Como combinado, naquela tarde Liam veio até minha casa. Ele chegou exatamente às três, eu estava arrumando a sala quando a campainha tocou.
Deixei a vassoura no canto e fui abrir a porta. Ele pareceu estar entusiasmado para começar a estudar e isso, para mim, era uma novidade.
-Oi, vamos estudar?- Perguntou-me com um sorriso enorme.
-Claro, entre. Coloque suas coisas na mesa da sala e me espere. Vou buscar meus livros.- Esperei ele entrar, fechei a porta e subi até meu quarto para pegar meu material.
Desci até a sala, e o encontrei sentado lendo o livro de física.
-A cada minuto me surpreendo mais com você.- Disse enquanto me sentava a uma cadeira de distância dele.
-Por que tão afastada?
-Somos cargas positivas.- O respondi esperando que ele entendesse a piada.
-O que isso tem a ver?- Ele perguntou confuso.
-Deixa pra lá.- Respirei fundo- Vamos começar logo. São quatro páginas, então você faz uma metade e eu faço a outra. Pode ser?
-Sim, você manda e eu obedeço.- Respondeu sorridente.
Começamos a executar o trabalho. Ele não se mostrou exausto ou desanimado em momento algum. Gostaria de saber o motivo de tanta felicidade. Afinal, quem gosta de ter nota baixa no boletim?
Finalmente terminamos de escrever o conteúdo do trabalho. Ele juntou as páginas enquanto eu terminava a capa. Logo anexamos tudo e guardamos nossas coisas.
-Quer comer alguma coisa?- Perguntei tentando ser educada.
-Não, obrigado.
Ficamos em silêncio por alguns segundos encarando os móveis e as paredes da minha sala.
-Eu gostaria de te perguntar uma coisa.- Ele pareceu nervoso ao dizer isso.
-Vá em frente.- Olhei diretamente para ele.
-Nesse fim de semana meu pai vai deixar o carro dele comigo, e eu queria saber se você se importaria em me acompanhar até o cinema.- Ele estava tímido, mesmo assim me encarou sem hesitar.
-Ti-tipo um encontro?- Gaguejei ao perguntar.
Ele suou frio ao ouvir minha pergunta.
-Nã-não.- Guaguejou também.- É, quer dizer, não se você não quiser que seja um encontro, podemos chamar de qualquer jeito contanto que você vá.
-Eu te respondo na sexta. Pode ser?
-Como quiser, sem pressão.- Ele sorriu ao ouvir minha resposta.
Ele pareceu tão animado que seu sorriso me contagiou. Sem perceber eu já estava sorrindo pra ele também.
-Nossa, você nunca sorriu pra mim. Amei o seu sorriso.
Pude sentir minhas bochechas corando. Diminui o sorriso pra não parecer uma idiota. Fui até a cozinha, abri um pacote de salgadinhos e coloquei em uma tigela. Voltei até a sala de jantar.
-Sirva-se à vontade.- Coloquei a tigela na mesa e me sentei novamente.
Ele colocou nossos materiais em outra cadeira para não sujar. Ele levantou da cadeira onde estava e sentou naquela que eu havia pulado no incio da tarde.
-Que tipo de música você gosta de ouvir?- Ele me perguntou pegando um pouco de salgadinhos da tigela.
-Bom, eu tenho um gosto musical bem variado, mas eu prefiro ouvir pop. E você?
-Eu gosto de bandas antigas, tipo The Beatles, Oasis... Ah e também adoro Michael Jackson. A banda mais atual que eu sou muito fã se chama Paramore.
-Não brinca! Eu amo Paramore.- Fiquei super animada por encontrar outra pessoa que tivesse quase o mesmo gosto musical que eu.
-Nossa, que demais.- Ele também pareceu bastante feliz com isso.
-Essa banda aí que você falou, Oasis,eu só conheço uma música deles que por acaso é a minha música favorita, Wonderwall.
-Não brinca! Sério!? Essa é a minha música favorita de todas.- Vi seus olhos brilharem ao dizer isso.
Sorrimos um para o outro e ficamos conversando por horas. Depois nos demos conta que já eram nove horas da noite e no dia seguinte havia aula. Então nos levantamos e eu o acompanhei até a varanda.
-Foi muito bom conversar com você, sabe sem brigar.- Disse ele com um meio sorriso nos lábios.
-Realmente. Agora posso dizer que foi um prazer te conhecer.
Ele ficou parado de frente para mim. Eu estava de pé no primeiro degrau da varanda com o ombro encostado na pilastra. Ele começou a se inclinar lentamente na minha direção. Eu percebi o que ele estava tentando fazer, mas não conseguia me esquivar. Fiquei imóvel e tensa. Então um barulho de buzina nos assustou.
-Por que vocês não vão logo transar no quarto, Chris?- Disse Anne aos berros saindo de seu carro.
-Me desculpe por ela, Liam.- Disse a ele constrangida.
-Sem problemas.- Ele riu. -Eu vou nessa, boa noite.- Ele se virou, acenou para mim e foi embora.
Entrei em casa e fui diretamente tomar um banho. Após isso fui para o meu quarto, apaguei todas as luzes e me deitei. Dormi sorrindo e agarrada em um de meus ursos de pelúcia.
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قصص المراهقينPLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) "Os finais felizes são para poucos." Beatriz Lourenço