-Está bem, está bem.- cedi .

Eu fui até à cozinha preparar as nossas taças de cereais enquanto ele ficou a pôr o filme no leitor de DVD’s.

Sentei-me ao pé dele no sofá e ele aconchegou-me no peito dele. Coloquei a minha taça por cima das suas pernas e ele colocou a dele por cima do braço do sofá. Eu sentia-me tão bem assim, nos braços dele, agarrada a ele, por vezes bastava só estar perto dele que um sentimento de relaxamento fluía pelas minhas veias e pelos capilares de modo a chegar a todas as células. Sentia também algo que eu desconheço, ao pé dele os cantos da minha boca ganham vida própria e levantam-se, os meus olhos verdes ganham uma tonalidade mais clara, e eu não sinto aquela vontade de desaparecer ou de matar alguém, será isto a que chamam de felicidade? Talvez, mas eu sei que só vou fazer merda se me entregar a ele desta maneira. O maior erro que podemos cometer é entregar a nossa felicidade a alguém, porque depois a nossa felicidade irá depender desse alguém e se ela não estiver feliz nós também não estaremos, e se algum dia algo acontecer entre nós e essa pessoa e ela se afasta, leva consigo toda a nossa felicidade, deixando-nos no buraco escuro uma vez mais, mas desta vez o buraco parece mais doloroso. Gostaria de evitar sentir-me assim, mas eu não consigo.

Fui despertada por uns lábios a chocarem contra os meus, e deixei-me levar pelo seu sabor. Um sabor doce mas forte, assim como a sua personalidade. Luke é um rapaz doce, mas é bastante forte, se ele ainda me atura e ainda não está na escuridão é porque é forte.

Quando nos afastámos apenas sorrimos um para o outro.

-Por que me beijas-te?- inquiri curiosa.

-Porque queria trazer-te de volta para mim.- respondeu.

-Oh, desculpa estava perdida nos meus pensamentos.

-Eu notei.- disse acariciando-me a face com o seu polegar.

Com isto, continuámos a ver o filme e a comer os cereais.

O filme acabou e tenho eu dizer que até foi divertido, como era um comédia romântica cada vez que algum casal se beijava, Luke beijava-me ou eu a ele. Nenhum de nós se queria levantar do lugar e eu não sabia o que fazer ou dizer.

-Deixa-me ajudar-te, deixa-me lutar a teu lado, deixa-me fazer-te feliz!- pediu Luke num sussurro.

-Tu só te vais magoar Luke, e eu vou magoar-me e eu não quero. Além disso, eu não tenho cura possível, o meu destino está traçado e eu só tenho eu seguir o caminho que me foi definido.

- Tu escolhes o teu destino Emily, cabe a ti decidir o que é melhor ou não para a tua vida. Por favor deixa-me ajudar-te.

-Eu não sei Luke, eu não quero que fiques igual a mim e eu não me quero apaixonar. Eu não quero dar o meu coração a alguém e depois ficar sem ele. Simplesmente não consigo Luke.- sussurrei.

-E que tal se tentarmos devagar? Nada definido, demoras o tempo que precisares para confiar em mim e enquanto isso continuamos com esta espécie de amizade com beijos pelo meio que temos sim? Quando te sentires mais confortável, aí poderemos pensar em algo mais sério.- sugeriu com uma ponta de esperança nos seus olhos e na sua voz.

-E se eu me magoou? E se tu te magoas? Eu não te posso arrastar para os meus problemas.- retorqui.

-Eu protejo-te, estou aqui para isso.

-E quem te protege a ti?- perguntei.

-Enquanto estiveres a meu lado eu não me irei magoar.- disse depositando um beijo nos meus lábios.

-Luke…- sussurrei contra os seus lábios.

-Por favor Em…- pedinchou.

-Eu… eu… acho que… posso tentar.- respondi envergonhada, sem saber muito bem aquilo em que me estava a meter.

DarknessWhere stories live. Discover now