Capítulo 8 - Medo

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— Jungkook! Jungkook! Por favor, me ajuda!

Eu gritei novamente, socando a porta com toda a força que ainda restava nos meus braços. A minha pele raspou na madeira quente e farpas pontiagudas se enterraram na minha carne, abrindo pequenos cortes nos nós dos meus dedos e nas laterais das minhas palmas. Mas eu sequer me importei com a dor, que parecia me rasgar de fora para dentro. Eu estava desesperado, os meus pulmões doendo e clamando por oxigênio e as minhas pernas amolecendo como se fossem feitas de algodão.

Mas eu não queria morrer. Eu não queria!

Não ali, não sozinho e, principalmente, brigado com Jungkook.

Eu queria me desculpar com o Duque Jeon, pedir perdão por ter saído, o preocupado e o feito pensar que eu havia jogado fora o cordão que ele me deu quando, na verdade, eu só o tinha tirado do meu pescoço por medo de perdê-lo ao entrar na água. E eu nunca tive a intenção de machucá-lo com as minhas palavras, eu só... só estava sendo sincero porque queria que ele também estivesse disposto a fazer o nosso casamento dar certo, assim como eu estava disposto a deixar que Taehyung saísse do meu coração de forma definitiva.

Mas eu sempre fazia tudo errado. Eu magoava Jungkook sem ao menos tentar o magoar.

E talvez fosse tarde demais para desejar por felicidade.

— Jungkook! — eu gritei seu nome mais uma vez, a minha garganta raspando e a minha voz sumindo no meio dos estralares das chamas, que se aproximavam cada vez mais e lambiam o meu corpo com o seu calor insuportável. — Jungkook, por favor, me ajuda! Mi Hee! Hoseok! Alguém! Alguém me tira daqui!

Eu forcei os meus pulmões a trabalharem mais rápido, tentando levar mais ar para dentro deles, mas consegui apenas inalar uma nuvem densa e pesada de fumaça que me fez engasgar e tossir feito um louco, a minha cabeça rodando e o meu corpo se dobrando para frente, perdendo a pouca força que eu ainda tinha nele conforme respirar ficava cada vez mais difícil, quase impossível.

E eu sabia que aquele seria o meu fim. O meu doloroso e triste fim.

Eu só esperava que fosse rápido.

E que Jungkook e os meus pais me perdoassem por deixá-los tão cedo.

E eu estava pronto para desistir de tudo, pronto para desistir da minha vida, quando ouvi.

Em meio aos estralares do fogo e a mais uma forte crise de tosse eu ouvi a voz de alguém.

A voz do meu salvador.

A voz de Jungkook.

— Jimin!

Pisquei inúmeras vezes, desacreditado de que aquilo fosse real, e me lancei com dificuldade contra a porta, o meu coração esmurrando as minhas costelas e os meus olhos se enchendo de lágrimas, o meu peito explodindo em um misto de agonia, felicidade e alívio. Jungkook estava ali, ele estava ali por mim! E eu já estava quase sem forças para me manter em pé, mas levantei os meus braços, que pareciam pesar toneladas, e esmurrei a madeira, arranhando e batendo, tentando avisar Jungkook que eu estava ali dentro e precisava dele. Precisava muito dele.

— Jungkook. — murmurei, os meus joelhos tremendo e cedendo e a minha cabeça rodando cada vez mais rápido.

Os meus pulmões já não me obedeciam mais e eu... eu não tinha mais forças para continuar lutando contra a inconsciência, que me arrastava e me puxava lentamente para os seus braços. Eu só queria dormir. Queria... desistir.

— Jungkook...

Engasguei com a fumaça e tossi até sentir o meu peito e a minha garganta queimarem, a minha visão embaçando e ardendo e tudo na minha frente se tornando borrões escuros e indecifráveis. Eu estava morrendo, eu... eu não iria aguentar.

Um mais um igual a quatro ✹ JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora