sua cintilante chama, me liberta

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[Você chegou tão rapidamente, junto a brisa do entardecer e me trouxe teu caos.]

A primeira vez em que eu o vi, parecia distante, mas eu ainda podia ouvir seu canto. Jungkook era um anjo que invadiu minha rota com o propósito de cantar suavemente uma canção capaz de hipnotizar qualquer pessoa, e eu, totalmente cega pela beleza de tuas asas, caí em seus encantos; Foi assim que perdi o controle do meu caminho, desgovernada caí num caótico abismo cheio de delicadeza e me apaixonei por ele e por cada mínima porção do seu rosto gracioso.

O mesmo rosto estava ali, no meu quarto criando falsos percursos no piso de madeira, segurando uma garrafa de licor caseiro e olhando ao redor como se tudo fosse novo mesmo tendo vindo aqui mais de 10 vezes, o que é normal, afinal, é o Jungkook. alguns desenhos colados na parede já estavam envelhecidos, já haviam sido redesenhados e estavam guardados em alguma gaveta da cômoda; alguns livros fora de lugar diziam que eu estava provavelmente estudando, mas na verdade apenas estive tentando, de uma boa forma, me distrair.
Jeon se dirigiu até os vidros da sacada, os fechando quase por completo, deixando apenas um pequeno espaço para que o quarto permanecesse ventilado e não congelado. Acho que isso virou algum tipo de costume pois quase em todas as vezes que vinha no período da noite, fazia o mesmo percurso: entrar, trancar a porta e - quase - fechar os vidros. Ele se sentou na beirada da minha cama, deixou a garrafa de lado e puxou um livro da parte mais baixa de uma das prateleiras que ali estavam. Sentei-me ao lado dele e foquei em um dos meus quadros recém pintados, as cores da tinta imersas em água ainda estavam ali e os tons escuros chamavam minha atenção sob o tecido branco da tela. Achava-se ali os mais belos olhos, os profundos olhos de Jungkook.

era uma boa pintura, afinal.

"aqueles olhos são bonitos..." - ironizou - "de quem são?"

"de alguém que não sabe jogar UNO" - ri e peguei a garrafa esquecida da cama e a abri.

"não duvide das minhas táticas de te vencer, noona" - riu comigo e observou intensamente a pintura tentando obter os detalhes que eu, há algum tempo, já havia conseguido adquirir. - "você é boa. muito boa."

"você ainda está surpreso? Sério?" - sorrio orgulhosa despejando uma boa quantia da bebida em dois copos de plástico.

"Não seja tão convencida, mesmo sendo tão boa assim - arrastou seu corpo fazendo com que suas costas tocassem a parede atrás de sí. Entreguei-lhe um dos copos e o vi folheando as páginas daquele livro antigo, que permanecia apoiado em seu colo.

Jeon Jungkook poderia ser mais poético do que qualquer parte do universo, afinal, ele o tinha em si, tomado por sua alma e bem ali, ocupando algum espaço, estava eu, perdida entre as variadas formas de matéria e talvez sendo confundida com algumas das mais cintilantes estrelas, o que me faz oscilar entre a felicidade e a tristeza. Perdê-lo seria como saber que nunca poderia sentir aquela bagunça louca e confusa formigar dentro de mim novamente, com qualquer outra pessoa do mundo inteiro pois, ele, com toda sua intensidade fez com que eu me apaixonasse loucamente e nenhuma força contrária poderia impedir que sua essência se tornasse única junto a minha. Esse garoto é a causa da minha euforia.

"Por que você tem tantos livros infantis aqui?" - disse ao retirar mais um livro da mesma prateleira.

"Eu sempre os tive, quem não gosta de um final feliz?" - arrumei minha postura cruzando as pernas e me inclinando para ver de qual livro se tratava, tentando ao máximo não derrubar o copo em minhas mãos.

scintilla.Where stories live. Discover now