Crepúsculo

49.6K 3.6K 6.2K
                                    

— Eu não sei se eu já disse isso, mas você fica bem de vermelho — comentou com o maior sorriso sacana no rosto.

— É, você já disse — cruzou os braços sobre o peito. — Posso saber o que está fazendo no meu quarto?

Harry mordeu o lábio inferior para tentar conter o sorriso enquanto avaliava o corpo bronzeado que contrastava tão bem com a cor viva da toalha.

Belas coxas.

Ele tinha muita sorte de ser tão paparicado por Johannah. Em que outra situação uma mãe deixaria um alfa sozinho no quarto de seu filho ômega enquanto este tomava banho? Bem, considerando que esse alfa já havia até mesmo engravidado o seu filho, não havia muito mais a ser evitado.

— Eu vim te falar para se arrumar, vamos sair.

— Nossa, o que aconteceu com o “ei, você quer sair comigo”? — ergueu uma sobrancelha. — Eles não estão usando mais hoje em dia? — ironizou.

— Se eu lhe chamasse, você iria?

— Claro que não.

— Imaginei — riu soprado. Ainda doía todo aquele escárnio que era derramado por Louis como seiva em árvore recém-cortada.

O anfitrião permaneceu parado, com os braços cruzados e o peso do corpo em uma só perna, empinando o quadril para o lado.

— O que foi?

— Harry, sai daqui! Eu não vou sair com você hoje e eu ainda tenho que me vestir!

— Ah, qual é, Louis — resmungou, levantando-se e indo até o menor. Tocou sua cintura e o sentiu estremecer sob seu toque. — Eu deixei você descansar o dia todo, mas estou morrendo de saudades — falava baixo, seus olhos verdes parecendo verem através da alma de Louis, arrepiando seu corpo todo. — Vem comigo, só um pouquinho... Eu só quero passar um tempo com vocês — resvalou as pontas dos dedos pela barriga do ômega, sabendo que tinha conseguido o que queria naquele exato momento.

Louis ficava inebriado com o tom de voz baixo de Harry, ainda mais tão perto, onde ele podia sentir claramente a essência máscula que ele exalava. Falar sobre o bebê também o deixava sensível, e Harry abusava daquilo.

— Tá... — murmurou, dando-se por vencido. — Só deixa eu me vestir.

— O.K.

— Espera lá fora!

— Não há nada aí que eu nunca tenha visto — riu baixinho com o olhar sangrento que recebeu. — E não há nada aí que eu não queira ver de novo...

— Por Deus, Harry, você não perde a oportunidade!

— Eu sei, mas eu estou desesperado — forçou um sorriso. — E você prometeu que seria meu amigo, amigos não tratam os outros assim!

— Amigos não ficam espiando os outros se vestirem — rebateu.

— Touché. Então, tudo bem, não precisa ser meu amigo.

Louis ainda sussurrou um “inacreditável” antes de desistir de discutir e foi até o guarda-roupa, vestindo uma cueca rapidamente por baixo da toalha mesmo. Deu uma rápida olhada por cima do ombro, vendo Harry a observá-lo atentamente.

Notou que ele não estava muito arrumado. Usava uma bandana branca e, milagrosamente, seu cabelo não parecia despenteado dessa vez. Seu jeans skinny desbotado trazia dois grandes rasgos nos joelhos e mais alguns buracos que o tempo se encarregara de fazer. A camisa xadrez estava mal abotoada como sempre, um casaco preto jogado por cima de qualquer jeito. Suas botinas marrons eram novas em folha, ele havia estado em Congleton na semana passada.

InstintoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora