Our Plan

1.7K 248 98
                                    

• não foi revisado ainda então, sorry os erros.

Ethan

Eu definitivamente sempre odiei cemitérios, e velórios e enterros. Eram deprimentes - com razão, claro - e coisas deprimentes não combinavam comigo, não mesmo. Desde pequeno, no enterro do meu avô eu tomei um horror terrível por cemitérios, o clima deprê, e mais de dez tipos de sons de choros entrando e saindo por meus ouvidos era de dar nos nervos.

Ainda faz frio, e chove, algumas gotas finas escorregam pelo guarda-chuva e pingam no casaco preto. Não presto atenção no que o padre ou pastor ou seja lá o que ele for diz, não perco meu tempo ouvindo alguém dizer coisas sobre pessoas que nem sequer conheciam.

Susan está ao meu lado, com seu braço entrelaçado no meu e Shelley abraçando ela de lado. Tia Susan chora, chora como se não houvesse amanhã, acho que eu nem sequer consegui vê-la sem chorar nessas últimas horas. À minha frente está Ivy, com o seu filhote à tiracolo e vejo Elize logo ao seu lado. Ela tem uma expressão de pedra, seus olhos estão fixos nos dois caixões, apenas uma lágrima solitária escorre por seu rosto. Ela não está muito diferente de ontem, nem sequer se deu o trabalho de tampar a tristeza em seu rosto com maquiagem, é assim que ela está por dentro, e é assim que ela quer que as pessoas a vejam: totalmente quebrada. Não a culpo, a situação a afetou tanto ela como eu.

Só percebo que ainda estou olhando-a quando seus olhos encontram os meus. Alguns fios castanhos cobrem seu rosto, pouco escuro por conta da sombra que o guarda-chuva faz sobre ele. Ele estão soltos, os cachos ondulados caem sobre seu ombro debaixo do sobretudo preto. Então percebo que suas pontas são um pouco mais claras que os demais.
Continuo com o contato visual, mesmo sabendo que não servia de nada, mas olhar para ela era a minha única distração no momento.

Não nos falamos desde ontem, quando decidimos ficar com Tessa. Aliás, nem tocamos mais no assunto. Ter de deixar a pequena foi, sem sombra de dúvidas, uma das coisas mais difíceis que já fiz. Se pudesse, levaria ela embora naquele exato momento, sem nem pensar duas vezes. Penso em como vai a minha vida daqui pra frente, talvez eu estivesse louco, como Ivy fez questão de exaltar tantas vezes e eu concordo com ela, mas algo em mim diz que esse é o certo a se fazer.

Interrompemos o contato visual assim que seu namorado sussurra algo em seu ouvido.
A parte de jogar as rosas é a mais difícil de um enterro, a mais difícil e mais tola porquê de um lado você está "oficialmente" se despedindo, e do outro porquê eles mereciam muito mais que isso. Muito mais que o próprio mundo poderia oferecer.

Shelley e Tia Susan trocam umas palavras aqui e ali mas nada que eu preste muita atenção. Até sua mão tocar em meu ombro, me fazendo desviar os olhos da estrada por breves segundos.

— ... se importa? — ela termina a frase que eu nem sequer ouvi direito.

— Hãm?

— Eu vou precisar resolver algumas coisas então vou ficar em Staten por um tempo. Não vou poder ficar muito tempo com vocês, mas prometo voltar o quanto antes. — se explica — Tudo bem por você, querido?

— Sem problemas, tia.

— E Ivy? Vocês dois já conversaram? — pergunta, puxando assunto

— Vocês são muito corajosos de fazer isso — Shelley comenta — não é todo mundo que assume algo assim. Eu mesma teria surtado.

TESSA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora