Capítulo 5

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Passou uma semana.

Uma semana!

Nenhum dos NE's tentou comer meu fígado. Isso queria dizer que eu estava segura após meu monólogo agressor contra o 867? Eu não tinha a mínima ideia, trabalhava esse dias esperando a bomba estourar, ou, os rosnados bravos surgirem.

- Sullivan!

Escutei me chamarem, e achava, que já sabia quem era. Axel. Ele só me chamava daquela forma.

- Oi... - Levantei o rosto. - Puta que pariu!

Exclamei vendo Axel, mas ele foi esquecido do meu campo de visão, quando meus olhos cravaram no 867. Percebi que Kall estava ali também, mas não o avaliei, porque acabei ficando focada no NE com qual discutir.

Porra. Eles iam me jogar num ringue com o homem? Para que o mesmo descontasse sua raiva? Engoli em seco. 867 olhava fixamente para mim, vi que usava uma camisa cinza, justa demais para o seu tamanho, calças jeans preta e tênis. Parecia quase doméstico se não fosse olhar decididamente perigoso e as algemas grossas nos pulsos.

- Estamos levando ele para conhecer um pouco das instalações, estava curioso.

Kall disse apontando para o 867, que continuava calado, apenas me olhando. Inferno. Aquele olhar era penetrante e tão enervante. Fingi um sorrisso falso jogando uma mexa de cabelo para trás, quem me conhecia bem, sabia que era uma mania de quando estava sem graça, algo que nunca consegui perder, porém, bom, ninguém me conhecia bem o suficiente.

Todavia, nesse momento, foi que algo diferente lampejou nos olhos azuis intensos dele, eu não soube dizer o que. Mas suas narinas dilataram, vi seu peito grande subir e descer, como se tomasse uma grande quantidade de ar. Eu não sabia o que aquilo significava, porém, os olhos dele se apertaram na minha direção.

- Que bom, podem continuar, espero que seja um passeio proveitoso.

Falei mantendo a voz limpa de qualquer sinal do que se passava na minha cabeça.

- Queremos que venha conosco, para saber que nosso irmão está bem, e não relatar nada de errado nos seus escritos.

Pisquei e dessa vez ri, sem fingimento, a fala de Axel.

- Escritos?

Ele rolou os olhos.

- Sim, qualquer coisa do tipo que você faz anotando, sobre nós.

Acabei rindo de verdade, mas o rosnado do 867 me parou. Franzi o cenho e acenei as correntes.

- Ele está realmente bem?

Os olhos do homem semicerraram na minha direção. Mas não me arrependi da pergunta.

- Sim, as correntes são protocolo, infelizmente.

Kall disse. Outra vez 867 rosnou.

- Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui.

O som de sua voz era profundo e claramente dominante. Suspirei.

- Bom, eu estou um pouco ocupada, acho que podem ir sem mim. Não preciso ver o passeio de vocês.

Dois rosnados vieram juntos, e pela primeira vez, 867 não estava envolvido.

- Queremos que vá.

Axel disse. Arqueei a sobrancelha.

- Onde estão os modos que uma vez vi a Lívia o explicando? As pessoas não podem ser forçadas.

UnbrokenOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz