— Ainda não. Eu também não quero ficar pressionando ela, sabe? — digo para as duas

Olho pelo retrovisor e vejo Shelley maneando a cabeça. Ela e James eram também bem próximos. Conheço-a desde bem pequena, ela era mais nova que nós dois, e me lembro dela implorando para participar das brincadeiras que a excluímos por ela ser mais novinha. Sua pele é como a de James era, de um tom ébano e suave; seus cabelos estão alinhados em tranças nagô que se estendiam até a sua cintura.

— Vocês precisarão ter calma, Ethan, ainda mais vocês dois que vivem como cão e gato. — Susan enfatiza — Vão precisar ser melhores, dar o melhor que tiverem para ela. Criar uma criança pequena como Tessa exige muita responsabilidade.

Concordo, absorvendo cada palavra que ela dissera.

A sala está escura, iluminada apenas com a luz vinda da televisão, que está prestes a transmitir o jogo. Me afundo no sofá enquanto minha mente vaga sem um rumo. Trago um pouco do baseado, puxando devagar e liberando o restante. Adoro a sensação, ter toda a pressão desses dias retirada dos ombros por alguns minutos é de dar alívio. Há muito tempo eu não faço isso: "relaxar", eu precisava disso. James, Colt, e agora Tessa... é tudo estressante demais.

Fico em alerta ao ouvir a porta abrir. Não me surpreendo quando Adam entra no meu campo de visão, ele carrega uma sacola no colo que presumo ser comida.

— Você tem telefone pra quê, babaca? — insulta, acendendo a luz em seguida. Aperto os olhos. — Eu estou te ligando desde ontem, apareci aqui e você não estava. Ja estava quase preparando os cartazes de desaparecido.

Não digo nada só observo ele por a sacola na mesinha de centro.

— Eu vou ser pai. — falo de repente. Adam para o que está fazendo para me encarar.

— Cara, a sua vida só piora! Já pensou em ir em uma igreja? — exclama, vindo se sentar ao meu lado — Quem é a azarada? Você pelo menos se lembra dela?

— Eu não engravidei ninguém, quer dizer, eu espero que não. — explico, ainda com os olhos na TV, sem prestar o mínimo de atenção. Trago mais uma vez— Ivy e eu, nós ficamos com a guarda da Tessa.

Volto a pensar em Tessa, penso nas vezes que segurei ela no colo, ou as que brincamos juntos desde a vinda dela. Agora isso será constante, assim como os choros, as fraldas cheias, os pediatras e todas essas baboseiras presentes nas vidas dos pais.

— E como vocês vão fazer isso?

— Eu não faço ideia. — um risada baixa escapa.

— Quem diria... — murmura, pegando o macarrão com os hashis e levando até a boca. — Pai de família, ein? Tem uma primeira vez para tudo, huh?

Ele dá uma pausa antes de soltar:

— Eu estou com medo por essa criança.

                                         

                                         

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
TESSA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora