CAPÍTULO 03

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Now we got problems
And I don't think we can solve them

Taylor Swift

HORATION

— Por favor, me responda! — falo um pouco ríspido, mas sem elevar o tom de voz.

Ela continua com a mesma expressão apavorada, me olhando como se eu fosse um demônio com calças. Parecia que a cada segundo que passava, se encolhia mais. Acho que, se fosse possível se misturar à parede, com certeza já o teria feito. Engatilho a arma e novamente, aponto para ela, já perdendo a paciência. Eu não suportava que me olhassem por muito tempo. A vejo virar o rosto para o lado e só então, percebo que até seus lábios tremiam.

— Mia. Mia Alianovna. — ela diz com a voz trêmula e volta a olhar para mim, como se estivesse esperando que eu reagisse à revelação.

Franzo o cenho ao ouvir o seu sobrenome, que por alguma razão, não me era estranho. Me lembro de meu pai ter comentado conosco, há algum tempo, sobre a traição que envolveu a Barbarians e os Alianovna. Ele não nos deu muitos detalhes na época, mas disse que foi um banho de sangue. Nada que pudesse nos atingir, afinal, a Società nunca teve qualquer tipo de contato com a Barbarians. Não com relação à negócios.

Ela deveria ser a filha do patriarca Alianovna. Ou, no mínimo, alguém muito próximo da família. Isso explicaria o motivo de estar na casa do Capo e ser tão terrivelmente maltratada. Por anos, ao que me parecia. Knayev deveria tê-la sequestrado ou simplesmente a obrigado a satisfazer suas vontades de merda, como uma eterna vingança. Filho da puta! Com certeza, Mia era uma criança na época. Se não, um pouco além disso. Pensar nessa possibilidade, por alguma razão, acendeu em mim mais uma faísca de desejo de vingança. Filho da puta, eu iria matá-lo. E bem devagar.

Abro a boca para lhe perguntar outra coisa, mas sou interrompido por um rompante na porta. Olho para trás, já pronto para atirar, mas fecho a cara quando vejo Matteo. Baixo o braço, pela primeira vez, percebendo que o barulho tinha chegado ao fim. Olho para ele e o analiso por completo.

— Você está bem? — questiono guardando a arma no coldre.

— Eu? Melhor impossível! — Matteo diz, dando um breve sorriso ao se aproximar.

Meu irmão se inclina na direção da loira que ainda estava encostada na parede. Ela o fita e agora, o seu semblante parecia mais assustado que antes. Talvez por ver meu irmão banhado de sangue, diferente de mim que não estava tão sujo assim. Matteo realmente fazia um estrago sem se importar com absolutamente nada. Eu preferia manter as minhas roupas intactas, se possível.

— Hum! Achou uma prostituta para engolir o seu pau e o meu?

— Ela estava trancada sozinha aqui. Não encontrei Knayev. Ele não está em lugar algum. 

— Ele tem que estar em algum lugar. Não vai nos contar onde, boneca? Aposto que você sabe bem. — Matteo se aproxima e toca no rosto dela que, no mesmo instante, vira a cabeça para o lado, provavelmente com medo. — Fala agora, ou eu vou estourar essa sua linda cabecinha. O que seria uma pena, porque você é bonita para cacete! Meu pau está latejando. — ele se endireita e aponta a arma para ela.

— Eu não sei! — Mia responde, ainda de olhos fechados e tentando, a todo custo, juntar forças para se afastar dele. — Por favor, me deixe em paz! — ela choraminga e cerra os punhos, baixando mais ainda a cabeça.

Olho para ela e observo o jeito como estava se agarrando às próprias pernas. Franzo o cenho e olho para Matteo, me aproximando o suficiente para tocar no seu ombro e fazê-lo se afastar dela.

Segredos no Escuro - Irmãos Santori I.Where stories live. Discover now