Capítulo 29

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Halima e eu saímos da conversa com Haz e fomos até a escola para as outras aulas do dia, apesar de termos perdido a primeira. Nós duas checávamos nossos celulares com uma frequência quase paranóica para sabermos notícias dele e de sua conversa com Tom, além de ter certeza de que as fotos chegariam até nós.

— Você acha que ele vai conseguir essas fotos, amiga? – perguntou Halima, com a boca cheia de salada no refeitório. Seu olhar era preocupado.

— Acho que sim, Hali... não vejo porque não conseguiria. Não sei qual história ele vai inventar pra isso, mas acho que consegue sim... – eu mexia com uma colher uma sopa de abóbora até que ela esfriasse um pouco.

— E você já sabe como vai pressionar Bruno pra tentar tirar algo dele?

— Ainda não... – tamborilava com os dedos na mesa e torcia os lábios, pensativa. – Mas deixa comigo que com aquele lá eu me viro!

— Será que a gente resolve isso essa noite? – Halima soltou seu garfo e recostou-se na cadeira, com um sorriso esperançoso.

— Acho difícil... – abaixo os olhos – "Resolver", pra mim, significaria estar tudo bem com Tom e que ele acreditasse em mim. E eu tenho lá as minhas dúvidas a esse respeito. Sei lá, sabe? Eu tô tendo que fazer toda uma investigação pra provar pra ele que eu não fiz nada... Será que vale a pena?

— Acho que isso só você pode responder, Cecília. – minha amiga prosseguiu, calmamente. – Tom vale o esforço?

A pergunta de um milhão de dólares... Bem, não tem resposta fácil. Enquanto me distraía com o almoço, lembrei-me da primeira vez que cruzei com Tom na entrada do nosso prédio e da segunda vez também, quando conversamos com mais calma. Pude sentir quase como se revivesse o frio na barriga quando vi os olhares curiosos dos amigos de Tom quando fui levar as tortinhas pra ele querendo pagar de boa vizinha. Passava como um filme diante dos meus olhos aquele abraço meio desajeitado da festa na casa dele, do seu cheiro na minha roupa no dia seguinte e do nosso beijo cura-ressaca no seu sofá. Pude sentir um sorriso brotar em meu rosto quando me voltou à memória o nosso jantar romântico via facetime, a crise de tosse quando tentou me surpreender na França, do seu corpo sobre o meu naquela cama e até mesmo do beijo que selou a reconciliação da nossa primeira briga.

— Vale... – olhei nos olhos de Halima com um sorriso largo – E eu vou ser uma completa idiota se eu não me esforçar por ele e por nós. Ele merece isso.

Hali sorri com o meu sorriso e se levanta da mesa para me abraçar, e assim permanecemos por alguns instantes até que sinto o meu celular vibrar no bolso do meu casaco. Nossos sorrisos aos poucos se transformam em feições apreensivas em nossos rostos e sentamos de volta em nossos lugares para terminar de comer.

Um frio invade a minha espinha enquanto desbloqueio meu celular para ver a mensagem que obviamente era de quem esperávamos.

Haz

"Acabei de encontrar com Tom. Almoçamos juntos."

Cecília

"E aí?"

"Me conta tudo, por favor!"

Haz

"Perguntei como estavam as coisas entre vocês..."

"Ele me contou a versão dele. Parecia estar bem magoado."

"Me disse, entre outras coisas, que você nunca quis algo sério com ele."

"Cecília, isso é verdade?"

Cecília

"É, de certa forma."

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now