Capítulo 16

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Kevin, minha mãe e eu acordamos cedo naquele dia, caminhamos pelas redondezas e eu cheguei a apresentá-los à Chico que passou por nós no meio do caminho.

— Sua família é realmente muito linda, menina Agatha — O senhor elogiou enquanto apertava a mão do meu irmão.

— Muito gentil da sua parte — Minha mãe agradeceu com um sorriso no rosto, ela era mesmo muito bonita.

Continuamos nossa caminhada, conversando e observando como tínhamos sorte por estarmos ali naquele lugar onde não importava o lado para o qual olhávamos, sempre seríamos presenteados com uma paisagem incrível. Quando, enfim, voltamos à pousada encontrei meu pai numa conversa extremamente séria com um homem que aparentava ter a mesma idade que ele, porém, carregava um ar de superioridade e vestia roupas que em nada combinavam com a ocasião. Sua roupa social destoava do restante da paisagem e eu segurei o riso.

— Ei, filha. Como foi o passeio? — Meu pai perguntou assim que eu me aproximei deixando que minha mãe e Kevin fossem direto para o andar de cima.

— Foi bem legal, a gente encontrou o Chico. Você tem que conhecer ele qualquer dia.

— Enquanto eu não conheço o Chico, você pode conhecer o Fernando — Meu pai indicou o homem à sua frente e eu desviei meu olhar para encontrá-lo. Meu coração quase parou por um momento, seria esse Fernando o mesmo Fernando que eu imaginei que fosse? Eu não queria bancar a louca, então apenas sorri e estendi a mão.

— Olá! É um prazer conhecê-la — Ele disse com sua voz grave e um sorriso que por um momento quebrou a expressão militar que ele tinha no rosto. O olhar penetrante, a sobrancelha arqueada e a cabeça raspada o tornavam uma pessoa aparentemente rígida, e eu não duvidava de que ele, realmente, fosse assim.

Eu sorri em resposta abrindo a deixa para que eles prosseguissem com o assunto que discutíam.

— Então, é como eu te disse, tem que ter pulso pra manter uma empresa desse tamanho funcionando — Era ele mesmo. Fernando. Dono da Blue. Socorro. — São muitas filiais por todo o Brasil, se eu permito todo tipo de coisa, é prejuízo pra mim. Você sabe né? Tempo é dinheiro. — Ele disse com confiança.

— Eu não posso dizer com a mesma autoridade que você, sou gerente de apenas de um setor da empresa em que eu trabalho, mas, é assim mesmo... — Eu ouvi meu pai responder. Eu estava completamente aleatória em toda aquela conversa.

— Eu construí tudo do zero, nunca gostei de pegar o bonde andando, se é que me entende. E minha família também ajuda bastante. A Priscilla é meu braço direito e o Vicente já pretende estudar para ser meu sucessor. A gente já tem que ensinar nossos filhos o caminho que leva até um futuro estável, não é mesmo?

Me lembrei da conversa com Vicente, ele realmente não pretendia nada daquilo, mas, ainda não tinha dito ao seu pai seus planos. Ele precisava fazer isso o mais rápido possível. Olhei para o meu pai que entendeu meu olhar questionador. Era fácil de encontrar em minha memória todas as vezes em que ele se sentou ao meu lado e prometeu me apoiar no que eu quisesse fazer, desde que aquilo me deixasse feliz. Ele sorriu e soltou um suspiro.

— Realmente... Mas, eu deixo a Agatha seguir os sonhos dela, sabe? Eu acredito nessa coisa de ser quem você é, porque só assim a gente é feliz. — Ele parecia ler meus pensamentos e agradeci com um olhar que ele não se deixasse levar pela conversa completamente capitalista de Fernando.

— Isso é... Só não pode é ter sonho de ser empregado. Tem que se empenhar pra ser patrão — O homem falou num tom extremamente arrogante e olhou para mim como se me desse um conselho.

Inconstante e BorboletaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora