Terça.

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Japão, Tokyo. 04:00.




A noite do evento seguira tranquila e até mesmo satisfatória.

Gazel achara que tudo havia se perdido. Achou, de fato, que após o aparecimento repentino de Nagumo Haruya, a festa já não seria mais a mesma. Nunca imaginou que o ruivo pudesse dar as caras, muito menos se ajoelhasse aos seus pés daquela maneira, aos prantos, como Suzuno nunca vira antes. Porém, após todo o ocorrido e a breve conversa que tiveram, não o vira mais pelo local. Encontrou-se com seus amigos, esteve acompanhado de Tatsuya Kiyama durante todo esse tempo, mas já não vislumbrava o empresário da Prominence por ali. Ainda remoía todas as suas palavras e o seu choro angustiado; remoía em si o seu pedido de desculpas, suas indagações sem sentido, suas promessas desajeitadas. Seu coração parecia querer sair pela boca todas as vezes em que lembra-se de seus olhos úmidos e vermelhos fixados em si, que pareciam implorar-lhe por entendimento e perdão. Ao menos, Gazel agora sentia-se um tanto mais leve. Tinha em mente que tal diálogo fora mais do que útil para que ambos tomassem uma decisão de como agiriam daqui para frente.

Com esforço, Suzuno Fuusuke não deixara que tais pensamentos estragassem sua noite, pelo menos até que estivesse em casa novamente.

E fora o que aconteceu; o evento acabara às quatro da manhã, durando bem mais tempo do que o estilista cogitara antes. Chegou ao lar junto à Midorikawa e Clara, já que ambos dormiriam consigo. O esverdeado fora o primeiro à apagar, deitando-se no sofá e dormindo logo em seguida, denunciando a sua exaustão e principalmente a quantia exagerada de bebidas que consumiu durante a festa. Já Clara e Gazel... Bem, tinham motivos para lutarem contra o sono naquele momento.

- Me diz que não esteve com ele.

Foi a primeira frase no qual a moça proferiu depois de Midorikawa pegar no sono, referindo-se à Nagumo Haruya. Suzuno sabia que ela ficaria irritada, mas deveria ser sincero para com ela, uma vez que tudo isso não passava de preocupação.

- Estive. - Respondeu, enquanto retirava o blazer. Clara suspirou fundo.

- Pode me tranquilizar!? Se ele tiver feito algo à você, Gazel...

- Primeiro: como soube de sua presença ali? O viu?

- Vi a sebosa da amiga dele.

- Fala da Rean?

- Ela mesma.

- De fato, ela era a acompanhante dele. - Respondeu, caminhando até a cozinha. - Segundo, ela tentou algo com você? Deve saber que é minha melhor amiga.

- Ela não é nem louca, Gazel. Eu desço o cacete no meio da fuça daquela vagabunda e ela não aparece mais na minha frente.

- Não te conheci violenta assim.

- A questão não é essa. Você esteve com ele, certo? - Questionara, sentando-se em uma cadeira. - O que rolou?

- Muito choro, pode-se dizer. - O rapaz voltara da cozinha com dois copos com água em mãos. Entregou um para a amiga, permanecendo com o outro após sentar-se ao lado da moça. - Aqui, querida.

- Obrigada. - Agradeceu, tomando um gole.

- Basicamente - Voltara ao assunto prontamente, suspirando fundo. - Nos encontramos e conversamos sobre. Eu me abri para ele, sabe, Clara? Coisa que nunca fiz. Disse-lhe tudo o que eu sentia, disse-lhe sobre a raiva que aquilo me proporcionava, sobre o quão me sinto usado e descartado o tempo inteiro.

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