Capítulo 7

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O grupo saiu da casa da colina e ficou no pátio, próximo aos carros, conversando.

– Como foi, Amália? – Quis saber Ramon. – Como se sentiu?

– Não dá para explicar! Eu me desprendi e vi o aparelho logo acima da minha cabeça. Virei, como sempre faço, para ter certeza de que meu corpo estava lá, deitado. Voltei-me para cima e continuei entrando no cilindro, cada vez mais próximo, mais próximo. De repente, estava bem ao lado da casa abandonada, como se meu corpo estivesse lá. Na verdade, melhor que isso, porque tudo era muito claro, nítido.

– Meu, não vejo a hora de voltar amanhã! – Revelou Patrick. – Já pensaram em tudo que poderemos fazer? É coisa de super-herói!

– Acho que não vai ser bem assim. – Advertiu Amália. – Creio que o doutor terá regras rígidas para mexer com esse negócio.

Todos concordaram. Pedro continuava se sentindo deslocado.

– Pedro, e aí? Acha que você consegue? Ele está apostando que sim. – Provocou Patrick.

– Cara, deixa ele em paz. – Protestou Ramon. – Se ele já fez isso uma vez na vida, vai conseguir de novo, só precisa de um intensivo, e eu posso ajudar. Quanto a você, tem certeza de que vai conseguir, Patrick? Ou vai amarelar na hora H?

– Bem falado, Ramon. – Apoiou Amália.

– Só quero ajudar. – Defendeu-se Patrick.

– Então – prosseguiu a moça – pare de pressionar o Pedro. Viu como você não gostou sequer de pensar em um fracasso?

– Foi mal, Pedro. Pode contar comigo – desculpou-se Patrick.

Ramon sugeriu de saírem logo, pois poderiam estar perturbando o chefe. Patrick os lembrou que a comemoração ainda não tinha sido feita, então, antes de saírem, buscaram algum lugar para ir, na cidade ou nas proximidades. Era sexta-feira, bem provável que houvesse algum bar na cidade ou nas redondezas. Encontraram um nos arredores de Urussanga e decidiram ir até lá no carro de Ramon. Amália tomou lugar na frente, ao lado do motorista. "Não pega bem chegar com dois machos na frente", justificou a moça. Pedro se sentiu desprezado, Patrick indiferente.

Ao chegarem, estranharam o tamanho e a localização do estabelecimento. Ficava praticamente na colônia e tinha dimensões modestas, bem diferente dos que costumavam frequentar em São Paulo. Contudo, era aconchegante, mesmo estando a casa lotada. A animação era por conta de um grupo local, denominado Vocalize, que interpretava em acústico bons clássicos do rock.

Conscientes de que não deveriam exagerar no consumo de álcool, pediram chope – artesanal, fabricado na própria região. Numa das idas de Amália à toalete, os rapazes imediatamente falaram dela pelas costas.

– Coitada da Amália. – Observou Patrick. – Não conhece nenhuma outra garota... Como consegue ir ao banheiro sozinha?

Pedro e Ramon concordaram, rindo. Ramon pediu licença para ir buscar mais bebida.

– Você acha que dá liga? – Perguntou Patrick a Pedro.

– Liga? No quê?

– Entre o Ramon e a Amália, ora.

– Você acha que eles estão se curtindo? Não notei nada. – Devolveu Pedro, disfarçando o incômodo.

– Qual é, cara. Ela está se jogando para cima dele.

– Sério? Juro que não notei.

– Eu até pensei em dar uma investida, mas ela já deixou claro que quer o bonitão. Negócio é esperar minha vez, sabe, assim que enjoarem.

KatetirasWhere stories live. Discover now