Capítulo 14

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Já se passaram três dias desde a última vez que o vi. Eu não sabia que o tinha machucado tanto, mas parece que eu realmente o magoei. Se ele não queria falar comigo, eu estava pronta para lhe dar esse espaço. Eu só queria mesmo era saber quanto tempo esse tempo duraria. Não estava disposta a me render ao orgulho porque sempre soube que isso apenas impede as pessoas de viverem o que realmente estão dispostas a viver.

Durante esse período fiquei sozinha a maior parte do tempo, eu não me sentia confortável em ficar feliz enquanto minha mente dizia que eu era culpada. Finalmente tirei um tempo para terminar de ler o livro que eu começara antes das férias e quando o casal prometeu a eternidade juntos na última página e a narrativa terminou descrevendo um beijo apaixonado eu decidi que aquele era um péssimo final.

— Finais felizes não existem! — Fechei o livro e o deixei de lado me deitando para tentar cochilar um pouco.

As batidas na porta que vieram em seguida eram familiares. Eu não queria ter que levantar e responder a qualquer pergunta que me fosse feita, decidi por ignorar. As batidas insistiram.

— Sabe onde tá a Agatha? — Ouvi Vicente perguntar do lado de fora para o meu irmão que chegou e estava prestes a entrar.

— Ela tá aqui, ué. — Kevin respondeu.

Não faça isso, pensei, como se fosse possível enviar o recado por telepatia.

A porta se abriu e eu praguejei, claro que ele abriria a porta e claro que ele deixaria Vicente entrar e me ver naquele estado.

— Kevin, eu te odeio — Eu disse enrolando a cabeça com o cobertor logo em seguida.

Ele provavelmente nem se importou com o que eu disse porque sabia que não era uma promessa sincera. Ouvi o som de passos que se aproximavam de mim e me encolhi um pouco mais.

— Eu vim saber se você tá bem... — Vicente disse se sentando ao meu lado. Eu apenas emiti um ruído como resposta, só queria que ele saísse e me deixasse em paz — Eu trouxe chocolate pra você...

Pensei por um momento e depois acabei me dando por vencida. Afinal de contas era chocolate, o que mais eu poderia fazer? Recusar? Nunca. Tirei o cobertor, devagar, de cima da cabeça e tentei arrumar o cabelo enquanto eu me sentava apoiando as costas na cabeceira da cama.

— Devo dizer que você parece péssima.

— Devo dizer que é melhor me dar logo esse chocolate. — Retruquei.

O garoto sorriu e a camisa azul combinava com seus olhos. Ele me entregou uma pequena sacola de papel e eu logo senti o aroma doce que ela guardava. Peguei uma das trufas, retirei o papel vermelho que a envolvia e dei uma mordida deixando o sabor invadir toda a minha boca.

— Fiquei preocupado com você. Sério mesmo, sumiu, não sai do quarto. Quer contar o que aconteceu? — Apesar de ainda não sermos o exemplo mais considerável de amigos eu sentia que talvez pudesse lhe dizer tudo, só não tive certeza de que queria ouvir as palavras saindo da minha própria boca.

— Eu sou só uma garota comum com flutuações de humor. Não é tão difícil de entender. E isso tá tão bom — Dei outra mordida no doce.

— Eu entendo, mas, você me disse coisas legais e me fez pensar direito sobre o que eu quero. Acho justo retribuir esse favor.

— Você não me deve nada.

— Se você não se importar, eu vou ficar e lutar bravamente até conseguir um simples sorriso da garota flutuação de humor! — Ele fechou as mãos em punho e as levou até a cintura ficando numa pose de super herói. Eu não resisti. Ri alto e pude perceber que ele estava satisfeito. — Tudo bem se não quiser falar, mas, não fica assim, não... É esse sorriso que combina com você.

Inconstante e BorboletaWhere stories live. Discover now