[86] - Morte de Tris

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😭💔

Ninguém sabe o quanto esse capítulo foi difícil de escrever.

*

— Como te vacinaste contra o soro da morte? — pergunta-me.

Continua na sua cadeira de rodas, mas não é preciso andar para disparar uma arma. Pisco os olhos, ainda aturdida.

— Não me vacinei — respondo.

— Não te armes em estúpida — diz David. — É impossível sobreviver ao soro da morte sem uma vacina e eu sou a única pessoa neste complexo que tem acesso a essa substância.

Fico a olhar para ele, sem saber bem o que dizer. Não me vacinei. É uma impossibilidade ainda estar de pé. Não há mais nada a dizer.

— Suponho que já não importe — afirma ele. — Agora, já cá estamos.

— O que está a fazer aqui? — murmuro.

Parece-me que tenho os lábios estranhamente grandes, é difícil falar através deles. Continuo a sentir um peso gorduroso na minha pele, como se a morte se agarrase a mim mesmo depois de a ter derrotado. Estou vagamente consciente de que deixei a minha arma no corredor atrás de mim, pensando que não iria precisar dela depois de conseguir entrar.

— Sabia que algo se estava a passar — responde David. — Andaste a semana toda às voltas com pessoas geneticamente danificadas e achaste que não ia desconfiar, Tris? — Abana a cabeça. — E depois a tua amiga Cara foi apanhada a tentar manipular as luzes, mas, muito sabiamente, pôs-se a si própria inconsciente antes de conseguirmos sacar-lhe alguma coisa. E, então, vim até cá, só para prevenir. Fico triste por dizer que não me surpreende ver-te aqui.

— Veio até aqui sozinho? — pergunto. — Não foi muito inteligente, pois não?

Os olhos brilhantes de David semicerram-se um pouco.

— Bom, não sei se percebes, mas tenho imunidade ao soro da morte e uma arma. Não tens como lutar contra mim. Não há nenhuma maneira de conseguires roubar quatro dispositivos víricos enquanto te aponto uma pistola. Receio que tenhas vindo até aqui em vão e que a audácia te vá custar a vida. O soro da morte pode não te ter matado, mas eu matarei. Compreenderás, certamente, que oficialmente não permitimos a pena de morte, mas não posso deixar-te sobreviver a este feito.

Ele pensa que estou aqui para roubar os dispositivos que iriam reinicializar as experiências, não para soltar um dos vírus. É claro que pensa.

Tento não deixar transparecer a minha expressão, embora tenha a certeza de que o meu rosto continua dormente. Passo os olhos pela sala, procurando o dispositivo que irá libertar o vírus do soro da memória. Estava presente quando Matthew o descreveu a Caleb com todo o detalhe: uma caixa preta com um teclado prateado, marcada com uma tira de fita azul com um número de modelo gravado. É um dos únicos objetos sobre o balcão ao longo da parede esquerda, a poucos metros de distância de mim. Mas não posso mexer-me, ou David mata-me. Vou ter de esperar pelo momento certo e agir com rapidez.

— Sei o que fez — declaro. Começo a recuar, esperando que a acusação o distraia. — Sei que concebeu a simulação de ataque. Sei que é responsável pela morte dos meus pais, pela morte da minha mãe. Sei tudo.

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