Dez.

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Lauren

Crescer numa casa cheia de funcionários não me ajudou a aprender a cozinhar muitas coisas, mas sei preparar algumas boas refeições, principalmente porque minha avó me ensinou a fazê-las quando meus pais me largavam em Cape Cod todo verão.

Camila bate na porta pontualmente às sete horas. Ela está linda num jeans velho desbotado, regata branca e chinelos coloridos. Seu cabelo volumoso está preso em uma trança de lado e o rosto está quase sem maquiagem, exceto por um delineador escuro que destaca seu olhar.

Camila é diferente das mulheres com quem costumo sair. Ela não parece do tipo que um estilista escolhe seu vestuário e um maquiador retoca o rosto perfeito. Ela tem uma beleza realmente natural, do tipo que não precisa de mais nada. É sem esforço e simples, e é a coisa mais sexy que já vi.

Tendo crescido cercada por homens e ser a filha do "The Saint", suponho que ela teria sido colocada num pedestal. Mas ela não age como se fosse um troféu. Ao contrário, tem uma confiança tranquila e bem feminina. Nenhuma grande exibição é necessária para que meus pensamentos passem da reverência para a indecência.

— Está tudo bem? — ela pergunta ao inclinar a cabeça, enquanto estou perdida em sua beleza.

— Tudo. — Sorrio, envolvendo sua cintura com uma mão e aproximando-me para beijar sua bochecha. Demoro-me um pouco mais nesta posição ao sentir seu cheiro, mais do que uma amiga faria ao cumprimentar.

— Você está cheirosa — sussurro, minha boca próxima à sua orelha. Um pequeno tremor a percorre, e eu o sinto, mas ela tenta escondê-lo.

— Obrigada — ela responde ofegante, mas demonstra incerteza no rosto. Fico aliviada em saber que não sou a única afetada por estarmos tão próximas.

Concentrando-me em respirar, tento reunir meus pensamentos.

— Fiz alcachofras recheadas e bifes.

— Hum... — Camila fecha os olhos. — Está com um cheiro maravilhoso aqui dentro.

Realmente está, mas não tem nada a ver com a comida no forno.

— Quer uma taça de vinho? Agora eu tenho um saca-rolha. — Camila me segue até a cozinha e abre a porta do forno para espiar.

— Não, obrigada.

— Você não gosta de tinto? Pedi para entregarem um branco também, por via das dúvidas. — Mostro a garrafa na geladeira.

— Não, eu gosto do tinto. Apenas sou meio fraca para essas coisas. Duas taças e estarei dormindo no seu sofá.

— Eu te deixo dormir na cama.

Ela balança a cabeça, divertida.

— Sempre gentil. Você me daria a sua cama e dormiria naquele sofazinho. — Ela aponta para o sofá da sala no qual provavelmente caberia apenas metade do meu corpo.

— Quem disse que eu dormiria no sofá? — Coloco o saca-rolha na garrafa e arqueio uma sobrancelha sugestivamente.

Seu rosto cora um pouco e ela tenta mudar de assunto.

— Então, você sabe cozinhar? — Ela se debruça no balcão enquanto tiro o jantar do forno.

— É um dos meus muitos talentos.

Muitos talentos? — Ela revira os olhos de maneira brincalhona, mas fala, de qualquer forma: — Vou fingir que acredito e, embora algo me diga que vou me arrepender por perguntar, quais são seus outros muitos talentos?

Fighter - IntersexualWhere stories live. Discover now