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-Ahm, Em, podemos falar por favor?- perguntou receoso.

-Não caralho, afasta-te de mim.- disse e continuei a andar.

Senti-o a agarrar-me o braço e a puxar-me para ele. Os seus braços rodearam, rapidamente, a minha cintura. Como é lógico eu não o abracei de volta, mas encostei a minha cabeça ao seu peito. MAS O QUE É QUE SE PASSA COMIGO? ELE ATIROU-TE À CARA QUE TENS PE… SONHOS MAUS.

- Desculpa, eu não quis dizer aquilo. Eu sou um atrasado não deveria ter dito o que disse, não medi o peso das palavras.- sussurrou-me ao ouvido, causando-me arrepios por todo o meu corpo.

-Sim és um atrasado, mas não podes retirar aquilo que disseste nem alterar os danos que possa ter causado. Afinal é passado e o passado é inalterável.- sussurrei de volta ainda com a cabeça encostada ao seu peito, sim ele é muito mais alto.

-Por favor, desculpa-me- implorou.

Abri a boca para lhe responder mas as palavras estavam entaladas e pareciam não querer sair.

-Até amanhã.- disse arrogantemente enquanto corria dali para fora.

Mas quem é que ele é? Chega aqui, tenta seduzir-me e pede desculpa? E quem sou eu? “Até amanha!”? Até parece que o queres ver outra vez! O que eu quero é que ele vá para o caralho e não volte.

**

Uma noite sem pesadelos, estou espantada! O meu cérebro deu-me descanso.

Arranjei-me, tomei o pequeno-almoço com a Ash e fomos até à Universidade. Hoje não estava para muitas conversas e creio que Ash entendeu isso, porque não me forçou a ter qualquer tipo de conversa.

Fui para a minha primeira aula, filosofia, eu adorava aquela disciplina. Como não gosto de confusão fui a ultima a sair da aula e so me dirigi à casa de banho perto do fim do intervalo.

Decidi ligar à minha mãe, era a primeira vez que o fazia desde que cheguei a Londres. Pressionei a opção “chamar” e ela atendeu após o primeiro toque.

-Em, és tu meu amor?

-Sim sou eu mãe, e não me chames esses nomes pirosos.- reclamei.

-Desculpa lá, está tudo bem? – perguntou.

-Sim, quer dizer não, não sei. Acho que ontem tive um ataque e acho que parti várias coisas.

-Achas ou tens a certeza?

-Eu não sei mãe, eu não me lembro.

-O que achas que te fez voltar a ter esses ataques fortes?

-Eu não sei, eu não sou médica ao contrário de ti! Ah e a voz voltou a aparecer nos pesadelos, tive 2 em menos de 24 horas.

-Olha querida vou ter que desligar, tenho aqui uma paciente.- desligou a chamada sem me dar tempo para responder.

És tão estúpida Emily, pensas-te mesmo que ela fosse ter tempo para ti? Que ela fosse sentir saudades tuas? A voz tem razão, ninguém gosta de mim, vou acabar sozinha.

A raiva começava a aumentar no meu cérebro, o meu coração estava a congelar cada vez mais e comecei a sentir mais dor e angústia do que normalmente sinto. Sentei-me em cima do tampo da sanita, retirei a lâmina da minha carteira e deslizei-a, vezes sem conta, pelo meu pulso, fazendo por vezes uns cortes mais profundos. A dor parecia acalmar, contudo o meu choro começava a ser mais audível, eu queria gritar mas não conseguia, queria fugir mas os meus pés não se moviam.

O meu corpo estava fraco e sentia os olhos a fechar até que ouvi alguém chamar por mim.

-Emily! Merda, onde é que estás?

DarknessWhere stories live. Discover now