Vinte e sete.

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Lauren

Ficar sentada de braços cruzados é algo que eu nunca fui capaz de fazer. Enviei flores, telefonei e até escrevi uma carta de próprio punho e enfiei por debaixo da porta quando ela não me atendeu. Comecei a me sentir meio que uma perseguidora. Ando em círculos no meu quarto de hotel e grito novamente com o vice-presidente do City Bank.

— Bobagem. Não vou mais jogar esses jogos. Ou foi você ou foi o Theodore. Comitê porra nenhuma. Um de vocês está por trás disso e eu quero saber quem foi. Theodore joga golfe com meu pai. Você está no painel de despesas da campanha do Senado. Qual de vocês tem algo a ver com o que está acontecendo?

Já liguei três vezes ameaçando Theodore Wells nas últimas quarenta e oito horas. O presidente do banco foi o sortudo de quatro outras ligações. Ambos negam ter qualquer envolvimento com o meu pai, culpando a linha de crédito da Cabello's ter entrado numa rotina de revisão trimestral. Um monte de bobagem, pois não estamos sequer no fim do trimestre.

— Quando eu descobrir qual de vocês dois babacas está por trás disso, vocês vão pagar. E eu vou descobrir. — Bato o telefone do hotel tão bruscamente que ele pula do gancho e cai na mesa. Eu o deixo assim.

Tenho certeza de que meu pai está de alguma forma por trás do corte da linha de crédito da Cabello's. Só não posso provar. Ele provavelmente usou o Connor para conseguir informações sobre como se colocar entre mim e Camila. Mas, como sempre, ele encobriu bem o seu rastro. Eu tentei de tudo, ameaçando retirar meus negócios do banco e chantageá-los com os meus clientes, mas todos negam que meu pai esteja envolvido. Mas consigo sentir seu dedo pobre a quilômetros de distância. Foi um ganho duplo, para o Connor e para o meu pai. Ray Phillips retirou a proposta de venda e a Camila não quer falar comigo. Eu e Ray tivemos uma longa conversa outro dia. De alguma forma, acho que ele até acredita que não tenho nada a ver com o banco, mas não importa. Ele trabalharia até os noventa anos se fosse necessário para conseguir um sócio que deixe a Camila feliz.

Nuvens pesadas pairam no céu enquanto me encaminho para a Camila. Faz quatro dias que não a vejo. Quatro dias desde que o sol cruzou o horizonte, quatro dias sem ver o seu sorriso, quatro dias de escuridão. Hoje acordei e a verdade me atingiu, como se eu tivesse corrido direto em direção a uma parede de concreto. Estou nitidamente e absolutamente apaixonada por essa mulher. E estou totalmente fodida.

Fiquei treinando durante horas na academia, na expectativa de que ela passasse pela porta. Na noite anterior, dormi com os dedos no gelo novamente. Meu corpo está fisicamente exausto, mas continuo voltando por ela. Ao abrir a porta da academia, espero ver Ray na recepção novamente, mas meu coração acelera quando vejo o rosto da Camila.

Ela está ao telefone, olhando para baixo e escrevendo no livro de agendamento quando entro, então, tenho a chance de vê-la antes que ela me veja. Parece que os últimos dias não foram fáceis para ela também. A parte de baixo de seus olhos está escura, e as pálpebras estão inchadas como se ela tivesse chorado recentemente. Eu mereço um gancho de direita enorme por ter qualquer coisa a ver com ela estar se sentindo assim. Mas, de uma maneira egoísta, isso me dá esperanças de que ela obviamente também esteja tendo dificuldades para lidar com tudo isso.

Ao se sentir observada, ela olha para mim. Por um segundo, acho que vejo saudade e possibilidade, mas a leveza das coisas se esvai rapidamente quando ela se força a olhar para baixo novamente. Ela se levanta da cadeira atrás da recepção e sei que vai tentar se afastar de mim. Não há a menor possibilidade de eu não falar com ela agora que está na minha frente. Ando rápido até o balcão.

— Camila. — Ela para, embora não se vire para mim. Vou queimar no inferno se eu não tentar o meu melhor. — Olhe para mim.

Ela olha.

— O que você quer, Lauren? — Sua voz está cheia de tristeza, mas ela tenta disfarçar como aborrecimento.

— Quero falar com você.

— Estou ocupada.

— Então, quando?

— Eu não tenho mais nada para falar.

— Bom, eu tenho. Você pode só ouvir.

— Eu não acho... — Ela é interrompida por uma voz que faz minha pressão subir rapidamente: a porra do Connor.

— Ela não tem nada para falar com você. — Ele cruza os braços na altura do peito.

— Meta-se com a porra da sua vida. — Eu me exalto.

Ele sorri.

— Por que não deixamos a Camila decidir? — Ele olha para ela e depois para mim. A atenção dele está presa em mim, muito embora suas palavras sejam direcionadas a ela. — Você tem alguma coisa a dizer a essa palhaça?

Camila olha para mim com o rosto cheio de tristeza.

— Não — ela diz, a voz cheia de dor.

— Vá embora — Connor rosna. Eu olho para o Connor e depois para Camila.

— É isso que você realmente quer?

Ela não diz nada por um minuto inteiro, depois faz que sim com a cabeça, mas sem olhar para cima. Com um sorrisinho sádico, Connor me dá um tchauzinho antes de eu sair pela porta.

Fighter - IntersexualWhere stories live. Discover now