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-A minha mãe…ela….- disse a Emily entre soluços.

Não era preciso ela dizer mais nada para saber que algo de mal tinha acontecido.

-Shhh… tem calma pequenina, vai tudo ficar bem.- tentei sossegá-la.

-Não Luke, não vai ficar tudo bem. Está tudo mal! Ligaram-me do hospital. A minha mãe está na merda de um bloco operatório em Portugal. E eu estou em Manchester caraças. Ninguém especificou o que aconteceu mas disseram que era mesmo importante que eu fosse lá, eu ou alguém da minha família. Eu tenho eu voltar para Portugal, tipo já!- gritou e eu apertei-a mais contra mim.

-Não achas melhor por agora pedires a alguém da tua família para ir lá hoje?- sugeri.

-Não Luke, eu sou a filha, eu não vou estar noutro país caso ela morra, eu não a vou abandonar como abandonei o Tom. Eu não vou deixar que a levem como levaram o Tom. Eu não lhe vou virar as costas, não à mulher que sempre acreditou em mim e me defendeu. Eu não sou capaz.

-Ok, tudo bem. Enquanto tu te acalmas e ficas aqui a beber um copo de água com os meus pais, eu e o Ben vamos comprar os bilhetes de avião, para o próximo voo para Portugal independentemente  da companhia aérea ou da classe em que vamos.

-Vamos?- perguntou confusa.

-Sim, vamos. Eu vou contigo, não te vou deixar sozinha num momento destes, só se fosse parvo. E não há discussão eu vou e está decidido.

-Luke não! Tu tens aqui a tua família eu não preciso que vás comigo.- soluçou.

-Acabou a discussão Emily, se eu ficasse cá o meu coração iria contigo e eu não me iria sentir bem, chega, eu vou.

-Sim Emily, o lugar dele é a teu lado, nós estaremos sempre cá e se neste momento precisas do apoio dele, ele irá contigo.- disse-lhe a minha mãe.

Eu saí da mesa de jantar e fui comprar as passagens, bem só havia de primeira classe e o voo era dentro de 3 horas, o que até calhar bem, visto que temos que ir até ao aeroporto e temos que lá estar 2 horas antes por causa do check in e essas coisas todas.

Agarrei nas nossas malas que ainda nem tinham sido desfeitas e fui para a sala. Puxei a Emily para um abraço e ignorando a minha família beijei-a com bastante intensidade e era um beijo que transbordava amor. Pelo menos da minha parte. Ela parou o beijo e estava bastante corada.

-Bem, devíamos de ir andando para o aeroporto, eu vou levar-vos.- sugeriu o meu pai.

-Ok.

Despedimo-nos da minha família e fomos para o aeroporto.

A primeira classe era bastante confortável e eu tenho a certeza de que iria aproveitar melhor se eu viajasse aqui devido a outros motivos, não devido ao facto da mãe da minha miúda estar num bloco operatório.

Quando o avião estava a descolar senti a Em apertar-me a mão.

-Está tudo bem Emily, eu estou aqui não precisas de ter medo.

-Ok.- respondeu e virou a cara para a janela lutando contra as suas lágrimas, mas o esforço foi em vão porque eu apercebi-me que uma se havia escapado.

Levei o meu polegar à sua face e limpei-lhe a lágrima. Quando avisaram que já podíamos retirar os cintos de segurança puxei-a para o meu colo e apertei-a contra o meu peito.

-Luke, eu não posso adormecer, eu não quero. Eu vou ter pesadelos.- soluçou.

-Não, não vais. Eu estou aqui, eu vou afastar os teus demónios todos. Eles não gostam de rapazes atraentes por isso eles não se aproximam de mim e se estás comigo nem de ti se aproximam.- concluí e vi um pequeno sorriso formar-se no seu rosto.- Aí está o sorriso que eu tanto gosto, embora pequenino mas está presente.- beijei a sua testa.

DarknessWhere stories live. Discover now