— Não me olhe com essa cara! — Revirou os olhos, enquanto adentrava no salão. — Cheguei no horário combinado pontualmente, então não estou atrasada.
— A senhorita quase se atrasou. Da próxima vez, quero que chegue com antecedência.
— Não estou vindo por vontade própria; nem se eu viesse, gostaria de chegar mais cedo nesse lugar para sofrer! Você disse que era para não me atrasar, e eu não atrasei. Pare de cobrar tanto de mim! — Amelin demonstrou todo o seu aborrecimento com a situação, acrescentando por fim: — Já estou vendo que o dia vai ser uma tortura e nem começamos a treinar! Que inferno. Já estou muito dolorida por causa do treino de ontem! Acho melhor você não testar a minha paciência, treinador. — Lançou-lhe um olhar ameaçador. — Lembro que ontem o senhor me ameaçou caso eu não controlasse a minha língua.... Também lembro muito bem que você comentou sobre o perigo que eu devo evitar. — Pausou sua fala, olhando-o intensamente. — Agora é a minha vez de te avisar. Tente controlar e me provocar para você ver as consequências!
Algo extraordinário aconteceu. Suas mãos formaram um invólucro de chamas, involuntariamente. Ao dar-se conta de que fizera aquilo, Amelin assustou-se e desesperou-se.
Sem contra argumentações, Sebastian ponderou que seria melhor não aumentar o nível e a prolongação daquela discussão. Ele notou que poderia ser muito perigoso afrontá-la naquela instabilidade emocional e de poderes. Apressou-se em buscar um extintor de incêndio para controlar Amelin, que, por ter aumentado a sua instabilidade, aumentou a impetuosidade das chamas.
— Vossa alteza, se acalme. Tudo bem, já entendi. Deixe-me ajudá-la. —Apertou a válvula do extintor e eliminou o invólucro de chamas. — Está melhor? — Amelin afirmou, com uma expressão suavizada. Seu corpo, que antes estava rígido, tornou-se envergado e amolecido, de forma que ele se preocupou de imediato. Ela poderia desmaiar se não se recompusesse. — Por favor, tome um pouco de água e sente-se; deixe-me ajudá-la. Você não pode treinar assim, tão abalada. É perigoso e você pode passar mal. — Arrastou uma cadeira de madeira e a ofereceu para a princesa, que foi ajudada a sentar-se, assim que se pronunciou afirmativamente.
Amelin bebeu um longo gole de água, respirando fundo em seguida. Ficou parada por alguns minutos, inspirando e expirando profundamente, até se recompor por completo. Ao se sentir pronta, exclamou:
— Já podemos começar o treino! Estou me sentindo melhor, Sebastian.
— Tem certeza, vossa alteza?
— Sim, tenho. Aliás, gostaria de entender o que acabou de acontecer — questionou, ainda preocupada.
— Seus poderes ainda são muito recentes e instáveis; se você se descontrolar emocionalmente, seus poderes podem surgir de forma involuntária. É como se você fosse uma criança condutora, que ainda está aprendendo a usá-los. Com o tempo, você terá controle sobre eles e ficará mais fácil de manipular. Além disso, usar os poderes gastam muita energia, o que deixa o corpo enfraquecido. Você entendeu?
Amelin demonstrou compreender a explicação de Sebastian, afirmando a cabeça. Lembrou-se da sua viagem a Kingston, até o portal de Hammerlock, quando Félix a trouxe de volta para o reino. Ela o havia ajudado com o ladino na beira da estrada e Félix lhe explicara que sua pressão corporal e energia caíram por ter utilizado seus poderes.
— Tem mais alguma dúvida? — Sebastian a retirou do devaneio. Ela negou. — Podemos dar continuidade para o treinamento?
— Sim, podemos.
— Você está muito dolorida?
— Sim, meu corpo todo está doendo e latejando.
— Ótimo! Essa é a intenção. Significa que está surtindo efeito e vai te preparar o suficiente para os desafios que virão, em breve.
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Illuminata Naturae
FantasyO que você faria se, de uma hora para outra, acordasse em um mundo onde seres mitológicos como sereias, trolls e fadas, de fato existissem? Amelin Callegari vivia uma vida como uma jovem normal nos dias de hoje. Entretanto, acontece uma enorme revir...
Capítulo Dez
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