A proposta.

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Sebastian

Já se passara duas semanas. As aulas haviam voltado e Melly diminuiu suas vindas aqui, mas ela disse que viria hoje. Os dias aqui estão sendo os mesmo. Lili vem sempre depois da aula com o pai, ela pediu ajuda em algumas matérias para mim e eu decidi ajudá-la.
Eu estava sentado na mesa da sala junto à ela. Eu explicava algumas coisas de física pra ela quando vejo Miranda, a moça de pele morena da recepção, atravessar a sala em nossa direção.

- Hastings.- diz chamando minha atenção.- A senhorita Carson está aqui para vê-lo.- ela diz e eu apenas sorri de lado.

- Eu já volto, Lili.- digo a deixando na mesa fazendo alguns exercícios.

Ando em direção a entrada. Essa era a melhor parte do meu dia, estar com ela, eu sentia tanto sua falta. Assim que chego na entrada, minha empolgação se torna uma certa dúvida e pode-se dizer que um pouco de nervosismo me dominou junto. Senhorita Carson não se tratava de Mellory, se tratava da mãe de Mellory. Ela está segurando uma pasta e me olha de uma maneira diferente.

- Olá, Sebastian.- ela sorri se lado.- nós podemos conversar?- ela diz ainda sorrindo.

- Claro, por que não?- digo firme e sorrio pra ela sem mostrar os dentes.

Miranda nos leva até uma sala mais reservada que eu nunca tinha visto, lá tinha uma mesa comprida e janelas que davam para ver toda a paisagem do campo atrás da clínica. Sra Carson se senta à minha frente e abre a pasta.

- Eu vou ser direta e curta.- ela arruma alguns papéis.- Não quero tomar seu tempo.- olha-me fingindo gentileza.

- Está tudo bem. Tenho até agosto do ano que vem para ficar aqui com você.- digo no mesmo tom que ela, fazendo-a me encara séria.

- Estou aqui pra lhe fazer uma proposta.- eu me inclino na mesa para me aproximar.- Quero que pare de encontrar com Mellory...

- Não posso proibi-la de vir me ver.- digo debochado.

- Quero que termine qualquer coisa que tenha com ela.- Senhorita Carson me encara.- Não tem problema se isso magoará seus sentimentos, ela é jovem, supera rápido.

- Você está se ouvindo, Sra Carson?- digo incrédulo.- você está pedindo para que eu magoe a sua filha?

- Não, estou pedindo para que faça ela esquecer de você, a mágoa vem como consequência.

- Não é possível.- dou risada sem acreditar no que acabo de ouvir.- Não, não vou magoar ela. Eu amo a sua filha. Se ela quiser terminar tudo, seguir a vida, está bem, eu a entendo, ela pode ir. Mas magoa-la porque a senhora me pediu... Você vai me desculpar, mas eu não posso fazer isso.- digo me levantando.

- Eu sabia que seria assim.- ela olha pra os papéis.- Não queria usar esse recurso, Hastings. Mas você não me deu escolha.- ela me encara com o mesmo sorriso de quando me cumprimentou na entrada.

- O que quer dizer com isso?- me aproximo.

- Sente-se.- me sento e a encaro. Talvez fosse visível minha cara de assustado, mas eu não me importava com isso agora.- Aqui está a papelada para o início do processo contra você.- ela me entrega o papel.

- Com qual alegação?- dou risada.

- Pedofilia. Aí alega que você tem 18 anos e minha filha 16 anos, menor de idade, além do mais, no terceiro parágrafo deixo bem explícito sobre você ser viciado.- ela diz apontando para o papel.

Eu li tudo aquilo e não entendia nada, além do fato de que se isso caí na mão do juiz, meu mínimo é 5 anos na cadeia. Eu não acredito no que vejo, pra que isso? Por que tudo isso? Sra. Carson sempre pareceu gostar de mim, e agora faz isso?

- Por que isso? O que eu te fiz?- digo calmo.

- Estou fazendo isso por Mellory, estou pensando em seu futuro, e você, não é o futuro certo pra ela.- ela diz firme. Canso da discussão e apenas devolvo os papéis.

- Ela nunca vai te perdoar por isso.- digo me levantando.

- Ela vai me agradecer daqui alguns anos.- ela estende a mão para que eu aperte.- foi bom fazer negócios com você, Hastings.- ela sorri ainda com a mão estendida.

- Se está esperando um aperto de mão, pode abaixar, antes que seu braço caía...- digo e me retiro da sala, deixando-a para trás.

Ando pelos corredores da clínica até chegar perto da escada. Ouço Lili me chamar quando atrevesso a sala, mas a ignoro, ela percebe então e se afasta. Subo para meu quarto e adentro o mesmo.
Então vamos lá, Deus. Meu papo agora é contigo. O que você quer de mim? Você levou a minha mãe a poucos meses, tirou-me de casa, e agora está levando a minha garota? O que eu fiz de tão ruim para destruir a minha vida?. Grito dentro da cabeça. Não adianta querer culpar Deus pelo o que está acontecendo, eu sei que fiz tudo errado, mas ter que acabar com Mellory, nesse momento, desse jeito, era pior que um tiro pra mim. Jogo algumas coisa no chão, e e quebro algumas coisas, eu estava quase que fora de controle, quando percebo um ser loiro parado na porta com os olhos arregalado.

- Eu só queria ver se você estava bem.- Lili diz assustada.- Mas acho melhor eu voltar depois.

- Não.- digo antes que ela se vire.- Eu só...- tento falar, mas estou muito ofegante.- eu só estou um pouco nervoso.- sento-me na cama.

- Mellory terminou com você?- ela diz sentando-se ao meu lado.

- Antes fosse isso...- sorrio.

- Então o que houve?- ela diz curiosa.

- Isso não é assunto pra você.- digo tentando ser o mais gentil possível.

- Daqui seis meses farei 12 anos, sou quase uma adulta igual a você...- prendo os dentes ao ouvir isso.- então, pode me dizer.

- Parabéns, mas 12 anos ainda não é 18.- eu me levanto.- preciso ficar um pouco sozinho agora, tudo bem?- digo indo até a porta.

- Tá.- ela se levanta e vai até a porta.- Tchau, Sebastian.- sai saltitante.

- Tchau, Lili.- digo ao ver ela indo. Essa garota não tem 11 anos, dou risada ao pensar isso.

Não me deixe irWhere stories live. Discover now