Capítulo Um.

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"I think I've had enough, I might get a little drunk, I say what's on my mind, I might do a little time"

- FourFiveSeconds, Rihanna.

O balanço me fez gemer. De dor. Eu sentia pequenas agulhas sendo enfiadas em minha cabeça e com certeza, não era nenhum tipo de tratamento em SPA, era uma tortura. Era difícil, eu sabia. Sempre doía e começava pela cabeça. Tentei mexer os meus pés, então aos poucos, eu voltaria à realidade.

A dura, fria e ingrata realidade. A mesma realidade que me afundava cada vez mais em seu poço de verdades, que me arrastava e afogava em esquecimento. Ao final do dia, eu sempre dizia que eu podia ser forte, no entanto a fraqueza era parte de mim, pensando bem eu era a própria personificação da fraqueza. Alexa Danniels, a fraca.

Novamente, os mesmos empurrões me fizeram gemer. Não é desse jeito, pensei em falar. Não era assim que eu poderia acordar. Uma voz calma e paciente me fez focar nela como uma passagem de saída na perdição que se encontrava minha mente.

Lentamente, identifiquei a voz de minha mãe e nada além de vergonha me recobriu.

- Mãe, não enche. - puxei o lençol fino sobre minha cabeça, tentando ignorar a voz mansa que se transformava em resmungos de irresponsabilidade

Por algum motivo, ela havia esquecido o papel de mãe compreensiva e puxou o resto de lençol que me escondia de sua fúria contida.

- Lexi. – sua voz tentou ser calma – Há outro garoto, outro... Ai, meu Deus, outro garoto no quarto. Você pode me explicar o que ele está fazendo aqui?

A curiosidade era uma terrível aliada, principalmente quando você está com a pior das ressacas e não pode abrir os olhos repentinamente. Ainda sim, o fiz, meus olhos arderam ao entrar em contato com a claridade do sol e demorou alguns minutos até eu exibir um sorriso para o garoto parado, preguiçosamente, na soleira da porta do banheiro. Ele estava com uma camisa nas mãos, a bermuda estava meio aberta e parecia tão cansada – e chapado – quanto eu.

- Hã... – encarei minha mãe com uma sobrancelha arqueada – Eu não sei quem é ele. Mas me desculpe pelo péssimo bom dia e se quiser me salvar de uma possível morte, bem... – voltei a fechar os olhos, esticando meu corpo como um gato que acabou de acordar – Você será um Charming Prince.

O garoto riu, mas não seguiu meu último conselho, passou pela porta e sumiu. Minha mãe bufou impaciente. Detive a vontade de observar seu rosto, pedir desculpas por ser a última coisa de uma boa filha que ela merecia. Eleanor merecia a melhor filha do mundo, com as melhores notas, a melhor garota que existisse na Terra deveria ser dela. Infelizmente, ela ficara com os restos do que um dia foi uma pessoa. Do que um dia deveria ter sido uma filha.

Era uma pena, mas eu já estava entediada de fugir da verdade.

- Não sei mais o que fazer com você, Lexi, - acariciou meus cabelos enquanto eu voltava a fechar meus olhos - não sabia que a coisa era tão drástica.

- Por favor, mãe, eu sinto muito pela bagunça e tudo mais, só que... Eu ficaria infinitamente agradecida se me deixasse em paz. – abri um dos olhos – Isso se chama ressaca e preciso de dezenas de remédios para me recuperar.

- Alexa, você vomitou muito, eu...

- Aham, eu sei. Acontece, vez ou outra. – rolei na cama, abafando minha voz com a almofada que restara

Imaginei minha mãe fazendo as contas de quantas vezes aquilo deve ter acontecido, então deve ter desistido antes de começar mais um discurso moralista.

HisteriaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum