22 - The hardest reality

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Uma sensação de desmaio percorreu repentinamente por meu corpo. Meus olhos marejados, já dizia muitas coisas. O nó em minha garganta, sequer deixava-me falar direito. Olhei fixo nos olhos de Mark e não consegui acreditar no que ele havia acabado de dizer.

― O que...? ― Digo, tentando ouvir novamente o que ele acabara de falar, na esperança de que eu tivesse ouvido errado.

― Eu sinto muito Hana.

Caí de joelhos no chão, deixando toda aquela dor, percorrer livremente por mim.

― Então... ― Mordisco o lábio inferior. ― Minha mãe está morta.

― Hana. Eu não deveria ter dito isso. O seu pai que deveria...

― E alimentar falsamente mais ainda as minhas... últimas esperanças? ― O olho. ― Que pai? ― Digo incrédula. ― Percebi agora que... O pai que eu tinha, morreu a partir do momento em que ele entregou a minha mãe para a policia de Chicago. Por um crime que eu sempre soube que ela nunca cometeu! E veja só... Ela está morta agora. Ainda acha que ele que deveria me contar isso? ― Arqueei as sobrancelhas.

― Im Jaebum está tentando te proteger.

― Está do lado dele agora?

― Eu estou do lado da justiça.

― E desde quando há justiça quando... As próprias pessoas consideradas justiceiras... Fazem parte de um crime?

― Foi o que ele havia me dito... quando eu estava saindo do hospital.

― Ele já me disse muitas coisas. E boa parte delas... Foram mentiras ditas na cara dura. Se ele quisesse me proteger... Ele não havia mentido para mim durante todo esse tempo. Im Jaebum nunca foi um pai para mim. E agora... Talvez não seja mesmo ― Levanto do chão. ― Agora entendo o motivo dele nunca ter me tratado como uma filha.

Prossigo os meus passos até a saída do galpão.

― Aonde vai?

Cesso os meus movimentos ao ouvir a pergunta de Mark. Viro-me para ele.

― Continuar o que eu vim fazer aqui. Aprender a matar.

Respondi e segui caminho para o lado de fora.

(...)

Quando você chega em um certo ponto de sua vida... Você se questiona sobre se o que você está fazendo, é a forma mais certa de se lidar com os seus problemas. Você passa a acreditar que nada disso é um sonho. Que nada disso é fácil. Ao olharmos para a realidade, conseguimos enxergar o quanto ela é dolorosa e o quanto ela pode chegar a ser repugnante. E por medo de viver na mais triste e dolorosa realidade, nos entregamos aos devaneios da vida, quando lembramos que éramos menores, e não possuíamos nenhuma responsabilidade. Não nos magoávamos tão facilmente. E as mentiras eram para nos acalmar. Quando parei para ver onde eu havia chegado, e aonde o meu limite havia atingido, percebi que eu não podia viver naquilo. Eu não podia sempre me questionar se aquela seria a forma certa de resolver os meus problemas. Porque não há forma certa. Nunca haverá. Não importa o que fizermos, tudo sempre terá uma reação, seja boa, seja ruim. Enfrentar Mi-Cha será um grande confronto, mas enfrentar Im Jaebum... Será maior. Mas não irei fugir. Dessa vez... Irei lutar. Lutar por todos aqueles que foram injustiçados.

A cada minuto que passava, eu aumentava cada vez mais o ritmo dos movimentos de artes maciais que Yugyeom havia me ensinado. Mesmo com uma arma, eu deveria saber como abater um inimigo sem ela.

E mesmo que eu possuísse o desejo de matar, eu não conseguiria tão friamente assim. O máximo que eu conseguiria seria deixar o indivíduo desacordado por alguns instantes, mas o suficiente para poder pegar o trunfo.

― Desse jeito você irá deslocar um braço ― Disse Yugyeom ao ver a intensidade dos meus movimentos.

― Eu preciso me preparar para confrontar Mi-Cha e seus cúmplices ― Respondo.

― Mas não conseguirá se estiver com parte do corpo lesionado.

― Eu irei ficar bem.

Prossigo com os movimentos intensos, ignorando a presença de Yugyeom.

― Escuta ― Segura o meu braço, fazendo-me parar. ― Você acha que isso é fácil? ― Franziu o cenho. ― Se você ao menos se distrair com algo, você morre. Acha que ficará bem se a sua idiotice de praticar intensamente foder você? Você não vai ficar experiente nessa área da noite para o dia, só porque aumentou a forma como faz os movimentos. Você se machucará, isso sim.

― Não temos muito tempo.

― Não sabemos qual é o tempo, na verdade. Porque não sabemos como e quando devemos agir ― Larga o meu braço.

― Por isso que eu devo treinar. Eles podem nos encontrar a qualquer momento.

― De qualquer jeito, nos pegarão desprevenidos. Não tem como evitar. Ah não ser... Que passamos a viver fugindo, até o dia de voltarmos à Seul e cumprir com o nosso objetivo.

Solto um suspiro.

― Eu estou com medo ― Digo.

― Com medo? Por que?

― Eu me sinto sozinha no mundo, agora. Meu pai talvez não seja meu pai, e mesmo assim, ele aparenta ser um monstro. Minha mãe está morta. E quem eu confiava... Já não pode mais receber essa confiança.

― Você deveria transformar esse medo em fúria. Só assim você conseguirá lidar com isso tudo. Você não está sozinha, Park Hana.

Respirei profundo e vi Mark se aproximar.

― Eu voltarei para Seul está noite ― Disse ele.

― Seul? O que? ― O olhei incrédula. ― Você não pode voltar!

― Você irá morrer lá ― Disse Yugyeom.

― Não me matarão se eu tiver o que eles querem.

― Do que você está falando? ― Perguntei.

― Conversei com Jinyoung há pouco tempo e ele disse que a herança do nosso pai sai nessa semana. E eu terei que ir.

― Você não pode ir. Isso não é importante ― Digo.

― Na verdade... É sim. Há algo que pode fazer Mi-Cha implorar.

― Você irá se arriscar demais, Tuan ― Yugyeom negou com a cabeça.

― E quanto a nós? O que vamos fazer? ― Questiono, abismada.

― Vocês continuarão aqui, treinando, até que eu volte.

― E quando será isso?

― Se eu conseguir voltar sem ser impedido... Em uma ou duas semanas.

― Isso é muito tempo!

― O suficiente para você estar preparada ― Disse. ― Voltar para Seul será mais fácil de descobrir o que estão planejando.

― Ainda continua sendo uma loucura.

― Eu ficarei bem, Hana. E mesmo que isso não aconteça... Você terá Yugyeom com você ― O olha. ― Cuide bem dela. E se cuide.

Yugyeom suspira.

― Sei que temos nossas diferenças, mas... ― Inicia Yugyeom. ― Tome cuidado. E fique vivo.

― Eu farei isso ― Imprensa os lábios em um sorriso fraco.

Vejo Mark se distanciar de nós e ir em direção ao carro, entrando no mesmo logo em seguida. 

Overcast || Kim YugyeomWhere stories live. Discover now