Capítulo Onze.

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"We are one of a kind irrepeceable, how did I get so blind and so cynical, if there's love in this life, we're unstoppable"

- Waiting for Love, John Legend feat Avici

Tudo saiu do jeito estranho.

Nate continuava a falar comigo, como se aquele dia não tivesse acontecido. Continuava beijando a Megan em público e tirando graça comigo, mesmo que Willa e Amber continuassem me avisando que aquilo estava errado. Mas o que eu achava que iria acontecer, afinal? O que eu achava que aconteceria depois daquilo?

Foi um pedido que ele decidiu conceder, um beijo que nem deveria ter acontecido e uma noite que eu não tive nenhum tipo de pesadelo, mesmo depois da lembrança.

A palavra amigos chegava a ser engraçada quando eu pensava que poderia se aplicar a nós. Era óbvio que não. Era óbvio que sempre ocorreria algo para quebrar minhas pernas e me fazer lembrar qual era a porra do meu problema em continuar insistindo em uma babaquice como aquela.

No entanto, eu tinha que continuar meu dia.

Mais uma vez, eu me recusava a visitar o Hell, mesmo com as insistências, os elogios de Willa sobre como aquela parte do prédio era sensacional, eu nunca subiria ali.

Era um insulto à minha maturidade, que não estava em seu melhor momento.

Portanto, deixei minhas duas primas na porta do prédio, alegando que nenhuma delas estava em História Avançada e quase reprovada em Literatura Inglesa, o que era um fato.

Ainda tive que ouvir Willa tagarelando por meia hora, me dizendo como eu estava me afastando delas e que não reclamasse quando ficasse mais amiguinha da Cohen do que minha.

Ah, tá.

Esperei até que ambas desistissem de me colocar dentro daquele cômodo colorido demais para meu estado de humor, iniciando minha curta caminhada para a tão amada e silenciosa biblioteca.

Era fim da tarde, assim as únicas pessoas que ficavam lá eram aquelas que a) estavam atrasadas nas matérias ou b) queriam ficar longe de todos - eu me encaixava perfeitamente na segunda opção.

Provavelmente, de cansaço. Por algum motivo, eu ainda podia aguentar e lidar com os diferentes julgamentos em Los Angeles, afinal era uma cidade, um lugar que eu poderia fingir e tinha meios de fugir. Aqui, no máximo, eu teria a biblioteca e o lago, não eram minhas melhores alternativas. Por outro lado, havia os treinos intermináveis, a cada dia que eu ia, eu descobria um novo lugar do meu corpo que poderia sentir dor. Ally gostava de me lembrar que eu havia passado muito tempo parada, mas sua ajuda ainda não era o suficiente para me fazer parar de reclamar. Além disso, havia as sessões com Thomas. Era muita coisa para mim.

Acenei para a bibliotecária com um sorriso de canto, vasculhando uma das mesas redondas. Puxei uma para porta, junto com mais duas poltronas. Desabei minha mochila em uma, tirando meu notebook e caderno de anotação onde havia começado o projeto de Mulheres na História.

Alguns dos poucos olhares se levantaram para me ver. Os que estavam em grupos, sussurraram, mas voltaram para suas atividades.

Eles podiam falar de poucas coisas: do beijo no pub, da minha entrada nas líderes de torcida, da chamada para a sala de Kim, os boatos do que realmente aconteceu na fogueira, eram tantas opções que até eu ficaria tentada a inclinar a cabeça e fofocar com eles.

Felizmente, nenhum deles poderia saber o que aconteceu no vestiário ou no meu quarto e era bem melhor assim.

Vaguei dentre algumas estantes, apoiando minhas costas na oposta. Havia passado pelo florescer do feminismo tímido com Joana D'Arc e agora, queria me afastar ainda mais das feministas óbvias, como Marie Curie ou Virgina Wolf, me aproximando de mulheres que nunca se declaram feministas, embora possuíssem atitudes feministas, bem a frente do seu tempo.

HisteriaWhere stories live. Discover now