-Realidade

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  Acordei no dia seguinte mas não me recordava do que havia sido feito para que eu saísse do carro. Não quis abrir os olhos, pois tinha medo do que poderia ver, então permaneci de olhos fechados.

  Logo em seguida me lembrei de Liam, eu precisava vê-lo. Abri os olhos e percebi que estava em um quarto de hospital, nada além do que eu já esperava. Com muita dificuldade me sentei na cama e olhei ao redor. Era tudo branco e aquilo me dava agonia, ao lado da minha cama havia uma cadeira de rodas hospitalar, imaginei que seria de outro paciente que tenha estado no mesmo quarto que eu há semanas. Minhas costas doiam um pouco, porém o mais estranho era que a dor nas minhas pernas havia sumido, decidi me levantar e procurar por Liam. Ao me mover para tentar descer me desequilibrei e caí da cama derrubando a bandeja de medicamentos que havia em uma mesinha ao lado. Imediatamente um enfermeiro aparentemente forte entrou no quarto e me pôs sentada na cadeira de rodas. Tentei movimentar minhas pernas, sem sucesso. O enfermeiro saiu logo em seguida sem dizer uma única palavra. Me movi até a cabeceira da cama e peguei meu laudo médico. Não havia fraturas expostas ou que me fizessem correr o risco de falecer, mas minha cabeça girou ao ler que eu estava paraplégica.

  Entrei em estado de choque por alguns minutos. Não consegui acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Permaneci parada e imóvel com meu laudo na mão. Em seguida entrou um homem junto a meus pais e minha irmã. Meus familiares estavam com um semblante triste, as lágrimas escorriam pelos olhos de minha mãe.

-Srta. Christine Harris, nós precisamos conversar.- Disse o Doutor se aproximando.

  Passamos por volta de duas horas conversando, minha mãe não parou de chorar por um minuto sequer. O Dr. Parker me explicou toda a situação, assim descobri que ainda tinha chances de voltar a andar, mas seria um longo processo repleto de fisioterapia e tentativas falhas. Após o término da conversa, minha irmã Anne me fez companhia enquanto o médico conversava em particular com meus pais.

-Vai ficar tudo bem.- Disse Anne afagando meu cabelo.

-Eu não tenho dúvidas disso, eu to viva, isso que importa.- Disse olhando para minhas pernas.

Ficamos em silêncio por um minuto.

-E o Liam? Eu preciso ver ele.- Disse desesperada.

-Não sei se vc pode sair daqui. Ele está no fim do corredor. - Disse Anne apontando pra porta.

-Eu quero ver ele. Exijo!- Disse praticante gritando.

-Calma nervosinha, eu vou te levar lá.

  Anne foi até a porta e a abriu para ver se havia alguém no corredor. Rapidamente ela me dirigiu até a porta do quarto de Liam. Respirei fundo e fechei meus olhos enquanto ela abria a porta para mim.

  Abri meus olhos. Caí em prantos ao vê-lo naquela situação. Liam estava respirando com ajuda de aparelhos, não procurei saber o que ele tinha pois não quis imaginar quanta dor ele estava sentindo. Sua mãe estava ao lado de sua cama, acariciando seu belo rosto com arranhões, assim como o meu.

-Você é Christine?- Perguntou a Sra. Johnson voltando seu olhar para mim.

-Sim, Sra. Johnson.-Falávamos baixo para que ele não acordasse.

-Por favor, me chame de Jane. Eu quero me desculpar pelo o que meu filho causou- Ela fez uma pausa breve e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.- Liam me contou o que houve e...- Eu a interrompi.

-Não diga uma coisa dessas, a culpa não foi dele. Foi um acidente.- Ela assentiu e se retirou para enxugar seu rosto.

  Infelizmente meu tom de voz havia soado mais alto do que eu imaginei e acabei acordando Liam.

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