Capítulo 4

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A abordagem do Dr. Ernesto tinha funcionado, conseguiu despertar a curiosidade nos quatro jovens.

– Sei que parece muita pretensão, mas, o que tenho a lhes mostrar nesta casa mal cuidada, e empoeirada, pode revolucionar o mundo.

A curiosidade de Pedro não durou muito. "Que droga de clichê, quanto papo furado. Eu devia sair agora mesmo", pensou. Ramon interrompeu.

– Com licença, senhor. Foi mencionado algo relacionado ao sono, no e-mail.

Os demais candidatos estranharam, pois não recordavam ter visto nada parecido nas mensagens.

– És bem desconfiado, Sr. Ramon, o que é uma virtude. Por isso tive de adiantar alguma coisa, mas sem estragar a surpresa.

– O senhor faz pesquisa sobre o sono? – Indagou Patrick.

– Mais ou menos. – Respondeu o doutor. – Bem, deixem-me explicar de uma vez, antes que nosso amigo aqui perca a paciência. Sente, Pedro.

Pedro sentou. Dr. Ernesto deu continuidade:

– Talvez não saibam, mas os quatro têm algo em comum.

– Todo mundo é de São Paulo? – Arriscou Amália.

– De fato. – Concordou o doutor. – Mas só isso não faria sentido. Se quisesse ver paulistanos, mais barato seria ir até lá. Lembrem-se de que suas despesas são por minha conta. Será que alguém arrisca outro palpite? Vamos lá, sem medo de errar. – Instigou Ernesto, sem obter resultados. – Vou dar uma dica. Muitos diriam que é um dom.

– Bem – disse Amália – eu tenho algo, mas... não sei.

– Vamos, bela. Não se acanhe. Algo me diz que você vai acertar.

– É que o Ramon falou de sono, penso em algum dom relacionado ao sono.

– Isso, isso! Continue! – Incentivava Ernesto.

– Eu... ninguém leva a sério... quer dizer, eu consigo...

– É pra hoje? – Protestou, impaciente, Ramon.

Amália fitou-o com reprovação.

– Eu posso sair do corpo. – Concluiu a moça, ainda olhando sério para Ramon.

– Puxa, até que enfim! – Comemorou Dr. Ernesto. – É isso mesmo, amigos. Os quatro têm essa incrível capacidade, e é por isso que estão aqui hoje.

– Não sei do que estão falando. – Observou Pedro.

– Permitam-me contar alguns fatos. – Pediu o anfitrião. – Uma garota costuma cochilar durante as aulas. Segundo os pais, ela diz que não dorme, apenas precisa sair um pouco da sala para espairecer; um jovem da quinta série vai parar no gabinete da diretora porque, segundo uma colega, ele acertou a cor da roupa íntima que ela usava e, por isso, alegou que ele a espionou no banheiro; outro garoto conta que, durante a noite, ao ir dormir, vaga pela casa por alguns minutos.

Os quatro ficaram em silêncio, olhando um para o outro, atônitos. Dr. Ernesto continuou:

– Amália, Patrick e Ramon, estas histórias são familiares?

– Como sabe disso? – Perguntou Ramon, seguido de Amália. Patrick nada falou, parecia assustado.

– Darei as explicações que desejarem. Mas, primeiro, deixem eu contar o caso mais notável, antes que o Pedro saia correndo. – Solicitou o doutor, sorrindo para Pedro. – Um garoto de apenas cinco anos sai da casa de uma vizinha, se desloca por uns duzentos metros, entra na própria casa e testemunha o pai tendo um caso com a tia. Ele dá com a língua nos dentes, e os pais vem se separam.

KatetirasWhere stories live. Discover now