.- Disse com um tom hostil em meio ao choro.

-Senti saudade de você me chamando de idiota- Ele sorriu brevemente.- Achei que nunca mais iria te ver.

-Eu também não. Eu poderia ter sofrido qualquer tipo de fratura, mas se eu acordasse e te visse ao meu lado, eu não me importaria.

  Ele sorriu ao som de minhas palavras.

-Deixa eu sentir você.- Ele estendeu sua mão colocando-a para fora da cama para que eu a segurasse.

  Dirigi-me rapidamente até ele e segurei em sua mao. Suspirei.

-É tão bom te sentir quente novamente.- Disse colocando sua mão em meu rosto sem me importar com os ferimentos que ainda me causavam dor.

-Sua pele- Ele respirou fundo- Que saudade- Disse ele soltando o ar.

  Beijei a palma de sua mão e a segurei forte.

-Eu amo você, Liam.

-Eu amo você, garota da varanda.- Disse ele com um sorriso no rosto.

  Logo em seguida a enfermeira entrou para aplicar os medicamentos em Liam. Infelizmente eu tive que voltar pro meu quarto, mas prometi a ele que voltaria todos os dias. E assim aconteceu.

  Passei uma semana e alguns dias no hospital, estava em observação. Todos os dias eu visitava o quarto de Liam. Ele não pôde se levantar da cama em momento algum, pois ainda não respirava bem, parecia que havia inalado alguma coisa durante o acidente que intoxicou seu pulmão, mesmo assim eu adorava ficar junto a ele. Eu tentava o distrair para que não ficasse entediado alí, apesar de eu mesma estar.

  Em uma sexta-feira recebi alta. Minha mãe e minha irmã me ajudaram a me arrumar e pegar minhas coisas. Estar em uma cadeira rodas não é fácil. Há muitos obstáculos, mas não pude me dar ao luxo de me depreciar por isso, pois Liam precisava da minha força, já que para ele não havia restado quase nenhuma.

  Assim que terminei de me arrumar pedi a Anne que me levasse até o quarto de Liam, como sempre. Entrei em seu quarto, ele estava com sua mãe. Ela foi se sentar perto da janela para que nós pudéssemos ter um pouco de privacidade.

-Você está linda, como se isso fosse novo pra mim.- Disse ele sorrindo.

-É, a cadeira de rodas realça os meus olhos.- Disse tentado fazer com que ele desse risada.

-Você é incrível.- Ele riu.

-Então, eu recebi alta hoje.- Disse com um tom de voz triste.

-Eu não sei quando vou sair, mas a primeira coisa que vou fazer quando isso acontecer é ir perturbar você.- Ele disse acariciando meu cabelo.

-Eu prometo que venho te visitar assim que possível.- Segurei sua mão.

-Alguém poderia ter erguer pra eu poder te abraçar.- Ele disse olhando pra porta.

  A porta se abriu, era Anne entrando.

-Eu entendi a indireta, Liam.- Disse Anne vindo até nós.

-Eu sabia que você estava ouvindo atrás da porta.- Liam sorriu.

  Anne me levantou segurando em meus quadris, fiquei surpresa com a força dela. Liam pôs seus braços ao redor da minha cintura e sussurrou "eu te amo" em meu ouvido. Eu o beijei, não foi um beijo como nós costumávamos fazer, mas era reconfortante beijá-lo novamente. Sussurrei "eu amo você" em seus lábios.

-Não vou ficar segurando ela pra vocês poderem transar, Liam.- Disse Anne me constrangendo, pra variar.

  Liam riu. Calmamente ela me retirou de cima dele, a mão de Liam pareceu ficar presa no bolso do meu casaco por alguns segundos, mas logo ele conseguiu retirá-la. Anne me pôs novamente na cadeira de rodas, nós dois entrelaçamos nossos dedos mínimos como forma de despedida.

-Vai me esperar?- Liam perguntou antes que eu saísse totalmente do quarto.

-Sempre!- Respondi num tom forte para transmitir confiança para ele.

  Uma lágrima escorreu em seu rosto enquanto eu acenava para ele. Logo em seguida eu fui levada para casa.

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