Intimidade inesperada.

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Bato na porta dos Hastings, são seis horas da noite, sei que Sebastian jantaria com a gente às oito horas, mas eu queria conversar com ele, sobre eu e Stevie. Sebastian havia ficado mais próximo e claro, se não fosse por ele, talvez nada disso tinha acontecido. Vejo dona Clarissa abrir a porta, ela sorri e digo que preciso falar com Sebastian, ele levanta do sofá e vem até à mim enquanto vestia uma blusa para sair do lado de fora.
Claro que é impossível não reparar no corpo de Sebastian, e quando o vi sem blusa vindo em minha direção, parecia que tudo estava em câmera lenta, e posso até ter expressado algo, mas eu estava totalmente intertida no corpo dele.

- Está tudo bem?- ele diz, tirando-me do meu transe.

- Está.- digo.- eu só queria conversar, quer dizer, é que…

- Você teve aquela conversa com Stevie.- ele disse rindo.

- É!- exclamo.

- Por que não liga para Callie? Ela não é sua melhor amiga? Por que não conta pra ela?- ele diz confuso.

- Ah, é, tá, tudo bem se não quiser falar sobre isso, desculpa eu nem sei porque…- digo me virando pra sair, até que ouço ele me chamar.

- Carson!- ele ri.- pode falar, é só que, é estranho.- ele coça a nuca.

- É, deve ser!- dou risada. Um silêncio predomina nós dois.

- Mas então…- ele quebra o silêncio.- como vocês estão?- ele gagueja um pouco.

- Amigos…

- Tipo, amizade colorida? O filme?- ele pergunta e eu dou risada.

- Não! Só amigos!

- Sem beijos? amassos? sexo?- ele pergunta fazendo careta.

- Nunca fizemos sexo.- o encaro.

- Ok, agora realmente está estranho, acho melhor você ajudar sua mãe a preparar o jantar.- ele diz rápido, fazendo-me rir.- até mais, Mellory!- ele fecha a porta na minha cara.

***

Eu estava terminando de colocar os talheres na mesa, quando ouço a campainha tocar, minha mãe vai até a porta e a abre. Sebastian e bem mais alto que sua mão, seu corpo atrás do dela parecia com um escudo de proteção, ele me olha e da um meio sorriso como um cumprimento. Ele usava uma calça preta, uma blusa também preta e um jaleco, seu cabelo estava mais arrumado do que o normal. Vi meu pai encarando sua tatuagem no pescoço enquanto esboçada uma careta, eu sabia que ele estava o julgando por dentro, mas também sabia que ele daria uma chance para Sebastian, ele sempre dá. Clarissa estava tão radiante, nem parecia a mulher na qual eu segurei enquanto estava quase desmaiada no jardim, sua beleza era tão visível, seus olhos firmes lembravam tanto aos de Sebastian, aquele ar de imponência e autoridade. Eles adentram e cumprimentam minha mãe, Clarissa e ela trocam beijos enquanto Sebastian apenas lhe dar um aperto de mão, o qual se repete ao meu pai, mas quando chega em mim, ele se abaixa para me cumprimentar com um beijo na bochecha, o que fez meu pai o olhar feio.
Todos se acomodaram na mesa, minha mãe e Clarissa conversavam sobre um novela em comum que assistiam, enquanto meu pai conversava sobre basquete com Sebastian, o qual contou que era jogador e ganhou meu pai, eu ria a cada olhada que Sebastian dava à mim como se quisesse dizer "o conquistei". Algum tempo depois, todos sentaram no sofá e agora, meus pais e Clarissa tagarelava, Sebastian que estava na poltrona quase ao meu lado, se inclina para dizer algo.

- Vamos dar o fora daqui?- ele diz quase que em um sussurro.

- Como?- o encaro.

- Licença.- ele diz aos meus pais.- Está tendo uma noite de barracas no parque do centro hoje… Senhor Carson, o senhor se importaria de que eu e Mellory fôssemos?- ele diz mostrando a sua formalidade, a qual nunca vi.

- Hum…- meu pai olha para minha mãe que o também encara e sorri, fazendo meu pai entender que ela confiava em Sebastian.- Está bem.- o olho empolgada.- Mas a traga antes da 00h, se não serei obrigado a usar arma do meu tataravô enferrujada…

- Bob!- minha mãe exclama e todos nós começamos a rir.

- Sem problemas!- Sebastian diz e se levanta.- vamos?- ele estende a mão para mim.

Me levanto e despeço de todos. Quando saímos pela porta e já estávamos em um distância considerável de casa, começamos a rir e eu o xinguei de doido acompanhado de um tapa em seu braço, Sebastian ri e continua andando com as mãos no bolso.

- Não está tendo nada no parque, né?- pergunto quando percebo que não há nada no parque do outro lado da rua.

- Não.- ele ri.- mas em compensação, tem sorvetes logo ali à frente.- ele aponta para a barraca que eu sempre comprava meus milkshakes.

Andamos até lá. Sebastian pediu um sorvete de três bolas de caramelo com chocolate, eu apenas optei por um simples chocolate. Após pagar, começamos a andar sem rumo pela cidade, até entrar em uma das ruas ali perto, pouco iluminada, admito que senti calafrios, mas não me importei quando vi que Sebastian mantinha seu rosto firme. Conversamos sobre várias coisas aleatórias, como, curiosidades bizarras, manias, sobre algumas pessoas ali por perto que eram estranhas ou se vestiam mal, até sermos interrompidos.

- Sebastian? Cara é você?- vejo um cara alto, do tamanho de Sebastian, sair de um beco escuro e vir até nós. O cara o abraçou seguido de um aperto de mão.

- Phill.- Sebastian diz sem um pingo de ânimo.

- Você não vem faz tempo!- ele ri.- enjoo das balinhas?- ele da uma gargalhada. Sebastian apenas o olha e revira os olhos.

- Eu preciso a deixar em casa.- ele diz se referindo à mim. Era visível a vontade dele de vazar daquele lugar, mas não sei por qual motivo, ele se mantinha como uma parede à minha frente.

- Qual foi, meu irmão? Não vai levar nenhuma balinha?- O tal cara entrega uns comprimidos para Sebastian.- essas são por conta da casa.- ele ri. Sebastian mais uma vez revira os olhos.- E você gracinha? Quer algo?- O cara se aproxima de mim. Era totalmente visível seus olhos vermelhos e o hálito ruim.

- Se afaste dela.- Sebastian coloca a mão em seu peito quando ele se aproxima mais.

- Ih, qual foi?- o cara abre os braços.- sempre dividimos as gatinhas, cara!- ele se volta a mim.

- Eu mandei você se afastar dela.- ele diz calmo, mas com a voz firme.

- Não seja egoísta, Hastings!- ele passa a mão em meu rosto.- ela para nós dois fácil!- ele ri.

Eu apenas vejo Sebastian o jogar contra a parede com toda a força, meu coração acelera e minha vontade é de sair correndo para mais longe e em direção ao parque, mas minhas pernas parecem estarem presa com cimento ao chão, olho para Sebastian que prensava o cara na parede.

- Eu mandei, Phill.- ele disse e soltou o cara.- Vai!- ele diz parando à minha frente, impedindo minha visão. Eu me mantenho parada o encarando.- Qual a parte do vai que você não entendeu, inferno?- ele grita, fazendo-me dar um pulo de susto, me viro de costas e saio andando.

Posso sentir a presença de Sebastian bem atrás de mim, como se fosse um escudo, igual era o de Clarissa um pouco mais cedo parado em minha porta. Metade do caminho, nenhum de nós dois falamos nada, até ele parar do meu lado e me virar de frente para ele.

- Ninguém pode saber daquilo, ninguém!- ele altera a voz.- Você me entende?- ele diz firme. Apenas afirmo com a cabeça.

Não me deixe irOù les histoires vivent. Découvrez maintenant