— É só que você parece cansado, Lou. E está com um pouquinho de olheiras, bem fraquinhas.

Louis suspirou, jogando a franja comprida para o lado e pegando uma caixa de barrinhas de cereal.

— Semana passada foi o cio da Lottie. Eu mal dormi com ela e o Harry trepando no quarto ao lado.

O irlandês soltou uma risadinha, mas logo se silenciou.

— Ainda se incomoda com o Harry?

— Francamente, Niall, não sei como pode se sujeitar a dormir com ele — finalmente encarou o amigo. — Ele dorme com metade de Holmes Chapel, é como um michê!

— Não é assim, Lou... Eu sou ômega, tenho necessidades. Não consigo viver no celibato como você vive. Eu preciso sentir um alfa em mim — murmurou, as bochechas assumindo um tom rubro. — E convenhamos, que outro alfa tem nesse fim de mundo? Todos são comprometidos! Morro de inveja quando vejo um ômega exibindo a mordida do seu alfa por aí... Sabia que há quase três ômegas para cada alfa no planeta?

— Ai, Niall, para de tagarelar — resmungou e massageou as têmporas. — Minha cabeça vai explodir.

— Desculpa — o loirinho sussurrou. — Vamos comprar umas aspirinas... Mas Lou, você não pode ter dor de cabeça sempre que eu te falar a verdade.

Louis ficou em silêncio, então Niall continuou:

— Você já tem 22 anos, não é saudável ficar se masturbando no quarto por uma semana. Você precisa de um homem. Seu ciclo está todo irregular, você mal sabe quando vai entrar no cio!

— Eu sei sim. Vai ser sexta ou sábado.

— Você não tem certeza — Niall cruzou os braços.

— Não preciso ter certeza — girou os olhos azuis. — Essa conversa tá me irritando — continuou empurrando o carrinho, dessa vez em busca de aspirinas.

— Lou, eu entendo que seu pai fez muito mal pra sua família, mas não é porque ele fez aquelas coisas que todos os alfas vão fazer também...

— Niall, você pensa como quiser. Eu não vou me entregar para um alfa. Nunca. Eu sou autossuficiente.

— Ok.

E Niall não tocou no assunto pelo resto da manhã.

Depois das compras, Louis deixou Niall em casa e combinaram de se encontrar às sete na casa dos Tomlinson para uma maratona de Gossip Girl.

Chegando em casa, Louis foi direto para o quarto arrumar seu estoque de comida. Ainda era quarta-feira, mas ele preferia prevenir. Tomou um banho rápido e foi preparar o almoço, já que sua mãe e suas irmãs só chegariam para o jantar.

Ele sentiu uma pequena tontura ao descer as escadas e subitamente a sala parecia mais quente, no entanto ignorou tais sensações e seguiu para a cozinha. Ou quase.

Mal havia descido as escadas quando a campainha tocou, surpreendo-o. Não estava esperando visitas.

Abriu a porta sem ao menos olhar pelo olho mágico e arrependeu-se instantaneamente. Era o diabo parado na porta com um sorriso torto e covinhas nas bochechas. O diabo tinha o cabelo cacheado preso por uma bandana marrom e se vestia como um astro do rock, tão contrário à pacata Holmes Chapel.

Usava um jeans skinny preto com um imenso rasgo no joelho e botinas surradas. Uma camisa xadrez meio desabotoada completava o visual do maligno.

Louis notou quando as narinas dele se dilataram e os olhos verdes brilharam, e aquilo enviou uma corrente elétrica pelo seu corpo. Tratou de não deixar transparecer.

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