"Da terra procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo." Jó 28:5
O jantar ocorreu de forma agradável, logo após de uma breve oração guiada pela sogra. Brenda havia feito deliciosas costelas de porco com purê de batatas e ervilhas, e Alyssa comeu até dizer 'chega'.
Morava sozinha e, apesar de saber cozinhar suficientemente bem, nunca tivera tanto tempo para isso e mal lembrava a última vez que tivera uma refeição decente onde não acabava com queimaduras de panelas e cortes nos dedos pelo manuseio de faca ao cortar os legumes.
- Espero que caiba um espaço para a sobremesa. - Brincou a senhora. Quando ia deixar a mesa para pegar o doce, no entanto, um barulho alto se fez ouvir no andar de cima, como se alguém tivesse derrubado algo. Alyssa sentiu o ambiente tensionar por um instante, e ela quase podia jurar que tinha sido coisa de sua cabeça pela rapidez com que se dispersou. Com um sorriso cansado, Brenda suspirou. - Ah, esse maldito gato... Semana passada foi meu vaso grego, só Deus sabe o que mais ele vai quebrar. Me deem licença um minuto.
Brenda deixou a sala de jantar com visível pressa, subindo as escadas pela cadeira, que travou algumas vezes no caminho (além de um barulho meio estranho no mecanismo que a fez a mulher duvidar se aquilo era seguro mesmo).
- Viu? Funciona perfeitamente. - Brincou Jimmy, segurando a mão da esposa. - E então, o que está achando? Sabe que ela vai te encher de casacos e tapetes de tricô por causa do seu comentário, não sabe?
- Está tudo tão perfeito que eu mal posso acreditar que seja real. - Riu ela, balançando a cabeça. - E não vou reclamar se ela fizer isso. Não temos muitos tapetes para enfeitar a nossa casa.
"Nossa casa...", pensou Alyssa, emocionada. Apenas naquele momento sua ficha começara a cair. Estava finalmente casada.
Os dois se beijaram brevemente e logo começaram a retirar a mesa do jantar.
Jimmy arrumou a mesa para a sobremesa e pegou uma bela torta de pêssego de dentro da geladeira, enquanto insistia para que Alyssa deixasse a pobre louça em paz. O que não funcionou, pois a mulher enfrentou a pilha de pratos, copos, talheres e travessas com a coragem e agilidade de uma guerreira contra a gordura insistente da carne.
Quando enfim Brenda aparecera, parecia alguns fios de cabelo mais desalinhada.
- Ah, quanta gentileza! Espero que goste de pêssego, minha querida. - Exclamou a mãe de Jimmy, admirando a pia limpa com aprovação.
- É meu doce favorito, Senhora Donovan. - Sorriu Alyssa, de forma sincera. Depois do jantar, não tinha dúvidas de que a sobremesa estaria tão boa quanto. Além disso, não mentira; torta de pêssego era realmente seu doce favorito e sua boca chegava a salivar só com o aroma daquela maravilha.
- Não, não, me chame de Brenda. Afinal, você é a nova Senhora Donovan! - Ralhou a idosa, colocando as mãos na cintura.
Logo o doce foi servido, e a conversa voltou a fluir alegremente.
- Então, o que foi dessa vez? - Perguntou a moça, servindo-se de mais um pedaço de torta.
- Desculpe, o que disse? - Indagou Brenda, franzindo a testa, confusa.
- O gato. O que ele quebrou dessa vez?
- Ah, sim! - A idosa balançou a cabeça, rindo. - Felizmente nada, apenas derrubou alguns frascos de remédio. Aliás, acho que estou com problema s em uma lâmpada no andar de cima. Poderia ver isso para mim depois, querido?
- Claro. - Afirmou Jimmy, roubando um pedaço da torta de Alyssa, fazendo com que a mesma desse um tapa indignado em sua mão. - Acha que pode ficar sem ela mais esta noite?
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Doce Inocência
Mystery / ThrillerEntão, Alyssa finalmente estava casada. Uma casa bacana, um marido atencioso e uma bela aliança dourada repousando em seu dedo anelar. Tudo o que ela mais desejava, depois de sair de um relacionamento conturbado que quase a fez desistir do amor, est...