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Encontrava-me ao pé do lago do jardim que descobri naquela noite. Como é que eu me deixei chegar a este ponto? O que é que aquele rapaz tem de especial? Eu fui arrogante com ele desde o inicio, aumentei as minhas paredes e defesas e mesmo assim ele fez com que fosse minimamente mais simpática e, agora, depois do beijo que não demos, estava agarrado a uma vaca desesperada?

O que é que ela tem que eu não tenho? Um cabelo até ao rabo? Um rabo enorme? Umas mamas gigantes? Não me pareço com uma puta? Ela não tem problemas mentais como eu, é isso? Pois, pudera, ela nem pirulitos tem no cérebro, quanto mais problemas mentais? Boa Em, estás a julgar alguém ela aparência e tu és contra isso! Mas também o que é que isso importa neste momento? N-A-D-A. Eu sou livre faço o que quiser e ninguém me proíbe. Ok talvez a minha mãe proíba.

Estava a irritar-me com os meus pensamentos e eu tinha que me controlar se não ia acabar mal. E bem, só há algo que me reconforta quando o Luke não o faz. O quê? Mas que merda Emily, outra vez a pensar naquele otário? Bem, vamos lá tratar dos teus nervos. Comecei:

“Mama said, you're a pretty girl

What's in your head it doesn't matter

Brush your hair, fix your teeth

What you wear is all that matters

Just another stage

Pageant the pain away

This time I'm gonna take the crown

Without falling down, down

Pretty hurts

We shine the light on whatever's worse

Perfection is the disease of a nation

Pretty hurts

We shine the light on whatever's worse

Tryna fix something

But you can't fix what you can't see

It's the soul that needs the surgery”

As lágrimas teimaram em querer cair, mas eu sou forte e não as irei derramar por quem não vale um caralho. Mas também como poderia ele valer algo que não tem? Bem, eu não sei, mas pelo menos não teve tomates e disso tenho a certeza. Se ele os tivesse teria vindo atras de mim, certo? Não, não está certo, és tão ingénua! Ele não gosta de ti, abre os olhos Emily!

-Grrr, odeio a minha vida.- gritei frustrada. Sim gritei, afinal estava sozinha no parque. Acho eu.

-A tua voz está muito melhor, se já era uma excelente cantora então agora nem se fala! Porém és uma rapariga que se demonstra revoltada com a vida.- ouvi uma voz, bastante familiar, atrás de mim. Não sabia bem a quem pertencia, mas no momento em que me virei para encarar a voz, fiquei estática.

-Então? Olha essa cara querida, parece que viste um monstro.

-Filho da mãe, afaste-se de mim. O senhor não sabe uma merda sobre a minha vida.- respondi calmamente. Estou impressionada comigo mesma. Consegui manter a calma perante o Homem dos meus pesadelos e aquele que me segue. Tenho a sensação de que foi ele que contratou alguém para me violar.

-Eu vou, mas não te esqueças que tudo o que vai, um dia acaba por voltar. Toma cuidado. Adorei ouvir-te cantar outra vez, se não o tivesses morto arriscaria em dizer-te que estou muito orgulhoso, mas mataste-o e por isso não tenho qualquer sentimento de orgulho em ti. Até breve.

Fechei os olhos com força na esperança de quando os abrisses isto não tivesse passado de um mero pesadelo, mas quando os abri a realidade atingiu-me fortemente e para minha infelicidade isto foi real. Ele era real. Ele dialogou comigo sem ser nos meus sonhos maus. Era suposto eu ficar assustada com a sua “ameaça”? É que eu não fiquei. Estou a foder-me para ele. Ele não me pode fazer pior do que já fez. Ele é um dos responsáveis por eu ser o bloco de gelo ambulante que sou.

DarknessWhere stories live. Discover now