Capítulo 15

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Já havia se passado quase uma semana desde que eu soube que havia sido selecionada para estagiar com Ms. Wright e antes mesmo que eu me desse conta, já estava novamente arrastando minhas malas pelo saguão de um aeroporto. O vôo foi rápido e tranquilo, e em pouco menos de 1h30 eu, Ms. Wright e mais dois estagiários já havíamos chegado ao aeroporto Charles de Gaulle e estávamos tentando encontrar a melhor forma de cada um chegar até o lugar que decidiu se hospedar durante o período do estágio. Ms. Wright ficaria em um hotel, com suas despesas pagas pelo seu amigo que a contratou e cada um dos estagiários buscou sua residência temporária por conta própria.

- Brandon, Cecília, Alexia... - Ms. Wright fez sinal para que todos nós, seus estagiários, nos aproximássemos dela antes sairmos no desembarque - Todos já tem o endereço do hotel, certo? Se eu selecionei vocês para trabalharem comigo, vocês devem saber melhor do que nenhum outro aluno que eu não tolero atrasos. Leonard é um amigo meu de longa data e o trabalho que devemos fazer para ele não deve ser menos do que primoroso!

- Sim, Ms. Wright! - respondemos em uníssono.

- Certo. Agora vão buscar suas acomodações e encontro vocês amanhã às 7h30 na cozinha.

Depois de apanhar um pouco do Google Maps para achar o endereço do apartamento que havia alugado no Airbnb, decido pegar o trem até Paris. Durante a curta viagem de cerca de 1h30 do Charles de Gaulle até o bairro do Marais, onde ficava o hotel onde trabalharia e o apartamento, tudo me impressionava. A forma como os parisienses pareciam mais passionais e afetuosos, aquele idioma tão sonoro e os artistas nas estações... Tudo parecia cena de filme pra mim, sobretudo com o sol se pondo no horizonte em um dia claro. Sinto o celular vibrar.

Tom

"Paris continua sendo linda como me lembro?"

Cecília

"Provavelmente... ainda estou no trem!"

"Mas tudo aqui parece diferente."

Tom

"É como se o tempo passasse diferente, né?"

"Talvez mais devagar..."

Cecília

"Talvez ainda seja cedo pra falar, mas parece mesmo."

"Quando eu chegar no apartamento eu te aviso!"

Antes que eu guardasse meu celular de volta no bolso do casaco, Tom me envia uma foto de um bulldog francês aleatório, com uma boina vermelha, uma roupinha listrada e um lencinho amarrado em seu pescoço. Aquilo aqueceu o meu coração e me fez sorrir. Respondo a ele com uma selfie minha encostada na janela do trem com um sorriso besta e fazendo um sinal de joinha com a mão.

Desembarco do trem e vago distraidamente pelas vielas estreitas do Marais, tentando gravar em minhas retinas cada cantinho de cada fachada daquele lugar tão charmoso. Eis que, no horário combinado, toco a campainha do interfone do proprietário do apartamento que aluguei.

- Bonsoir? - dizia a voz, saindo do pequeno autofalante.

- Thierry? Aqui é a sua hóspede, Cecília! - respondi, em inglês, já que ele já havia me antecipado que falava inglês.

- Ah sim, sim! - a porta instantaneamente foi aberta eletronicamente.

Subo cuidadosamente as íngremes e estreitas escadas de madeira do antigo prédio. O chão acarpetado e o papel de parede antigo traziam consigo um leve cheiro de nicotina, que provavelmente foi absorvida por muitos anos. Ao chegar no terceiro andar, toco a campainha de Thierry.

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now