16 - New York will not make you forget what happened in Seoul

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Algumas semanas se passaram, e eu continuava em Nova York. Eu fui praticamente arremessada dolorosamente para fora da minha antiga rotina. Eu ando pelas ruas da cidade tentando fugir do meu passado. Porque eu estou cansada de tudo. Sei que não faz muito tempo que eu saí da Coreia, porém, pode-se sim ser considerado como uma antiga fase da minha vida. Porque o meu envolvimento com o caso de Kim Yugyeom acarretou tantas coisas que eu não consigo sequer absorvê-las bem. Talvez esse período, talvez definitivo, em Nova York, possa servir como um descanso. Longe das verdades. Longe das mentiras. Apenas eu.

E não. Eu não desvendei o tal "código" que Yugyeom havia me dado.

Por que? Porque agora eu temo descobrir a verdade absoluta. Um receio dentro de mim diz que no momento em que eu descobrir o que aquilo significa, parte de mim pode se destruir ainda mais. E eu não quero me destruir ainda mais, pois ao olhar ao redor e não ver nada que possa me reconstruir novamente, só torna tudo pior ainda.

― Hana você vem?

Uma turma de antigos amigos chamava a minha atenção, ao me pegarem olhando fixamente para o letreiro da boate, como se eu estivesse em um outro universo.

― Está tendo uma visão? ― Lucy disse entre risos, aparentando já estar bêbada, enquanto envolvia o seu braço por volta de meu pescoço ― Vamos entrar. Estamos perdendo a melhor parte da noite!

― Ok. Desculpa... Eu estava com os meus pensamentos longe.

― Argh. Você disse que queria esquecer a vida que teve no Japão.

― Coreia ― Corrijo.

―... dá na mesma coisa. Enfim... Você disse que queria ser uma nova Hana Park. Longe da central de polícia do seu pai. Longe do tal caso que você se envolveu... Longe de Mark Tuan, embora, ele seja gostoso pra porra ― Riu ― E esse Yugyeom... Que também não é de se jogar fora... depois da foto que você me mostrou. Então... Bote o seu plano em prática Hana Park! Vamos entrar naquela boate, beber como se não houvesse amanhã e... Encontrar algum gatinho para nos divertir. Além do mais... Hoje é o seu aniversário.

Ri nasalmente e concordei com a cabeça. Lucy era uma das minhas amigas mais antigas de quando eu vivia em Nova York, e que embora eu tenha ido para Coreia, não perdemos definitivamente o contato. E quando ela não estava bêbada, ela conseguia me entender bem.

― Você está certa. Longe de tudo. Longe dos problemas... ― Respirei fundo ― Vamos nessa!

― É disso que eu estou falando garota! ― Comemora.

Nos juntamos a turma de amigos e caminhamos para dentro da boate.

(...)

Bebe! Bebe! Bebe! Bebe!

A turma de amigos, constituída por umas treze pessoas, vibrava sem pausa para que ambos dos amigos bebessem vários litros de diferentes bebidas de uma só vez.

― Ela não vai passar mal bebendo isso tudo? ― Olhei apreensiva para Lucy que bebia sem pausa.

― Lucy é a que mais tem experiência entre todos nós com bebida, acredite ― Riu Lucas.

― Há quanto tempo eu não venho aqui? Lucy era tão introvertida antigamente ― Ri fraco.

― Depende da idade que você tem hoje ― Se inclinou em minha direção ― Continua ainda com treze? ― Sorriu ladino admirando a minha aparência.

― Ei! ― Gargalho envergonhada ― Agradeço pelo gentil elogio.

― Elogios para você é o que não vai faltar ― Pisca ― Você quer beber algo? Irei pegar uma bebida para mim.

― Pode ser.

― Voltarei logo. E não pense em fugir de mim novamente.

Lançou-me um último sorriso antes de seguir caminho entre as diversas pessoas na boate.

Depois de Lucy, vinha Lucas. Ele era um garoto doce e gentil quando mais jovem. Não que tenha mudado hoje em dia. Ele sempre fora o garoto mais cobiçado, desde os tempos da escola. Não podiam ver Lucas que o colégio inteiro parecia parar o tempo, somente para admirá-lo, mesmo que ele não passasse apenas de um jovem garoto. E enquanto a mim, talvez eu tenha tido sorte de tê-lo ao meu lado. Não é qualquer um que consegue manter o cara mais desejado próximo de você.

― Que bom que dessa vez você não pretendeu fugir de mim ― Riu e me entregou um copo de cerveja.

― Lucas. Sobre aquela época...

― Não retorne ao passado, Hana ― Me interrompeu ― Não vamos lembrar que você me deu um bolo ― Disse brincalhão.

― É que... Eu não estava preparada para dar o meu primeiro beijo.

― Está tudo bem. A cena de vê-la correndo para longe de mim... Está guardada somente em minha cabeça ― Sorriu calmo ― Não precisa se preocupar com isso. Mas... Imagino que você já tenha dado o seu primeiro beijo, então.

― Já sou um pouco velha, Lucas...

― Oh. Desculpe vovó. Eu não quis ofendê-la.

― O que?! ― Gargalho e acabo dando um tapa de leve em seu ombro ― Eu me sinto velha ― Escoro-me na parede próximo ao banheiro.

― Você está completando só mais um ano de vida hoje, Hana. O que tem de velha nisso?

― Não é nesse sentido ― Tomo um gole da cerveja ― Depois de todo esse tempo me virando praticamente sozinha... Eu acabei esquecendo como é se divertir. Como é sair com os amigos. Como é levar uma vida como de qualquer outro jovem.

― Todo esse tempo na Coreia não foi bom. Não é?

― Meu pai vive para o trabalho dele. Eu não tenho muitos amigos lá. E... Acabei me envolvendo em uns problemas.

― Namorado ciumento?

― Pior ― Ri fraco e suspirei em seguida

― Ei... ― Se aproximou de mim ― Esquece um pouco o passado, ok? ― Põe o seu polegar em minha bochecha, acariciando-a suavemente ― Foca um pouco no agora. No que está acontecendo aqui. Hoje é o seu aniversário. Aproveite um pouco.

Fitei profundamente os seus olhos claros. A cor era deslumbrante, embora eu preferisse garotos de olhos escuros. Percebi a sua face se aproximar da minha lentamente. Os seus lábios vinham em encontro aos meus, até que se encostaram, iniciando um calmo beijo. Mas logo me distanciei dele.

― Desculpa. E-Eu não posso. Não posso fingir que está tudo bem e que... Eu vou tentar esquecer o que aconteceu em Seul e o que eu deixei para trás e... ser uma nova Park Hana ou Hana Park. Seja como for. Eu sinto muito Lucas... o meu lugar não é aqui.

Me afastei de Lucas e segui entre as várias pessoas no salão, deixando para trás a turma de amigos, que só pensava em beber, e prossegui em direção a saída da boate, acabando por me chocar com alguém.

― Desculpe... ― Olhei para o rosto do jovem homem que eu havia esbarrado ― Mark? ― O olhei surpresa ― O que está fazendo aqui?

― O rastreador marcou esse ponto ― Mostra a minha localização no celular.

― Você me rastreou? Por que? O que você está fazendo aqui?

― Eu explico no caminho. Kim Yugyeom está esperando por nós. 

Overcast || Kim YugyeomWhere stories live. Discover now