Fecho os olhos outra vez, esperando que a minha respiração normalizasse. Tantos pensamentos para poucos minutos acordada. Espero um segundo, antes de abrir os olhos outra vez e levantar da cama.

Ando pelo quarto e caminho até as janelas, afastando as cortinas. A claridade lá de fora me incomoda, fazendo com que eu feche os olhos por alguns segundos e pisque algumas vezes até me acostumar com o sol. Hoje era um novo dia e por mais que eu ainda estivesse presa - de certa forma -, ainda conseguia me sentir mais liberta do que em Duskin. Talvez porque eu não tivesse obrigação alguma ou porque não existe mais nenhum abuso.

Levo minha mão até a correntinha no meu pescoço e seguro no pingente em formato de uma pomba. Eu nunca parei para pensar no significado daquele pingente. Na noite em que a minha mãe me deu de presente, ela disse que significava renovação. Um novo ciclo. O encontro da vida. Eu não sou de acreditar nessas coisas do universo ou destino. Mas desde o instante em que Horation me tirou daquela casa, eu venho pensando sobre as inúmeras vezes que tentei tirar a minha própria vida e não consegui - incluindo, é claro, a noite passada, em que mais uma vez ele me salvou - Descobrir o que o futuro me reserva, estava me deixando curiosa.

Tinha que haver uma explicação!

— Destino! — bufo e balanço a cabeça. Quanta asneira!

Deixo meus pensamentos de lado e respiro fundo soltando o pingente. Me endireito e caminho até o banheiro para tomar um banho e me erguer de verdade.

Entro na cozinha - que até então era o único caminho que eu havia decorado perfeitamente bem - e me deparo com Arthur, sentado e tomando seu café da manhã

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Entro na cozinha - que até então era o único caminho que eu havia decorado perfeitamente bem - e me deparo com Arthur, sentado e tomando seu café da manhã. Eu sabia que estava tarde - quase meio dia para ser mais exata - e me surpreendi ao vê-lo na cozinha para o desjejum, tão tarde assim. Não o questionei, afinal não era da minha conta e eu acho que nem deveria estar tão perto assim dele, sem nenhum dos seus irmãos estarem por perto.

— Bom dia, Mia! — ele sorri. — Fiz seu café da manhã, mas você demorou e eu acabei comendo. Não consegui esperar e não podia interromper o seu sono. Horation me disse que você precisava descansar, mas eu precisava comer, então... — ele encolhe os ombros e abre as mãos, como se dissesse que não teve escolha.

Arthur me arranca uma risada baixa. Eu poderia facilmente me apegar a esse menino. Ele me parece ser uma excelente companhia e se Horation pretende me deixar aqui, eu gostaria de me aproximar de Arthur. Quem sabe não nos tornássemos amigos?

— Não se preocupe, Arthur. — sigo até o armário e no caminho olho para a mesa.

Arqueio as sobrancelhas ao ver o estado dos waffles e as torradas que suponho que ele mesmo havia preparado. Estavam todas queimadas e parecia mais duras que o prato. Quase rio, mas me contenho prendendo os lábios e respeito fundo. Só então tenho coragem de me virar para ele.

— O que você acabou comendo, então?

— As frutas, porque são as únicas coisas que eu sei fazer. É só lavar e cortar. Não existe coisa mais simples! — ele diz e volta a comer como se nada tivesse acontecido.

Segredos no Escuro - Irmãos Santori I.Where stories live. Discover now