Capítulo 41 - "Gostas dele?"

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Ross parou o carro num lindo parque verdoso, com bancos brancos para que as pessoas se possam sentar, árvores com folhas abundantes, meninos a brincar a saltar por todo o lado e no fim com um lindo rio calmo que tinha uma ponte para poder atravessar para o outro lado, do outro lado havia um pequeno bosque, era bem rural.

Saí do carro encantada com o parque, este tinha algo de especial, era muito mais bonito do que os outros, demostrava mais alegria.

- Isto é lindo, Ross – sussurrei, ainda estava muito impressionada.

- Pois é – afirmou pondo as mãos nos bolsos.

- Nunca tinha visto algo tão bonito.

- Eu sim – admitiu e olhou para mim.

Isso era para mim? Não, se calhar estava a imaginar.

- Anda – disse Ross que me agarrou no pulso.

Senti uma grande conexão, uma grande química que fez com que o meu corpo tremesse perante essa sensação.

Levou-me até à ponte, fez-me olhar para a água transparente que deixava ver as pedras do fundo. Era tudo como um conto de fadas, demasiado maravilhoso.

- Venho sempre para aqui – admitiu – Venho sempre aqui para pensar.

- É um bom lugar para fazê-lo.

- Sim – suspirou e encostou os seus cotovelos no muro olhando para a água transparente – E como foi a saída com o Dallas?

Era mesmo necessário perguntar isso?

- Normal… Só falámos, comemos, um pouco de álcool mas nada exagerado, mais conversa e isso…

Não entendia o porquê de lhe estar a dar explicações mas sentia que devia fazê-lo.

- Que bom… E gostas dele?

Isto era um interrogatório? Porque queria saber tanto? Mas se ele queria uma resposta ia tê-la.

- Não… Bom, não posso negar que o Dallas é um rapaz humilde e tudo isso, mas não, não gosto dele – olhei para ele.

- Ah… Mas conta-me de ti, Sara – endireitou-se para poder olhar-me de frente.

- O que queres saber de mim? – Perguntei.

- Não sei… Tens irmãos?

- Sim, tenho uma irmã pequena da idade da Rydel – respondi, obviamente que não lhe ia dar muita informação sobre ela – Bom, como me estás a fazer perguntas então eu também te posso fazer perguntas.

- Sim, é justo.

- Como foi a relação com a tua namorada? – Não achei que fosse uma pergunta adequada mas queria saber, será que o chateei?

- Pois… – Ficou um pouco mais sério – Conhecemo-nos há 5 anos, na escola onde eu estudava ela era a típica rapariga nova, a que todos tratavam mal por ser inferior aos outros, eu via como gozavam com ela até que um dia se sentou sozinha nas aulas e pensei que era a minha oportunidade para aproximar-me dela – suspirou – E assim o fiz, começamos a falar e a fazer trabalhos juntos, trocámos números de telefone e convidei-a para comer um gelado, ela obviamente aceitou… E assim, pouco a pouco começámo-nos a conhecer-nos e a dar-nos bem… Mas com o tempo demo-nos conta de que já não era só amizade – parou para pensar um pouco – Numa tarde juntamo-nos num parque, não era este, era muito mais pequeno… Pedi-lhe que fosse minha… Minha namorada – custou-lhe dizer aquilo – Um grande sorriso apareceu nos seus lábios, tivemos uma relação de 4 anos, no primeiro ano só nos conhecemos melhor e essas coisas, era uma relação perfeita, havia confiança, compreensão, amor, comunicação, o mais importante numa relação.

- Como foi aquele acidente que tiveram? Se quiseres falar disso, claro…

- Nesse dia íamos para casa dos pais dela. Era fim-de-semana e ela queria passá-lo com eles, também lhes íamos dar a notícia que nos íamos casar.

Fiquei impressionada, não sabia nada sobre isso, não sabia que planeava casar-se com ela.

- Pusemo-nos a discutir por uma estupidez… O seu irmão.

*

- Já te disse Ashley, não quero o teu irmão no nosso casamento, sei que falta muito mas não o quero lá.

- Ross, mesmo que não gostes ele é meu irmão.

- Eu sei mas não quero que arruíne o nosso casamento embebedando-se e armando um escândalo à frente de toda a gente.

- Ross é meu irmão, irá ao casamento quer queiras quer não – gritou.

- E eu disse-te que ele não vai ao casamento quer queiras quer não.

- Para o carro – ordenou – Não ouviste? Para o carro!

- Não o vou parar já estamos quase a chegar a casa dos teus pais, Ashley – avisou.

- Para o carro Ross! – Gritou agarrando no volante.

- Ashley! O que estás a fazer? Vais matar-nos, amor – ela não disse absolutamente nada – Ashley cuidado!

*

- E isso foi a última coisa que pude dizer porque um camião que ia a alta velocidade foi contra o nosso carro. Estive sozinho nisso tudo, a minha família desapareceu no momento em que mais precisava deles.

- Sinto muito – foi a única coisa que consegui dizer, estava totalmente impressionada, nunca tinha ouvido a história completa sobre a morte da sua namorada mas porquê que se sentia culpado? Pelo que ouvi a culpa não foi dele, foi da namorada e do camião – Mas não percebo.

- O que não percebes?

- Porque te culpas de algo de que não tiveste culpa.

- Claro que é, se não tivesse discutido com ela nada daquilo teria acontecido – argumentou.

- Mas por isso mesmo – fiz uma pausa – Não tens culpa, tu não tiveste nada a ver, tens de perceber isso.

- É melhor irmos.

Suspirei vencida.

- Está bem – dei a volta para caminhar até ao carro, ele seguia-me com a cabeça baixa.

Não posso negar que passei uns momentos muito agradáveis com Ross, tirando o que se passou no estacionamento. Ele é tão forte, não só fisicamente mas também mentalmente, conseguiu superar tudo aquilo sozinho, perder uma pessoa amada não é fácil, obviamente que não. Pelo que disse antes ninguém da sua família o apoiou. Como não se suicidou? Mas deve ter sido horrível viver assim, sem ninguém que o apoiasse nem mimasse nesses momentos de dor. Ele é mesmo muito forte.

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