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- Tem certeza que pegou tudo que precisa? Seus documentos estão na bolsa? Estão guardados direitinho? Não pode perdê-los. - Elsa falava sem parar. - Guardou o hidratante que eu te dei? Nossa pele fica muito seca no avião...

- Mamãe... Respira! Está tudo sob controle.

Tentei acalmar a mulher que parecia mais nervosa que eu naquele momento. O táxi chegaria em cinco minutos pra me levar ao aeroporto num horário razoável, a fim de evitar qualquer tipo de problema, sem precisar correr o risco de me atrasar ou perder o voo.

Por um pedido pessoal, ninguém da família me acompanharia até lá. Não queria me despedir deles naquele ambiente repleto de pessoas estranhas ao nosso redor, até mesmo para me manter mais calma e evitar algum surto de choro desnecessário.

Nem conseguia acreditar que o dia da viagem finalmente estava aqui.

- Você vai nos ligar assim que esse avião pousar em Nova York. Vou estar acompanhando todo o voo pelo site da companhia aérea. - meu pai ordenou, deixando um beijo demorado em minha testa.

- Tudo bem... Prometo que vou ligar. - tranquilizei, abraçando-o com força.

- Vamos sentir sua falta, hermanita... - Frederico me puxou para seus braços, apertando-me contra si. - Toma cuidado, ok? Eu te amo...

- Titia Lena... Vou sentir saudades. - Antônio, meu sobrinho, choramingou no colo de sua mãe enquanto eu dava um beijo demorado em suas bochechas gordinhas.

- Eu também vou sentir saudades de você, meu anjo. - disse, mordendo meu lábio inferior com força. - Chega! Não me façam chorar... Eu ainda estou sob o efeito do remédio para enjoo. - sorri nervosa, tentando impedir que as lágrimas tomassem conta dos meus olhos.

O celular vibrou na minha mão, mostrando o nome do taxista conhecido no identificador de chamadas.

Era hora de partir.

- Seu Santiago está me esperando na portaria... Preciso descer... - falei, caminhando devagar até a porta do apartamento, lançando um último olhar na direção dos Cartín Reyes, querendo guardar na memória aquela imagem de todos eles reunidos.

Meus olhos ainda varreram o ambiente, num tour rápido pelo local, encarando todos os móveis e objetos que estavam ficando para trás.

Meu primeiro apartamento.

Minha primeira conquista.

Apesar de não ser apegada a bens materiais, aquele lugar representava grande parte da minha vida, guardando entre quatro paredes toda uma história, meus passos para chegar aonde cheguei, misturado com diversos sentimentos que dançavam no meu peito apertado.

- Boa viagem, Lena.

Adelaide foi a última a falar antes que eu fechasse a porta, entrando em seguida no elevador para ir de encontro ao carro. Meu irmão Hugo foi o único a descer comigo até o hall do prédio, afinal eu não conseguiria carregar as malas sozinha.

O caminho até o Aeroporto Madrid Barajas foi em completo silêncio, sendo possível apenas ouvir exclusivamente as músicas que tocavam numa estação qualquer de rádio da cidade.

Iria sentir saudades daquelas ruas, das pessoas, do idioma. Eu amava meu país e sempre seria meu lugar favorito do mundo inteiro.

Depois de uma semana conturbada e de fortes emoções, eu me sentia extasiada naquele instante, não sabendo nem explicar o que acontecia na minha cabeça. Acho que essa reação era normal após os dias difíceis que enfrentei, cheio de dúvidas e inseguranças.

Maps • Marco AsensioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora