♕ A Mugunghwa do Libertino • 1 ♕

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Há tempos eu reinventava e ultrapassava os meus limites, não aguentando o tédio de ficar refazendo os passos de um rei, dia após dia, desde que me entendia por gente. Era tanta conversa fiada que eu mal conseguia ouvir outra coisa além de uma coleção interminável de resmungos.

Hierarquia, para mim, é eu estender a minha mão e o servo mais próximo colocar uma fruta nela, sem questionar o porquê de eu não ter esticado o meu braço só mais cinco centímetros para a esquerda, alcançando o alimento eu mesmo.

Leis, honra, dever, no fim, tudo sempre dá uma bela história na ficção, mas nenhuma felicidade na vida real.

Para que guerrear com espadas se eu posso conquistar com flores?

Aproximei-me ao máximo do muro do casarão e, com satisfação, notei que ele era mais alto de perto do que eu esperava, provocando-me uma sensação de desafio aceito dentro do meu estômago. Ele era o quê? Uns dois metros mais alto do que eu? Ah, fácil, fácil.

O príncipe mais bonito do clã Kim nunca desiste.

Esfreguei uma mão na outra e chacoalhei o corpo, aquecendo-me para escalar a única barreira que me separava da minha arma secreta: a flor Mugunghwa.

Aquele era o único jardim da região que as cultivava em abundância e eu não tinha como sentir-me mais sortudo por tê-lo encontrado.

Dizem que elas simbolizam imortalidade, prosperidade, desenvolvimento e uma série de outras baboseiras que eu preferia ignorar, focando apenas no significado que eu mesmo as atribuí desde que as utilizei pela primeira vez, há semanas.

Armas da sedução. Perfeitas para enlaçarem corações femininos.

Com alguns arranhões nas palmas das mãos e alguns resquícios de terra na minha roupa, consegui pisar na grama – aparentemente – mais verde do vizinho que, sem dúvidas, gastou todas as suas economias no cultivo do local, porque...

Uau... – admirei-me em um sussurro embasbacado. – Esse é o jardim mais bonito que eu já invadi.

Olhei em volta e, com cautela, comecei a arrancar as flores do solo, juntando-as em um singelo, porém elegante, ramo.

Senti o suor surgir na minha testa e umedecer os fios de cabelo que as cobria, também senti meu hanbok* grudar na pele úmida das minhas costas, lembrando-me do porquê de eu não gostar das estações coloridas do ano.

Eu tinha de ser rápido, porque, apesar de ser o...

Príncipe Taehyung? – Uma voz firme interrompeu meus devaneios, fazendo-me virar nos calcanhares. – Alteza? Por acaso está roubando essas flores?

Por meio segundo eu não soube o que pensar, ou como reagir, mas quando consegui colocar a cabeça no lugar e identificar o dono da voz, até soltei uma risada sarcástica.

– Achei que estivéssemos combinados sobre você me chamar assim somente na frente das damas, chingu*. – O cumprimentei com um aceno de cabeça.

– Tem razão – o guarda real mudou o peso de um pé para o outro, voltando a encarar o buquê em minhas mãos –, mas eu também me lembro de termos combinado de que você pararia de infringir a lei do seu reino, não?

Bufei e revirei os olhos, passando a mão livre nos cabelos e libertando minha cabeça do capuz.

– Como me encontrou? – Ignorei sua pergunta. – Se você pulou o muro, saiba que também infringiu a lei.

O jovem guarda sorriu, mostrando os dentes branquinhos e estreitando os olhos em duas linhas escuras. Seu uniforme estava impecavelmente ajustado em seu corpo forte, sua postura ereta parecia impenetrável, transmitindo-me toda a sua seriedade.

Empire • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora